O democrata Zohran Mamdani, de 34 anos, foi eleito prefeito de Nova York nesta terça-feira (04/11/2025), em uma vitória histórica que consolida o avanço da ala progressista do Partido Democrata. O deputado estadual, de origem ugandense e indiana, será o primeiro muçulmano e o primeiro sul-asiático a governar a cidade e o prefeito mais jovem em mais de um século.
Com cerca de 90% das urnas apuradas, Mamdani manteve vantagem de nove pontos percentuais sobre seus principais adversários, o ex-governador Andrew Cuomo e o republicano Curtis Sliwa. O comparecimento de mais de dois milhões de eleitores representou a maior participação em uma eleição municipal em mais de 50 anos.
Discurso e posicionamento político
Em seu discurso de vitória, Mamdani destacou o simbolismo de sua eleição.
“Dizem que sou jovem demais, muçulmano, socialista democrático — e que não peço desculpas por isso. Eles estão certos”, afirmou o novo prefeito, sob aplausos de apoiadores reunidos no Brooklyn.
O político reforçou o compromisso de “devolver o poder à classe trabalhadora” e de enfrentar políticas do governo federal liderado por Donald Trump, com quem trava embates públicos desde seu mandato como deputado estadual. “Nova York será a luz nas trevas políticas”, declarou, prometendo que a cidade mostrará “como derrotar a divisão nacional”.
Reações e impacto nacional
A vitória de Mamdani foi celebrada por líderes democratas. O ex-presidente Bill Clinton elogiou o resultado e disse esperar que o prefeito eleito “transforme o impulso da campanha em um projeto sólido para a cidade”. Barack Obama destacou que as vitórias democratas “indicam um novo fôlego para o futuro político americano”.
A eleição também representa um fortalecimento da ala progressista dentro do Partido Democrata, que obteve resultados expressivos em outros estados. Em Virgínia, Abigail Spanberger foi eleita governadora, e em Nova Jersey, Mikie Sherrill venceu o pleito estadual, ambas primeiras mulheres a ocupar os cargos em seus respectivos estados.
Expansão democrata e contexto político
Na Califórnia, um referendo popular aprovou a ampliação do número de cadeiras legislativas estaduais, proposta pelo governador Gavin Newsom, fortalecendo a representação democrata local. Analistas interpretam o conjunto dessas vitórias como indicativo de recuperação política do partido, após um período de desgaste e divisões internas entre moderados e progressistas.
A eleição nova-iorquina também é vista como termômetro para as eleições de meio mandato do próximo ano. Pesquisas indicam que o desempenho positivo do partido pode reverter perdas recentes no Congresso e influenciar a disputa presidencial de 2028.
Reação republicana e cenário de Donald Trump
Os resultados eleitorais ocorrem em meio a queda na popularidade do presidente Donald Trump, cuja aprovação caiu para 37%, segundo pesquisa da CNN divulgada nesta semana. O republicano reagiu às derrotas de seu partido, afirmando que foram causadas por “falhas estratégicas e pela paralisação orçamentária” do governo.
Trump também direcionou críticas diretas a Mamdani, referindo-se ao prefeito eleito como “comunista” e pedindo que “eleitores judeus o rejeitassem”. Em resposta, Mamdani reafirmou o compromisso com a luta contra o antissemitismo e com a inclusão social.
Origem e trajetória
Nascido em Uganda, em uma família de origem indiana, Zohran Mamdani imigrou para os Estados Unidos aos sete anos e foi naturalizado em 2018. Sua campanha teve como eixos principais o controle de aluguéis, transporte público gratuito e creches acessíveis.
Mesmo com o apoio do atual prefeito Eric Adams a Andrew Cuomo, Mamdani liderou as pesquisas desde as primárias democratas de junho. O alto comparecimento às urnas, impulsionado por jovens e eleitores independentes, reforçou o caráter simbólico e participativo de sua vitória.
Participação recorde
Mais de dois milhões de eleitores participaram da votação, número que representa o maior comparecimento em quase 60 anos. O engajamento foi atribuído à mobilização digital e comunitária promovida pela campanha de Mamdani, que conseguiu reconectar grupos afastados da política tradicional.
Com a posse marcada para 1º de janeiro, o novo prefeito enfrentará desafios como crise habitacional, desigualdade social e políticas de imigração. A expectativa é de que adote um modelo de gestão voltado à transparência e redistribuição de recursos públicos.
*Com informações da RFI.
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