Documentário resgata 27 anos da Cia. Cuca de Teatro e preserva memória do teatro para infância na Bahia

Lançado no 17º Fenatifs, filme de curta-metragem registra a trajetória da companhia e reforça o papel das políticas culturais na preservação da memória das artes cênicas.
Documentário sobre os 27 anos de atuação do Cia. Cuca de Teatro utiliza roteiro de bate-papo e reúne artistas, uma criança e um jovem em depoimentos históricos sobre o grupo.

A Cia. Cuca de Teatro lançou, no dia 12 de setembro de 2025, durante o 17º Festival Nacional de Teatro Infantil de Feira de Santana (Fenatifs), o documentário “Memórias do Teatro para as Infâncias e Juventudes da Bahia”, obra audiovisual de 15 minutos que resgata a história do grupo e marca o primeiro registro cinematográfico produzido integralmente pela companhia, após 27 anos de atividades. Com linguagem acessível e enfoque documental, o filme se estabelece como material de referência para artistas, pesquisadores e professores dedicados às artes cênicas e à formação cultural de crianças e jovens.

A produção destaca o percurso da companhia desde sua fundação, relembra o legado do patrono Henrique Motté (†2019) e revisita desafios enfrentados durante a pandemia, período que reforçou a importância de preservação da memória artística no interior da Bahia. A iniciativa utiliza depoimentos dos seis integrantes da Cia. Cuca de Teatro e incorpora a participação de uma criança e de um jovem — recurso que simboliza o diálogo intergeracional e reafirma o compromisso com o público infantojuvenil.

Resgate histórico e metodologia de criação

Idealizado pelo diretor artístico Geovane Mascarenhas, o roteiro utiliza formato de bate-papo íntimo e espontâneo, conduzido em ambiente lúdico, garantindo fidelidade cronológica dos acontecimentos e valorizando experiências individuais e coletivas. A produção técnica foi realizada em parceria com a Candeeiro Filmes, ampliando a qualidade estética do registro audiovisual.

O documentário evidencia a atuação da companhia como agente formadora na cidade, incluindo o papel no desenvolvimento do Núcleo de Artistas Circenses (NUCCA) e as ações promovidas pelo Ponto de Cultura – Cultura Mais Circo, projetos que contribuíram para a difusão de saberes e fortalecimento das artes no território feirense. Ao resgatar processos e memórias, a obra oferece uma reflexão sobre a continuidade do fazer teatral fora dos grandes centros urbanos.

Fomento cultural como ferramenta de preservação

Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio de repasse administrado pelo Município de Feira de Santana, o documentário representa um marco no uso de políticas públicas de cultura para o registro histórico de movimentos artísticos regionais. O projeto demonstra que investimentos públicos em cultura geram produção qualificada e criam acervos permanentes, essenciais à construção da identidade local.

A companhia planeja ampliar o acervo audiovisual com novas produções e espera que a continuidade dos mecanismos de incentivo, incluindo a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), permita registrar outras narrativas e fortalecer a memória do teatro para a infância e juventude no estado.

Lançamento, exibição e acesso permanente

A exibição oficial ocorreu durante o Fenatifs, no Auditório do Centro de Convenções, reunindo público, artistas e pesquisadores. Desde então, o curta permanece disponível gratuitamente no canal oficial da Cia. Cuca de Teatro no YouTube, em duas versões:
• com Libras e Audiodescrição
• versão padrão sem recursos adicionais

O link também está fixado na bio dos perfis da companhia no Instagram @ciacucadeteatro e do festival @fenatifs.festival, garantindo acesso contínuo para consulta educacional e pesquisa acadêmica. O material se consolidou como ferramenta de estudo, formação e preservação de memória do teatro infantojuvenil baiano.

Memória cultural como patrimônio vivo

A existência do documentário representa mais que um registro audiovisual: configura-se como exercício de responsabilidade histórica diante da fragilidade da memória cultural brasileira, frequentemente marcada pela ausência de documentação sistemática. Ao eternizar 27 anos de atuação da Cia. Cuca de Teatro, a obra estabelece um gesto institucional que valoriza o passado e fortalece o futuro da produção artística.

A dependência do setor cultural de mecanismos públicos de incentivo permanece evidente. Sem políticas contínuas, registros como este possivelmente não existiriam. O filme, portanto, funciona como argumento concreto para manutenção e aperfeiçoamento das leis de fomento, além de inspirar outras companhias a preservar sua própria trajetória. A cultura vive de palco, mas só permanece quando documentada.

Confira Vídeo


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.