Oeste baiano consolida liderança nacional em irrigação e amplia protagonismo no agronegócio

O oeste baiano consolidou-se como o maior polo de irrigação do país, acumulando 332,5 mil hectares irrigados e respondendo por 82% da área irrigada da Bahia. Condições naturais favoráveis, avanço tecnológico e atração de produtores de outras regiões impulsionam o crescimento. A irrigação garante estabilidade produtiva, maior número de safras e ganhos financeiros expressivos. O desafio agora é equilibrar expansão, sustentabilidade hídrica e segurança jurídica.
Oeste baiano lidera irrigação no Brasil, amplia produtividade agrícola com tecnologia e atrai produtores em busca de estabilidade, eficiência e crescimento sustentável.

Oeste baiano tem ampliado sua relevância no agronegócio brasileiro e já é a região líder em irrigação no país, segundo dados atualizados da Embrapa. O avanço tecnológico, as condições naturais favoráveis e a migração de produtores de outras regiões impulsionam um crescimento consistente que reposiciona a Bahia no mapa nacional da produção irrigada.

A Bahia ocupa atualmente o segundo lugar no ranking nacional de irrigação por pivôs centrais, com mais de 404 mil hectares irrigados, ficando atrás apenas de Minas Gerais, que possui 637 mil hectares. No entanto, o oeste baiano já se consolidou como o maior polo de irrigação do país, ultrapassando o nordeste mineiro.

Entre 2022 e 2024, a região registrou um crescimento significativo: saltou de 232,8 mil hectares irrigados para 332,5 mil hectares, passando a representar 82% da área irrigada do estado. Além disso, a Bahia também lidera entre os municípios brasileiros.

São Desidério ocupa a primeira posição nacional, com 91,6 mil hectares irrigados, enquanto Barreiras aparece em quinto lugar, com 60,9 mil hectares, atrás de Paracatu e Unaí, em Minas Gerais, e Cristalina, em Goiás.

Infraestrutura natural e migração de produtores para a região

A expansão dos sistemas de irrigação na região está diretamente ligada às características naturais favoráveis, à topografia adequada para mecanização e à abundância hídrica garantida pelo Aquífero Urucuia, um dos maiores do país. Esses fatores têm atraído produtores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o custo das terras se elevou significativamente na última década.

O gerente regional da Pivot Irrigação, João Morais, reforça que o potencial ainda está longe de ser plenamente explorado. “A região não atingiu nem 16% do que pode ser irrigado. É uma fronteira agrícola com enorme capacidade de crescimento”, afirma. Segundo ele, a topografia plana e a disponibilidade constante de água criam condições excepcionais para produção em grande escala.

Adoção de tecnologia e modernização dos sistemas de irrigação

O avanço da irrigação está também relacionado à disseminação de tecnologias avançadas para monitoramento e operação dos pivôs, além de sistemas auxiliares como tanques revestidos com geomembranas para armazenamento hídrico.

Morais explica que a automação vem transformando o cotidiano dos produtores. “Hoje é possível ligar, desligar, monitorar e gerar relatórios completos da irrigação diretamente pelo celular. O produtor acompanha, em tempo real, os dados da lavoura e otimiza o manejo hídrico com precisão”, detalha.

A experiência de produtores que ampliaram produtividade

No município de Barreiras, o produtor rural João Paulo Gelain cultiva milho, soja e sorgo utilizando irrigação e ferramentas de gerenciamento integrado, como o sistema FieldNet, da Lindsay. Segundo ele, a tecnologia oferece estabilidade produtiva e permite um planejamento mais preciso das operações agrícolas.

Ele destaca ainda a possibilidade de antecipar o plantio da soja em até um mês, eliminando a dependência das primeiras chuvas de outubro e novembro. “A irrigação garante umidade ideal, reduz riscos climáticos e aumenta a segurança do cultivo”, afirma.

Gelain ressalta que o sistema permite ganhos financeiros expressivos. “Com duas safras anuais e um incremento de 20 a 30 sacas por hectare, consigo manter o mesmo maquinário e equipe, diluindo custos e garantindo fluxo de caixa mais robusto”, explica.

Produtividade elevada e redução de riscos climáticos

De acordo com o diretor comercial da Lindsay Brasil, Cristiano Trevizam, a irrigação adequada pode aumentar a produtividade das lavouras em cerca de 30%, além de permitir duas a três safras na mesma área. O método reduz a exposição do agricultor às irregularidades do regime de chuvas e minimiza impactos de secas prolongadas.

Trevizam reforça que a irrigação é uma ferramenta estratégica para ampliar qualidade e previsibilidade na produção agrícola, especialmente em um cenário de maior variabilidade climática.

Sustentabilidade e ciclo da água

Além dos ganhos produtivos, a irrigação contribui para práticas mais sustentáveis. João Morais lembra que o ciclo hídrico da irrigação é dinâmico e tende a favorecer a reposição do lençol freático. “A água retorna ao solo e, muitas vezes, ao próprio aquífero. Quando bem manejada, a irrigação fortalece a sustentabilidade da produção”, afirma.

O significado do avanço da irrigação no oeste baiano

O crescimento acelerado da irrigação no oeste baiano revela a consolidação de uma região estratégica para o agronegócio nacional, combinando infraestrutura natural, tecnologia e profissionalização dos produtores. A expansão, entretanto, exige atenção contínua para gestão hídrica, fiscalização ambiental e ordenamento territorial, especialmente diante dos debates sobre uso do Aquífero Urucuia e impactos sobre bacias hidrográficas.

O cenário aponta para uma região cada vez mais integrada às cadeias produtivas nacionais e internacionais, com potencial para ampliar exportações, fortalecer a economia baiana e atrair novos investimentos. Ao mesmo tempo, a necessidade de políticas públicas convergentes em infraestrutura, energia e segurança jurídica se torna fundamental para garantir crescimento sustentável e equilibrado.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.