Bahia cresce acima da média nacional em 2025, impulsionada pela indústria e agropecuária, mas enfrenta desaceleração em 2026

A economia da Bahia deve crescer 2,6% em 2025, superando a média nacional e consolidando sua liderança no Nordeste, impulsionada pela agropecuária, indústria e mercado de trabalho aquecido. Para 2026, a projeção é de desaceleração, com crescimento de 1,4%, refletindo juros elevados, restrições fiscais e cenário internacional adverso. Apesar dos desafios, a diversidade produtiva e os investimentos em curso mantêm o estado em posição estratégica para uma retomada futura.
Bahia cresce 2,6% em 2025, acima da média nacional, liderada por indústria e agropecuária, mas enfrenta desaceleração em 2026 diante de cenário econômico restritivo.

A economia da Bahia mantém desempenho superior ao da média nacional em 2025, com crescimento estimado de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). O resultado consolida o quinto ano consecutivo de expansão econômica do estado e supera a projeção de crescimento do PIB brasileiro, estimada em 2,25%. Apesar do cenário positivo, as projeções para 2026 indicam desaceleração, em razão de restrições macroeconômicas internas e externas.

A Bahia permanece como a sétima maior economia do Brasil, respondendo por 29% do PIB do Nordeste e liderando o setor industrial da região, com 33,4% do Valor da Transformação Industrial (VTI) nordestino. No comércio exterior, o estado reforçou sua posição estratégica ao concentrar 45,2% das exportações do Nordeste no primeiro semestre de 2025, consolidando-se como o principal polo exportador regional.

De acordo com o superintendente da FIEB, Vladson Menezes, o desempenho da economia baiana se destaca por manter ritmo superior ao nacional, inclusive no setor industrial. A projeção indica crescimento de 1,5% do PIB industrial, acompanhado de avanço expressivo do emprego industrial, que alcançou 1,1%, o maior patamar da série histórica, impulsionado principalmente pela construção civil.

Mercado de trabalho atinge melhor resultado histórico

O mercado de trabalho acompanha a trajetória de crescimento. No terceiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego na Bahia caiu para 8,5%, o menor nível desde o início da série histórica em 2012. O resultado reflete a geração líquida de empregos formais, o aumento da massa salarial e a sustentação da demanda interna.

Apesar do desempenho positivo, a FIEB alerta para desafios estruturais persistentes, que limitam ganhos mais robustos de competitividade. Entre os principais entraves estão custos elevados de produção, gargalos logísticos e de infraestrutura e a crescente concorrência de produtos importados, especialmente da China, que exerce pressão direta sobre a indústria nacional.

Agropecuária lidera crescimento setorial em 2025

A análise setorial aponta a agropecuária como o principal motor do crescimento em 2025, com expansão estimada de 8,1%, impulsionada por um recorde na produção de grãos, projetada para crescer 12,3% no ano. O resultado reforça o peso estratégico do agronegócio na economia baiana.

A indústria deve crescer 1,5%, com destaque para a construção civil, que tende a avançar 3,9%, refletindo tanto a expansão da habitação de interesse social quanto investimentos públicos e privados em infraestrutura. A indústria de transformação deve registrar crescimento de 1,1%, enquanto os Serviços Industriais de Utilidade Pública avançam 2,6%. Em sentido oposto, a indústria extrativa enfrenta retração, influenciada pela queda na produção de magnesita, cobre e brita.

Serviços crescem de forma moderada sob restrições monetárias

O setor de serviços segue em recuperação gradual, com crescimento estimado de 2,0% em 2025. O comércio apresenta desempenho mais contido, com alta de 0,8%, enquanto segmentos como transportes, comunicações e serviços às famílias mostram resultados mais favoráveis.

Esse avanço ocorre em um ambiente ainda marcado por política monetária restritiva, com juros elevados, fator que limita a expansão do consumo e dos investimentos produtivos. Para a FIEB, esse contexto exige atenção especial às empresas com menor capacidade de absorver custos financeiros elevados.

FIEB alerta para dificuldades de competitividade industrial

O presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, destaca que o principal foco da entidade está no apoio às empresas que enfrentam dificuldades para competir. Segundo ele, a indústria continua sendo o setor com maior capacidade de induzir desenvolvimento econômico regional, especialmente quando novos empreendimentos se instalam no estado.

Projeções para 2026 indicam desaceleração do crescimento

Para 2026, a expectativa é de crescimento mais moderado da economia baiana, com avanço estimado de 1,4% do PIB estadual. A desaceleração reflete um ambiente macroeconômico mais restritivo no Brasil e no cenário internacional.

Ainda assim, alguns segmentos devem apresentar desempenho relativamente melhor. O refino de petróleo e biocombustíveis tende a se beneficiar do aumento da demanda regional, enquanto a construção civil deve ser impulsionada pelo programa Minha Casa Minha Vida e por grandes obras de infraestrutura na Região Metropolitana de Salvador. Também há perspectivas positivas para minerais não metálicos, máquinas e materiais elétricos e para o setor automotivo, que começa a sentir os efeitos do início das operações da BYD em Camaçari, com impacto positivo sobre o emprego.

Por outro lado, setores ligados a bens de consumo, como alimentos, bebidas e calçados, devem enfrentar maior pressão em razão da desaceleração da demanda interna. As energias renováveis continuam limitadas por gargalos de transmissão e pelo curtailment, enquanto a extração mineral sofre com o declínio natural da produção de petróleo e gás.

Cenário nacional e internacional impõe riscos adicionais

No plano nacional, o mercado de trabalho segue aquecido, com taxa de desemprego de 5,6% em outubro de 2025, a menor desde 2012. Ainda assim, a economia brasileira apresenta sinais de perda de fôlego, com crescimento projetado de 1,8% em 2026, segundo o Relatório Focus do Banco Central. Entre os principais riscos estão juros reais elevados, dificuldade de geração de superávits primários, aumento da dívida pública e redução dos saldos comerciais.

No cenário internacional, persistem tensões geopolíticas, disputas comerciais e políticas protecionistas. Apesar disso, o Fundo Monetário Internacional projeta crescimento de 3,1% da economia global em 2026, com desaceleração nas economias avançadas e desempenho ainda relevante dos emergentes, mesmo com perda de fôlego da China.

Crescimento resiliente, mas abaixo do potencial

O desempenho da economia baiana em 2025 confirma a resiliência do estado diante de um ambiente econômico adverso, sustentado pela força da agropecuária, pela liderança industrial regional e pela recuperação do mercado de trabalho. O crescimento acima da média nacional reforça a relevância da Bahia no contexto econômico brasileiro.

Entretanto, as projeções para 2026 evidenciam limitações estruturais não resolvidas, como infraestrutura deficiente, elevada dependência de condições macroeconômicas nacionais e dificuldades de competitividade industrial. A desaceleração prevista indica que o crescimento atual ocorre abaixo do potencial histórico do estado, exigindo políticas públicas mais consistentes de longo prazo.

Nesse contexto, a manutenção e a ampliação de investimentos em infraestrutura, logística, energia e inovação industrial surgem como fatores decisivos para que a Bahia retome um ciclo de crescimento mais robusto quando o ambiente macroeconômico se tornar mais favorável.

Principais dados

Crescimento Econômico (PIB)

  • PIB da Bahia em 2025: crescimento estimado de 2,6%
  • PIB do Brasil em 2025: crescimento projetado de 2,25%
  • PIB da Bahia em 2026 (projeção): crescimento de 1,4%
  • PIB do Brasil em 2026 (projeção): crescimento de 1,8%
  • Anos consecutivos de crescimento da Bahia: 5 anos

Estrutura Econômica e Relevância Regional

  • Posição no ranking nacional: 7ª maior economia do Brasil
  • Participação no PIB do Nordeste: 29%
  • Participação no Valor da Transformação Industrial (VTI) do Nordeste: 33,4%
  • Liderança industrial regional: 1º lugar no Nordeste

Comércio Exterior

  • Participação da Bahia nas exportações do Nordeste (1º semestre de 2025): 45,2%
  • Status regional: principal polo exportador do Nordeste

Mercado de Trabalho

  • Taxa de desemprego na Bahia (3º trimestre de 2025): 8,5%
  • Menor nível desde: 2012
  • Crescimento do emprego industrial: 1,1% (recorde histórico)
  • Taxa de desemprego no Brasil (outubro de 2025): 5,6%

Indústria

  • Crescimento do PIB industrial da Bahia (2025): 1,5%
  • Construção civil: crescimento de 3,9%
  • Indústria de transformação: crescimento de 1,1%
  • Serviços Industriais de Utilidade Pública: crescimento de 2,6%
  • Indústria extrativa: retração, com queda em magnesita, cobre e brita

Agropecuária

  • Crescimento do setor em 2025: 8,1%
  • Crescimento da produção de grãos: 12,3%
  • Destaque: recorde histórico na safra

Serviços e Comércio

  • Crescimento do setor de serviços (2025): 2,0%
  • Crescimento do comércio: 0,8%
  • Segmentos com melhor desempenho: transportes, comunicações e serviços às famílias

 Fatores de Risco e Restrições

  • Juros elevados e política monetária restritiva
  • Altos custos de produção
  • Gargalos de infraestrutura e logística
  • Concorrência de produtos importados, especialmente da China
  • Curtailment e limitações na transmissão de energia
  • Queda natural da produção de petróleo e gás

Perspectivas para 2026 – Setores com Destaque

  • Construção civil: Minha Casa Minha Vida e obras de infraestrutura
  • Refino de petróleo e biocombustíveis
  • Minerais não metálicos
  • Máquinas e materiais elétricos
  • Setor automotivo: início das operações da BYD em Camaçari, com impacto no emprego

Cenário Internacional

  • Crescimento da economia global em 2026 (FMI): 3,1%
  • Principais riscos: tensões geopolíticas, disputas comerciais e políticas protecionistas
  • Economias avançadas: desaceleração
  • Economias emergentes: crescimento ainda relevante, apesar da perda de fôlego da China
A economia da Bahia deve crescer 2,6% em 2025, superando a média nacional e consolidando sua liderança no Nordeste, impulsionada pela agropecuária, indústria e mercado de trabalho aquecido. Para 2026, a projeção é de desaceleração, com crescimento de 1,4%, refletindo juros elevados, restrições fiscais e cenário internacional adverso. Apesar dos desafios, a diversidade produtiva e os investimentos em curso mantêm o estado em posição estratégica para uma retomada futura.
O superintendente da FIEB, Vladson Menezes, apresenta dados econômicos e projeções para a economia baiana em 2025 e 2026.

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