Oeste baiano tem ampliado sua relevância no agronegócio brasileiro e já é a região líder em irrigação no país, segundo dados atualizados da Embrapa. O avanço tecnológico, as condições naturais favoráveis e a migração de produtores de outras regiões impulsionam um crescimento consistente que reposiciona a Bahia no mapa nacional da produção irrigada.
A Bahia ocupa atualmente o segundo lugar no ranking nacional de irrigação por pivôs centrais, com mais de 404 mil hectares irrigados, ficando atrás apenas de Minas Gerais, que possui 637 mil hectares. No entanto, o oeste baiano já se consolidou como o maior polo de irrigação do país, ultrapassando o nordeste mineiro.
Entre 2022 e 2024, a região registrou um crescimento significativo: saltou de 232,8 mil hectares irrigados para 332,5 mil hectares, passando a representar 82% da área irrigada do estado. Além disso, a Bahia também lidera entre os municípios brasileiros.
São Desidério ocupa a primeira posição nacional, com 91,6 mil hectares irrigados, enquanto Barreiras aparece em quinto lugar, com 60,9 mil hectares, atrás de Paracatu e Unaí, em Minas Gerais, e Cristalina, em Goiás.
Infraestrutura natural e migração de produtores para a região
A expansão dos sistemas de irrigação na região está diretamente ligada às características naturais favoráveis, à topografia adequada para mecanização e à abundância hídrica garantida pelo Aquífero Urucuia, um dos maiores do país. Esses fatores têm atraído produtores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o custo das terras se elevou significativamente na última década.
O gerente regional da Pivot Irrigação, João Morais, reforça que o potencial ainda está longe de ser plenamente explorado. “A região não atingiu nem 16% do que pode ser irrigado. É uma fronteira agrícola com enorme capacidade de crescimento”, afirma. Segundo ele, a topografia plana e a disponibilidade constante de água criam condições excepcionais para produção em grande escala.
Adoção de tecnologia e modernização dos sistemas de irrigação
O avanço da irrigação está também relacionado à disseminação de tecnologias avançadas para monitoramento e operação dos pivôs, além de sistemas auxiliares como tanques revestidos com geomembranas para armazenamento hídrico.
Morais explica que a automação vem transformando o cotidiano dos produtores. “Hoje é possível ligar, desligar, monitorar e gerar relatórios completos da irrigação diretamente pelo celular. O produtor acompanha, em tempo real, os dados da lavoura e otimiza o manejo hídrico com precisão”, detalha.
A experiência de produtores que ampliaram produtividade
No município de Barreiras, o produtor rural João Paulo Gelain cultiva milho, soja e sorgo utilizando irrigação e ferramentas de gerenciamento integrado, como o sistema FieldNet, da Lindsay. Segundo ele, a tecnologia oferece estabilidade produtiva e permite um planejamento mais preciso das operações agrícolas.
Ele destaca ainda a possibilidade de antecipar o plantio da soja em até um mês, eliminando a dependência das primeiras chuvas de outubro e novembro. “A irrigação garante umidade ideal, reduz riscos climáticos e aumenta a segurança do cultivo”, afirma.
Gelain ressalta que o sistema permite ganhos financeiros expressivos. “Com duas safras anuais e um incremento de 20 a 30 sacas por hectare, consigo manter o mesmo maquinário e equipe, diluindo custos e garantindo fluxo de caixa mais robusto”, explica.
Produtividade elevada e redução de riscos climáticos
De acordo com o diretor comercial da Lindsay Brasil, Cristiano Trevizam, a irrigação adequada pode aumentar a produtividade das lavouras em cerca de 30%, além de permitir duas a três safras na mesma área. O método reduz a exposição do agricultor às irregularidades do regime de chuvas e minimiza impactos de secas prolongadas.
Trevizam reforça que a irrigação é uma ferramenta estratégica para ampliar qualidade e previsibilidade na produção agrícola, especialmente em um cenário de maior variabilidade climática.
Sustentabilidade e ciclo da água
Além dos ganhos produtivos, a irrigação contribui para práticas mais sustentáveis. João Morais lembra que o ciclo hídrico da irrigação é dinâmico e tende a favorecer a reposição do lençol freático. “A água retorna ao solo e, muitas vezes, ao próprio aquífero. Quando bem manejada, a irrigação fortalece a sustentabilidade da produção”, afirma.
O significado do avanço da irrigação no oeste baiano
O crescimento acelerado da irrigação no oeste baiano revela a consolidação de uma região estratégica para o agronegócio nacional, combinando infraestrutura natural, tecnologia e profissionalização dos produtores. A expansão, entretanto, exige atenção contínua para gestão hídrica, fiscalização ambiental e ordenamento territorial, especialmente diante dos debates sobre uso do Aquífero Urucuia e impactos sobre bacias hidrográficas.
O cenário aponta para uma região cada vez mais integrada às cadeias produtivas nacionais e internacionais, com potencial para ampliar exportações, fortalecer a economia baiana e atrair novos investimentos. Ao mesmo tempo, a necessidade de políticas públicas convergentes em infraestrutura, energia e segurança jurídica se torna fundamental para garantir crescimento sustentável e equilibrado.
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