Brasil encerra 2025 com gastos públicos próximos a R$ 5 trilhões e especialistas alertam para risco fiscal a partir de 2027

O Brasil encerra 2025 com quase R$ 5 trilhões em gastos públicos, segundo a plataforma Gasto Brasil. A Previdência consumiu R$ 1,3 trilhão no ano e especialistas alertam para risco de esgotamento das despesas discricionárias em 2027, reduzindo investimentos e pressionando o setor produtivo. A CACB defende reforma administrativa para reduzir custos do Estado e ampliar eficiência. A ferramenta Gasto Brasil fortalece transparência e acompanhamento social do uso de recursos.
Economistas alertam para ritmo acelerado de gastos e redução de margem para investimentos no Brasil, em 2025.

O Brasil terminará 2025 com quase R$ 5 trilhões em despesas públicas, segundo dados da plataforma Gasto Brasil, desenvolvida pela CACB em parceria com a ACSP. Os números revelam crescimento acelerado dos desembolsos federais, estaduais e municipais, indicando tendência de aumento de gastos também para 2026, conforme avaliação do economista André Galhardo. Especialistas apontam que, mantida a atual trajetória, o país poderá perder espaço para despesas discricionárias já em 2027, o que reduziria a capacidade de investimento do Estado.

“Não existe, nesse momento, nada que mude a trajetória das despesas que a gente tem visto ao longo dos últimos anos”, afirma Galhardo, destacando que os riscos fiscais aumentam a partir de 2027, quando o orçamento pode ficar quase integralmente comprometido por gastos obrigatórios.

Escalada de despesas e impacto sobre investimentos

O relatório aponta que a Previdência Social consumiu R$ 1,3 trilhão apenas em 2025, tornando-se o principal motor de expansão do gasto público. Para Galhardo, o avanço contínuo das despesas obrigatórias reduz espaço para investimentos, especialmente em infraestrutura, inovação e políticas de desenvolvimento nacional.

“Algumas despesas seguem ritmo superior ao permitido pelo arcabouço fiscal. O gasto previdenciário avança muito acima do limite, ocupando espaço antes destinado às despesas discricionárias. Isso compromete a capacidade de investimento e aprofunda o cenário de ineficiência e burocracia”, analisa o economista.

O especialista observa ainda que o crescimento contínuo da dívida pública e a pressão fiscal podem elevar juros, reduzir confiança, afetar o câmbio e enfraquecer a competitividade brasileira.

Pressão sobre o setor produtivo

O vice-presidente Jurídico da CACB, Anderson Trautman, alerta para os efeitos diretos sobre empresas e geração de empregos. Segundo ele, a carga tributária combinada ao gasto crescente cria ambiente hostil ao empreendedorismo.

“Isso traz para o setor produtivo um ônus que, em algum momento, se torna excessivo para a manutenção dos negócios no Brasil. Vários setores já sinalizam dificuldades”, afirma Trautman.

Para a CACB, a saída passa por uma reforma administrativa que reduza custos estruturais, aumente eficiência e alivie a tributação sobre empresas. “É urgente uma reforma que reduza o gasto ou torne o gasto eficiente, possibilitando alívio tributário e resultados positivos em 2026”, defende Trautman.

Galhardo complementa que a revisão de despesas constitucionais, embora politicamente complexa, será inevitável no médio prazo para evitar estrangulamento fiscal.

Ferramenta amplia transparência das contas públicas

Com atualização em tempo real, o Gasto Brasil fortalece o monitoramento social sobre uso de recursos. A plataforma mostra despesas primárias da União, estados, municípios e DF, incluindo gastos por poder: Executivo, Legislativo, Judiciário, MP e Defensoria.

O presidente da CACB, Alfredo Cotait, explica que a iniciativa segue a lógica do histórico Impostômetro: tornar visível ao cidadão o destino dos tributos arrecadados. “Criamos o Gasto Brasil para que a população conheça como e onde o dinheiro público é aplicado”, afirma.

Para micro e pequenas empresas, transparência é um fator de previsibilidade e segurança econômica. Tiago de Azevedo, presidente da Microempa, ressalta que o monitoramento dos gastos fortalece confiança nas instituições e melhora o ambiente de negócios.

Risco fiscal prolongado e debate que o país já não pode adiar

O cenário apresentado revela um Estado que gasta mais do que investe, mantendo estrutura pesada e crescente dependência de recursos obrigatórios. A potencial ausência de margem para despesas discricionárias em 2027 acende alerta sobre a fragilidade do financiamento público, especialmente em áreas essenciais como infraestrutura, tecnologia, educação e saúde.

A reforma administrativa, defendida por entidades empresariais há décadas, retorna ao centro da agenda. Trata-se de debate historicamente adiado, mas inevitável diante do aumento da pressão tributária e do estreitamento fiscal. O país parece caminhar para um ponto de inflexão, em que eficiência e responsabilidade orçamentária deixarão de ser opção e se tornarão condição de sobrevivência institucional.

Se o Brasil deseja retomar crescimento sustentável, o equilíbrio entre arrecadação, gasto e investimento precisa ser reconstruído, sob pena de prolongar entraves econômicos que atravessam gerações.

Principais dados

Gastos Públicos

  • Total de despesas em 2025: quase R$ 5 trilhões

  • Previdência Social em 2025: R$ 1,3 trilhão

  • Crescimento acelerado das despesas ao longo do ano

  • Tendência de continuidade de alta em 2026

Risco Fiscal

  • Possível esgotamento das despesas discricionárias em 2027

  • Crescimento dos gastos obrigatórios ocupa espaço de investimento

  • Aumento da dívida pública pressiona juros e câmbio

  • Menor capacidade de investimento em infraestrutura e desenvolvimento

Impactos no Setor Produtivo

  • Pressão sobre empresas devido ao aumento de carga tributária

  • Risco para geração de empregos e manutenção de negócios

  • Ambiente econômico considerado burocrático e ineficiente

  • Queda de confiança do investidor e desvalorização cambial


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