Projeto de construção de barcaças impulsiona retomada da indústria naval na Bahia e consolida o Estaleiro Enseada como polo estratégico do setor

A Bahia vive um novo ciclo da construção naval com dois megaprojetos no Estaleiro Enseada (Maragogipe): 80 barcaças da LHG Mining, em parceria com a Tenenge, e seis navios de apoio híbridos da Petrobras. Com investimentos bilionários, empregos diretos e indiretos, inovação tecnológica e integração com energia renovável, o Enseada se consolida como símbolo da reindustrialização brasileira.
O Estaleiro Enseada, no Recôncavo Baiano, retoma o protagonismo industrial com dois grandes programas de construção naval: 80 barcaças mineraleiras para a LHG Mining e seis navios de apoio híbridos (OSRVs/PSV-OSRVs) para a Petrobras, recolocando a Bahia no mapa da engenharia naval brasileira.

A construção de até 80 barcaças mineraleiras para a LHG Mining, em parceria com a Tenenge, marcará uma nova fase de reindustrialização naval na Bahia. O projeto, que se somará à fabricação dos seis navios de apoio híbridos da Petrobras, confirma o renascimento do Estaleiro Enseada, em Maragogipe, como um dos maiores polos navais do país, com impacto direto sobre emprego, infraestrutura e inovação tecnológica.

O projeto das barcaças e o impacto socioeconômico

Escala e abrangência nacional

A LHG Mining encomendou 80 barcaças com capacidade de transporte de 2.900 toneladas cada, distribuídas entre quatro estaleiros brasileiros nas regiões Norte e Nordeste, incluindo o Enseada. O projeto, que conta com coordenação técnica da Tenenge, gerará 300 empregos diretos e até 900 indiretos, fortalecendo a economia regional e diversificando o portfólio industrial do estaleiro baiano.

Efeito multiplicador no Recôncavo

A demanda por soldadores, caldeireiros, engenheiros e técnicos especializados deverá movimentar o mercado de trabalho no Recôncavo Baiano, especialmente em Maragogipe, São Félix e Cachoeira. O projeto também amplia a demanda por fornecedores locais, de aço naval a serviços logísticos, reforçando a cadeia produtiva do aço e da mineração no país.

A LHG Mining e a verticalização da mineração

Origem e estratégia

Fundada em 2022, a LHG Mining nasceu da aquisição de minas de ferro e manganês em Corumbá (MS) pelo Grupo J&F, conglomerado com mais de 290 mil colaboradores e presença em 40 países. A empresa atua em uma estratégia de verticalização da cadeia do aço, integrando extração mineral, transporte fluvial e logística portuária.

Sustentabilidade e transporte hidroviário

As barcaças fazem parte de um plano de redução de emissões e eficiência logística, substituindo transporte rodoviário por hidrovia Paraguai–Paraná, menos poluente e mais competitivo. Com as 80 unidades, a LHG Mining projeta movimentar milhões de toneladas de minério por via fluvial, contribuindo para o esforço nacional de descarbonização.

O Estaleiro Enseada e a retomada da construção naval

Um legado de 80 anos

O Grupo Novonor, que completa 80 anos, reafirma com o projeto seu papel histórico na infraestrutura brasileira, contribuindo para o reerguimento da indústria naval, setor que simboliza autonomia tecnológica, soberania industrial e geração de empregos qualificados.

Infraestrutura e capacidade instalada

Com 1,6 milhão de m² de área total, o Estaleiro Enseada é o único de 5ª geração no Brasil, projetado com tecnologia da Kawasaki Heavy Industries. Possui capacidade de processar mais de 100 mil toneladas de aço/ano, cais de 1.000 metros e área alfandegada de 750 mil m². É considerado o maior investimento privado da indústria naval brasileira, com US$ 1 bilhão já aplicados.

Terminal portuário e diversificação

Além da construção naval, o Terminal de Uso Privado (TUP) opera exportações e importações de granéis sólidos (mineral e vegetal), cargas gerais e componentes de energia renovável, incluindo pás e torres eólicas. O Enseada também participa de projetos de hidrogênio verde, integrando-se à nova economia de baixo carbono e consolidando o pólo naval-energético da Bahia.

A oficina de estrutura mais moderna do Brasil

Com 68 mil m² de área coberta, o Enseada dispõe de linha de panelização automatizada, mesa elevada, gruas de alta capacidade e processamento digital de aço, permitindo precisão milimétrica em cortes e soldagens.
A integração modular utilizada nas plataformas offshore e nos OSRVs da Petrobras será aplicada também às barcaças da LHG Mining, garantindo padronização, velocidade de montagem e menor desperdício de material.

O estaleiro reúne ainda acessos rodoviários de alta qualidade, grande área de armazenagem e vantagem logística por estar fora da área urbana de Salvador, próximo a rotas estratégicas de transporte e energia.

Parceria com a Tenenge e sinergia com o Grupo Novonor

A força da engenharia nacional

A Tenenge, também integrante do Grupo Novonor, soma décadas de experiência em engenharia industrial e offshore, com histórico em 73 plataformas, 16 plantas petroquímicas, 18 termelétricas e refinarias internacionais em Cabinda, Lobito e Barra do Dande (Angola). A empresa será responsável pela execução técnica e integração das barcaças no projeto da LHG Mining.

O novo ciclo de prosperidade industrial da Bahia

A conjugação de duas frentes produtivas — Petrobras e LHG Mining — marca o renascimento da construção naval baiana, com impacto que ultrapassa o setor industrial.

No campo social, gera-se emprego e renda em municípios historicamente afetados pela desindustrialização.
No campo econômico, consolida-se uma cadeia integrada entre mineração, siderurgia, construção naval e energia renovável.

E, no plano institucional, a Bahia se reafirma como território estratégico do Novo PAC e do Fundo da Marinha Mercante, atraindo novos contratos e investimentos.

Reindustrialização brasileira

A reativação do Estaleiro Enseada simboliza mais do que a retomada de um canteiro industrial — é o teste de maturidade da política de reindustrialização brasileira.

O sucesso dependerá da gestão contratual, do cumprimento das metas de conteúdo local, da fiscalização de recursos públicos e da coordenação entre Petrobras, LHG Mining e Grupo Novonor.

Se bem-sucedida, a Bahia consolidará um hub industrial de engenharia naval e energética, referência para o Nordeste e para o Atlântico Sul.


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