Dívida do Estado da Bahia cai R$ 2,6 bilhões em 2025 e recua para 31% da receita

Em 2025, a Bahia reduziu sua dívida consolidada em R$ 2,6 bilhões, que caiu para R$ 32,7 bilhões, equivalente a 31% da receita corrente líquida. O resultado foi alcançado mesmo com R$ 20,2 bilhões em investimentos desde 2023 e novas operações de crédito. A estratégia combina amortizações regulares, substituição de dívidas caras e forte uso de recursos próprios, consolidando o Estado como líder nacional em investimentos.
Bahia reduz dívida em R$ 2,6 bilhões em 2025, baixa indicador para 31% da receita e mantém liderança nacional em investimentos públicos.

O Estado da Bahia reduziu sua dívida consolidada em R$ 2,6 bilhões ao longo de 2025, resultado de um cronograma rigoroso de amortizações, mesmo com a manutenção de investimentos recordes e a contratação de novas operações de crédito. Segundo a Secretaria da Fazenda (Sefaz-Ba), o passivo caiu de R$ 35,3 bilhões em dezembro de 2024 para R$ 32,7 bilhões em outubro de 2025, conforme critérios da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

O levantamento da Sefaz-Ba, elaborado com base na contabilidade estadual e em conformidade com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), indica que a relação entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida também apresentou melhora significativa. O indicador recuou de 37% em dezembro de 2024 para 31% em outubro de 2025, após registrar 33% em agosto.

A trajetória de queda do endividamento ocorre em um contexto de forte expansão dos investimentos públicos. Desde 2023, a Bahia já desembolsou R$ 20,2 bilhões em projetos nas áreas social e de infraestrutura, volume considerado recorde no período recente, sem comprometer os limites fiscais.

De acordo com o secretário da Fazenda, Manoel Vitório, a redução do passivo, apesar do ingresso de novos empréstimos, reflete o perfil de bom pagador do Estado, sustentado por amortizações regulares e planejamento financeiro de longo prazo.

Estratégia de crédito e substituição de dívidas

Outro fator apontado pela Sefaz-Ba para a queda do endividamento é a estratégia de reperfilamento da dívida. Parte das operações de crédito contratadas tem como objetivo substituir dívidas antigas por outras com taxas de juros mais baixas, reduzindo o custo financeiro ao longo do tempo.

Segundo Manoel Vitório, essa política permite compatibilizar a ampliação da capacidade de investimento com a preservação do equilíbrio fiscal. A lógica adotada pelo governo estadual prioriza operações alinhadas à capacidade de pagamento e ao uso exclusivo dos recursos para investimentos ou para a melhoria do perfil da dívida, conforme determina a legislação.

Histórico de queda e liderança em investimentos

A constância nos pagamentos, observada ao longo de diferentes gestões estaduais, promoveu uma redução estrutural do peso da dívida sobre as finanças públicas baianas. Em 2006, a relação entre dívida e receita corrente líquida chegou a 102%, patamar que comprometia significativamente a autonomia fiscal do Estado.

Em 2025, com o indicador em 31%, a dívida deixou de equivaler à totalidade da arrecadação anual para representar aproximadamente um terço da receita, ampliando a margem de manobra orçamentária.

Esse cenário contribuiu para que a Bahia alcançasse, em 2025, a liderança nacional em investimentos entre os estados. De janeiro a agosto, foram R$ 4,12 bilhões desembolsados, superando São Paulo, que investiu R$ 3,66 bilhões no mesmo período.

Recursos próprios e cumprimento da regra de ouro

Do total de R$ 20,2 bilhões investidos desde 2023, R$ 16,08 bilhões foram aplicados apenas nos dois primeiros anos da gestão do governador Jerônimo Rodrigues, configurando o maior volume já registrado em uma etapa inicial de governo nas últimas décadas.

Embora o acesso ao crédito seja considerado um instrumento legítimo de financiamento, a Sefaz-Ba ressalta a solidez do caixa estadual. Dos investimentos realizados, 74% foram bancados com recursos próprios, assegurando o cumprimento, com folga, da chamada regra de ouro das finanças públicas, que veda a realização de investimentos em montante inferior ao obtido por meio de empréstimos.

Desde 2023, o Estado contratou 18 operações de crédito, que totalizam R$ 9,01 bilhões. Desse valor, R$ 5,4 bilhões já foram aplicados, restando R$ 3,7 bilhões a serem desembolsados pelas instituições financeiras, exclusivamente para investimentos ou para a reestruturação do passivo.

Equilíbrio fiscal e estratégia de longo prazo

A redução da dívida baiana em 2025 ocorre em um contexto nacional marcado por pressões fiscais crescentes e por debates sobre sustentabilidade do endividamento subnacional. O desempenho do Estado indica uma estratégia consistente de gestão da dívida, ancorada em amortizações regulares, acesso responsável ao crédito e priorização de investimentos estruturantes.

O dado histórico — a queda de um patamar superior a 100% da receita em 2006 para 31% em 2025 — reforça a relevância institucional do ajuste promovido ao longo de diferentes administrações. Trata-se de um movimento que amplia a credibilidade do Estado junto ao mercado financeiro e aos organismos de crédito.

Ainda assim, o desafio permanece na manutenção do equilíbrio em um cenário de juros elevados e demandas crescentes por investimentos sociais e de infraestrutura. A sustentabilidade desse modelo dependerá da preservação da disciplina fiscal e da capacidade de manter a maior parte dos investimentos financiada com recursos próprios.

Principais Dados sobre Dívida e Finanças do Estado da Bahia (2023–2025)

Situação da dívida pública

  • Redução da dívida em 2025: R$ 2,6 bilhões
  • Dívida consolidada (dez/2024): R$ 35,3 bilhões
  • Dívida consolidada (out/2025): R$ 32,7 bilhões
  • Critério contábil: Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP / STN)

Indicadores fiscais

  • Dívida / Receita Corrente Líquida (dez/2024): 37%
  • Dívida / Receita Corrente Líquida (ago/2025): 33%
  • Dívida / Receita Corrente Líquida (out/2025): 31%
  • Pico histórico (2006): 102%

Investimentos públicos

  • Total investido desde 2023: R$ 20,2 bilhões
  • Investimentos nos dois primeiros anos da gestão: R$ 16,08 bilhões
  • Investimentos em 2025 (jan–ago): R$ 4,12 bilhões
  • Posição nacional em investimentos (2025): 1º lugar entre os estados
  • 2º colocado: São Paulo (R$ 3,66 bilhões)

Operações de crédito

  • Operações contratadas desde 2023: 18
  • Valor total contratado: R$ 9,01 bilhões
  • Recursos já desembolsados: R$ 5,4 bilhões
  • Recursos ainda a desembolsar: R$ 3,7 bilhões
  • Finalidade legal: investimentos e/ou melhoria do perfil da dívida

Fontes de financiamento

  • Investimentos com recursos próprios: 74%
  • Investimentos financiados por crédito: 26%
  • Situação da “regra de ouro”: cumprida com folga

Estratégia fiscal e gestão da dívida

  • Perfil do Estado: bom pagador
  • Política adotada: amortizações regulares do passivo
  • Ação complementar: substituição de dívidas antigas por empréstimos com juros mais baixos
  • Objetivo central: equilíbrio fiscal com manutenção do ritmo de investimentos
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