O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a montar neste mês de novembro de 2025 a equipe para a campanha presidencial de 2026, antecipando movimentos políticos e comunicacionais que reforçam seu retorno ao modo eleitoral. A decisão de se lançar pela sétima vez à Presidência da República, confirmada durante viagem à Indonésia, marca uma inflexão no governo, que passa a operar sob lógica de disputa e consolidação de alianças.
Aos 80 anos, Lula busca demonstrar vigor político e físico, em resposta a críticas da oposição sobre sua capacidade de governar por mais quatro anos. Em declarações públicas, o presidente afirmou ter a mesma energia “de quando tinha 30 anos” e prometeu continuar encontrando o eleitorado “muitas vezes” até 2026.
A estratégia inclui uma combinação de retórica populista, exibição de vitalidade e reforço de laços com figuras políticas nacionais e internacionais. A fotografia com Donald Trump, obtida após semanas de tensão diplomática por causa do tarifaço imposto pelos EUA, tornou-se símbolo dessa nova fase.
O encontro entre Lula e Trump, que em outro contexto parecia improvável, gerou 72 milhões de visualizações e 22 milhões de curtidas nas redes do presidente, segundo levantamento da Quaest, superando o recorde anterior de uma imagem com a primeira-dama Janja.
Popularidade em recuperação e retomada de bandeiras sociais
Após meses de desgaste político, agravado pela inflação e disputas internas, o governo começa a se recuperar. A queda nos preços dos alimentos, aliada à defesa da taxação de grandes fortunas e ao fortalecimento de programas sociais, devolveu fôlego à imagem presidencial.
A reação ao tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras, imposto por Trump, impulsionou o discurso de soberania econômica e rendeu dividendos eleitorais. O governo passou a anunciar medidas de alto impacto social, como isenção na conta de luz para famílias carentes, subsídio ao gás de cozinha e estudos sobre tarifa zero no transporte público.
Essas ações, embora populares, desafiam o equilíbrio fiscal e podem tensionar o cenário econômico a partir de 2027, segundo analistas.
Alckmin, Boulos e Haddad: o novo eixo estratégico
Na frente política, Geraldo Alckmin ganhou protagonismo ao liderar negociações internacionais e aproximar o governo do setor industrial, em contraponto ao governador Tarcísio de Freitas, potencial adversário na disputa presidencial.
Ao mesmo tempo, Lula consolidou a presença de Guilherme Boulos na Secretaria-Geral da Presidência, encarregando-o de estreitar vínculos com movimentos sociais e reforçar o discurso de enfrentamento às elites. Essa escolha reflete a guinada do governo rumo a um tom mais ideológico e polarizado, afastando-se da estratégia de “frente ampla” adotada em 2022.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tornou-se o principal defensor do novo lema de campanha: “colocar o povo no Orçamento e os ricos no imposto”. Ele tenta equilibrar a agenda de redistribuição de renda com a necessidade de conter o déficit público, um desafio crescente diante das pressões políticas e orçamentárias.
Gleisi e Sidônio comandam engrenagem partidária e marketing
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, assumiu a responsabilidade pela montagem dos palanques regionais, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais — estados decisivos para a eleição. Paralelamente, o marqueteiro Sidônio Palmeira intensifica a comunicação digital e aposta em mensagens diretas e populistas para ampliar o alcance junto ao eleitorado de baixa renda.
Essas frentes combinam discurso de mobilização social com apelos simbólicos e emocionais, buscando manter o engajamento em meio à concorrência das redes bolsonaristas e da desinformação política.
Pesquisas indicam empate técnico com oposição
Levantamentos recentes mostram que o cenário eleitoral permanece competitivo. A pesquisa Genial/Quaest revelou empate entre aprovação e desaprovação do governo (49% x 48%), revertendo a diferença negativa registrada em maio. Já o Paraná Pesquisas apontou Lula tecnicamente à frente de Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro em eventuais segundos turnos.
A oposição, entretanto, mantém expectativa de que um novo nome possa surgir. O senador Ciro Nogueira (PP) ironizou o momento, afirmando que “Lula voa, mas é um bimotor; basta surgir um jato da oposição para olhá-lo de cima”.
Riscos e contradições da antecipação eleitoral
Ao adotar o modo campanha antes da hora, Lula assume riscos institucionais e políticos. O uso da máquina pública para consolidar alianças e ampliar programas sociais em pleno exercício do mandato tende a pressionar a fronteira entre governo e campanha, tema sensível à Justiça Eleitoral.
A aposta em uma narrativa de confronto entre ricos e pobres reforça a identidade petista, mas reduz o espaço para diálogo com o centro político — segmento decisivo em 2026. Além disso, a fragilidade fiscal e a crise de segurança no Rio de Janeiro expõem vulnerabilidades que podem comprometer a imagem de estabilidade buscada pelo Planalto.
Se o “modo campanha” mantém o presidente em evidência, também antecipa o desgaste natural de uma disputa prolongada.
*Com informações da Revista Veja.
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