As Câmaras Setoriais do Sisal e do Cacau discutiram nesta segunda-feira (01/12/2025), durante encontros realizados no Auditório 2 do Pavilhão do Governo na Fenagro 2025, as prioridades e desafios para o ano de 2026, com foco em modernização produtiva, enfrentamento de pragas, implantação de uma usina central de desfibramento do sisal e criação de um fundo de apoio à cacauicultura, especialmente para pesquisas relacionadas à sanidade vegetal.
As reuniões foram coordenadas pela Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri) e reuniram produtores, representantes de entidades setoriais, órgãos públicos e técnicos das cadeias do sisal e do cacau. O secretário Pablo Barrozo reforçou que as Câmaras Setoriais funcionam como espaços de articulação institucional, permitindo que governo, setor produtivo e sociedade civil definam prioridades e ampliem a eficiência das políticas públicas.
O titular da Seagri destacou que o funcionamento contínuo das câmaras depende de participação ativa dos membros e que o Estado tem atuado para impulsionar a agropecuária baiana. Segundo ele, o envolvimento direto do setor é essencial para transformar diagnósticos em resultados concretos.
Avanços e desafios para o sisal em 2026
A reunião dedicada ao setor sisaleiro apresentou como principal novidade a previsão de implantação da primeira usina central de desfibramento do sisal na região de Conceição do Coité. O objetivo é ampliar a organização da cadeia, melhorar o armazenamento e promover o reaproveitamento de resíduos, aspecto considerado estratégico para elevar o padrão de qualidade e gerar novos subprodutos.
Também foram discutidas ações como:
- Visitas técnicas e articulação com órgãos públicos e o Legislativo;
- Construção de projeto para aproveitamento integral da planta, já que apenas 4% é utilizado pela indústria atualmente;
- Enfrentamento de pragas que afetam a produção, como a “podridão vermelha”.
O presidente da Câmara Setorial do Sisal, Rafael Mota, descreveu o momento como decisivo para reorganizar um setor que envolve mais de 800 mil empregos diretos e indiretos em cerca de 35 municípios do semiárido baiano. Ele lembrou que o sisal é majoritariamente voltado para exportação, exigindo qualidade de fibra com características específicas, como maciez, comprimento e clareza.
A reativação da Câmara, segundo Mota, permitiu reunir especialistas capazes de contribuir para soluções estruturais, incluindo logística, transporte e política de preços.
Desafios estruturais da cacauicultura
Na reunião da Câmara Setorial do Cacau, que contou com a participação do presidente da Bahiater, Lanns Almeida, o foco recaiu sobre o enfrentamento às doenças fúngicas que atingem lavouras em ambientes úmidos, afetando diretamente a produtividade. A ameaça de pragas como a monilíase — que já provoca impactos severos em outras regiões do país — foi tratada como prioridade absoluta.
Entre as propostas apresentadas, a de maior consenso foi a criação de um fundo estadual de apoio à produção de cacau, com recursos direcionados sobretudo para pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias de manejo e estratégias de proteção fitossanitária.
O presidente da Câmara do Cacau, Fausto Pinheiro, ressaltou a relevância histórica da atividade, que possui cerca de 250 anos de presença no estado e responde por 65% de toda a produção nacional. Para Pinheiro, o fortalecimento da cadeia passa pela agregação de valor, pela ampliação da política do chocolate, pela organização de armazéns e pela melhora contínua da qualidade dos grãos. A Câmara, afirmou, permite alinhar demandas dos produtores e construir soluções viáveis para ampliar a competitividade da Bahia.
Próximos encontros e continuidade dos debates
As Câmaras Setoriais da Agricultura, coordenadas pela Seagri, mantêm reuniões híbridas, garantindo participação de representantes dos setores público, privado e da sociedade civil. A programação da semana prevê novos encontros no Auditório 2 do Pavilhão do Governo:
- Câmara do Dendê — terça-feira (03/12), das 9h às 12h;
- Câmara da Citricultura — terça-feira (03/12), das 14h às 17h.
A expectativa é que os debates ampliem a integração das cadeias e consolidem um plano de ação integrado para 2026.
Reuniões reafirmam potencial, mas revelam fragilidades estruturais
As discussões evidenciam que Bahia possui posição estratégica nas duas cadeias analisadas, mas ainda enfrenta gargalos que se repetem há décadas. A dependência de condições climáticas, a vulnerabilidade a pragas e a necessidade de maior industrialização colocam o estado diante de desafios que exigem políticas permanentes, e não apenas planos anuais.
A implantação da usina de desfibramento do sisal representa um avanço simbólico e técnico, mas só se tornará um marco se vier acompanhada de investimentos logísticos, capacitação e organização produtiva. No cacau, o fundo proposto aparece como ferramenta central para enfrentamento da monilíase e para expansão de pesquisas, porém sua efetividade dependerá de governança robusta.
A continuidade dessas câmaras, quando acompanhada de capacidade de execução e metas claras, pode determinar o ritmo de desenvolvimento agroindustrial da Bahia nos próximos anos.
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