A prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, nesta sexta-feira (26/12/2025), ao tentar deixar o país pelo Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai, consolidou um padrão recorrente de tentativas de evasão envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio ocorre em um contexto de 29 condenações já proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da trama golpista, com ao menos oito presos e dois foragidos no exterior, além de investigados que permanecem fora do país e figuram em registros processuais por dificuldade de notificação.
Prisão no Paraguai e violação de cautelares
Silvinei Vasques foi detido após romper a tornozeleira eletrônica e tentar embarcar para El Salvador com documento cujos dados não correspondiam à sua identificação. A tentativa ocorreu dez dias após sua condenação a 24 anos e seis meses de prisão por participação na trama golpista, conforme decisão judicial.
A detenção reforçou, nas decisões recentes do STF, a avaliação de risco concreto de fuga, frequentemente utilizada como fundamento para prisões preventivas e endurecimento de medidas cautelares, sobretudo quando há descumprimento reiterado de ordens judiciais.
Parlamentares condenados e saída do país
O caso de Vasques se soma à evasão do deputado federal Alexandre Ramagem, que deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos mesmo proibido judicialmente de viajar, após condenação por tentativa de golpe de Estado. Diante da saída, o ministro Alexandre de Moraes determinou prisão preventiva. Ramagem permanece em Orlando, na Flórida, sendo considerado foragido.
Antes dele, a deputada federal Carla Zambelli deixou o Brasil após ser condenada a dez anos de prisão por falsidade ideológica e invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça. Em junho, foi presa na Itália após inclusão na lista vermelha da Interpol, onde aguarda extradição.
Os três parlamentares tiveram mandatos cassados pela Câmara dos Deputados em dezembro deste ano.
Entorno familiar e investigações em curso
No entorno do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro permanece nos Estados Unidos desde fevereiro. Registros processuais indicam dificuldade de intimação formal em apurações em curso no Brasil. Atualmente, ele é réu no STF por coação, acusado de tentar articular sanções contra autoridades brasileiras durante sua permanência no exterior.
Embora não conste como preso, sua situação é considerada relevante para a análise de risco de evasão, frequentemente citada em decisões judiciais.
Atos de 8 de janeiro e rotas alternativas
Além de políticos com mandato, investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro recorreram a rotas terrestres e fluviais para deixar o país, especialmente em direção a países vizinhos, como a Argentina. Esses deslocamentos resultaram em pedidos de extradição e reforçaram, entre investigadores, a leitura de que a evasão passou a integrar o repertório de reação ao avanço das decisões judiciais.
Em despachos recentes, Alexandre de Moraes tem citado saídas do país, rompimento de tornozeleiras eletrônicas e tentativas de frustrar o cumprimento de ordens judiciais para justificar o endurecimento das cautelares.
Números consolidados: presos, foragidos e condenados
Levantamento consolidado a partir das decisões do STF e da execução das penas indica o seguinte quadro:
- Total de condenados pelo STF na trama golpista: 29
- Presos em cumprimento de pena: 7, referentes ao núcleo central das condenações
- Preso após tentativa de fuga: 1 (Silvinei Vasques)
- Total de presos atualmente: 8
- Foragidos no exterior: 2 (Alexandre Ramagem e Carla Zambelli)
- Investigado no exterior com dificuldade de notificação: 1 (Eduardo Bolsonaro)
Outros condenados permanecem em fases recursais ou com medidas ainda não convertidas em prisão definitiva.
Episódio envolvendo o ex-presidente
Somado a esse contexto, o próprio Jair Bolsonaro protagonizou episódio registrado nos autos ao tentar danificar a tornozeleira eletrônica quando estava em prisão domiciliar. O ministro Alexandre de Moraes apontou indícios de tentativa de fuga, enquanto a defesa alegou que o fato ocorreu durante um surto, versão que consta formalmente no processo.
*Com informações da Agência Brasil.
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