Operação Freedom: 35 presos e um morto em ofensiva contra o Comando Vermelho na Bahia

A Operação Freedom prendeu 35 suspeitos e resultou em um morto em confronto na Bahia, com atuação conjunta de polícias estaduais e federal. A investigação, iniciada em 2022, mira a estrutura armada e financeira do Comando Vermelho, apontado por ao menos 30 homicídios. O caso expõe os desafios do combate interestadual ao crime organizado e o risco de abusos em operações de alta letalidade.
Agentes da Polícia Civil da Bahia cumprem mandados de prisão e busca durante a Operação Freedom, ação integrada contra o Comando Vermelho.

A Polícia Civil da Bahia prendeu 35 pessoas suspeitas de envolvimento com o Comando Vermelho (CV) durante a Operação Freedom, deflagrada na manhã desta terça-feira (04/11/2025). A ação tem como objetivo desarticular o núcleo armado e financeiro da facção no estado e contou com apoio da Polícia Militar baiana, da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil do Ceará. Um homem foi morto ao reagir à abordagem policial.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), os mandados foram expedidos pela Justiça após uma investigação iniciada em 2022, que identificou o envolvimento dos principais alvos em ao menos 30 homicídios e na expansão territorial da facção em Salvador e outras cidades baianas.

A operação mobilizou equipes em Salvador, Ilhéus e Aratuípe, além da cidade de Eusébio (CE), onde foi preso um casal apontado como líder das operações criminosas. O homem, natural da Bahia, é acusado de organizar o tráfico de drogas e ataques a grupos rivais, enquanto a companheira seria responsável pela administração financeira da organização criminosa.

Morto em confronto e bloqueio de contas

Durante a execução dos mais de 90 mandados judiciais, um suspeito foi morto em confronto no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa de Salvador. Segundo a SSP-BA, o homem não era alvo direto da operação, mas tinha antecedentes criminais e era conhecido por articular ataques a facções rivais.

Como parte das medidas de asfixia financeira, a Justiça determinou o bloqueio de 51 contas bancárias ligadas aos investigados. O objetivo é interromper o fluxo de recursos ilícitos utilizados para financiar armas, drogas e lavagem de dinheiro.

Conexão com operações em outros estados

A Operação Freedom ocorre uma semana após a Operação Contenção, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro contra o mesmo Comando Vermelho. A ofensiva fluminense, que mobilizou 2,5 mil agentes, resultou em 121 mortes — entre elas, quatro policiais — e 113 prisões em flagrante.

Enquanto o governador Cláudio Castro classificou a ação no Rio como um “sucesso”, entidades como a Anistia Internacional a consideraram “desastrosa”, criticando o alto número de mortos e a ausência de protocolos de controle no uso da força. O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, segue foragido.

 Estratégia integrada e repressão ao crime organizado

As ações coordenadas entre estados indicam um avanço na integração das forças policiais na repressão às facções criminosas. A Bahia, segundo fontes da SSP, tem buscado ampliar o uso de inteligência policial, monitoramento eletrônico e cooperação interestadual para enfrentar a presença do Comando Vermelho, que tenta expandir suas operações fora do eixo Rio-São Paulo.

O nome “Freedom” simboliza, segundo a Polícia Civil, o rompimento da influência do CV sobre comunidades baianas, sobretudo na capital e no Recôncavo. A operação marca um dos maiores esforços integrados de segurança pública na Bahia em 2025, com apoio técnico da PF e intercâmbio de informações com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Avanço institucional

A Operação Freedom revela a complexidade da guerra entre facções e o Estado. Embora o êxito policial em número de prisões indique eficiência operacional, o histórico de ações violentas em outros estados — como no Rio de Janeiro — levanta questões sobre o equilíbrio entre repressão e legalidade. A ausência de transparência sobre os protocolos de uso da força e a falta de divulgação de relatórios independentes de apuração podem gerar desconfiança pública e críticas internacionais.

Ao mesmo tempo, a cooperação entre forças estaduais representa um avanço institucional relevante, capaz de fortalecer o combate ao crime organizado sem recorrer a medidas excepcionais. O desafio das autoridades será sustentar resultados duradouros sem repetir excessos que fragilizam a legitimidade da segurança pública.

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