Ex-prefeito ACM Neto critica gestão do governador, aponta crise na segurança e reforça papel de Feira de Santana no projeto político do União Brasil

A inauguração da sede do União Brasil em Feira de Santana marcou um momento estratégico para o partido e para ACM Neto, que intensificou críticas ao governo Jerônimo Rodrigues, abordando segurança pública, saúde, endividamento e infraestrutura. O ex-prefeito destacou o papel central de Feira no projeto eleitoral da oposição para 2026, defendeu seu legado em Salvador e sinalizou alianças partidárias em formação, antecipando o embate político no estado.
ACM Neto durante coletiva de imprensa na inauguração da nova sede do União Brasil em Feira de Santana, em 18/12/2025, ao lado de lideranças locais e nacionais do partido.

Durante a inauguração da nova sede municipal do União Brasil em Feira de Santana, o ex-prefeito de Salvador e liderança nacional do partido, ACM Neto, fez duras críticas ao governador Jerônimo Rodrigues, especialmente nas áreas de segurança pública, saúde, endividamento do Estado e infraestrutura, ao mesmo tempo em que destacou o papel estratégico de Feira no fortalecimento do partido e no projeto eleitoral de oposição para 2026.

O União Brasil inaugurou, na quinta-feira (18/12/2025), sua nova sede municipal em Feira de Santana, sob a presidência local do empresário José Francisco Pinto (Zé Chico) e com liderança política do prefeito José Ronaldo de Carvalho. O evento reuniu importantes quadros do partido, como o prefeito de Salvador, Bruno Reis, o ex-deputado Marcelo Nilo, vereadores, secretários municipais e lideranças estaduais e nacionais.

Instalada na Avenida Getúlio Vargas, nº 2761, uma das vias mais tradicionais da cidade, a sede foi concebida não apenas como estrutura administrativa, mas como centro permanente de articulação política e diálogo com a sociedade, reforçando a presença do partido no segundo maior colégio eleitoral da Bahia.

Segundo ACM Neto, a escolha de Feira de Santana é estratégica para o crescimento do União Brasil no estado e para a construção de uma base sólida de lideranças locais, com foco na formação de bancadas estaduais e federais.

Críticas à segurança pública e ao governador

Em entrevista coletiva, ACM Neto afirmou que o principal problema da segurança pública na Bahia “tem nome e sobrenome” e responsabilizou diretamente o governador Jerônimo Rodrigues. Para ele, o estado vive um “absoluto desgoverno” no combate ao crime organizado, marcado por falta de autoridade, liderança e disposição política para enfrentar facções criminosas.

O ex-prefeito citou como exemplo o assassinato de três trabalhadores em Salvador, mortos após uma empresa de internet se recusar a pagar taxas a uma facção criminosa. Segundo Neto, o episódio simboliza a inversão de papéis, em que o Estado deixa de exercer sua função de garantir ordem e segurança.

Ele defendeu uma mudança completa na política de segurança, com fortalecimento das polícias, valorização das carreiras, uso intensivo de tecnologia e reforma profunda do sistema prisional, que, segundo ele, hoje funciona como espaço de conforto e articulação do crime.

Propostas para segurança, saúde e política social

Questionado sobre as medidas que adotaria caso seja eleito governador em 2026, ACM Neto afirmou que segurança pública e saúde seriam prioridades absolutas. Entre as propostas citadas estão:

  • Reestruturação das polícias, com melhores condições de trabalho, remuneração e tecnologia;
  • Investimento em inteligência e investigação criminal;
  • Presídios de segurança máxima, com bloqueio total de comunicação externa;
  • Combate à impunidade, apontada por ele como um dos principais problemas da Bahia;
  • Reocupação territorial pelo Estado, com políticas sociais voltadas às áreas mais vulneráveis;
  • Programas de geração de emprego e inclusão de jovens, para evitar o aliciamento pelo crime organizado.

Para Neto, o enfrentamento da violência exige ação integrada entre repressão qualificada e políticas sociais estruturantes.

Questionamentos sobre endividamento e gestão dos recursos públicos

ACM Neto também criticou duramente a política de empréstimos do governo estadual. Segundo ele, o pedido recente de mais um financiamento representa o 23º empréstimo da gestão Jerônimo Rodrigues, aproximando o Estado de R$ 30 bilhões em dívidas.

O ex-prefeito questionou a destinação dos recursos e afirmou que, com esse volume de dinheiro, seria possível resolver gargalos históricos da saúde pública, além de executar grandes obras de infraestrutura. Ele citou a situação de Feira de Santana, que sofre com a sobrecarga da regulação hospitalar regional, resultando em superlotação, pacientes em corredores e longas filas por atendimento.

Para Neto, o problema central não é apenas o endividamento, mas a falta de transparência sobre os resultados concretos desses financiamentos.

Defesa do legado em Salvador e embate com o PT

Ao comentar críticas feitas pelo ministro Rui Costa à sua gestão em Salvador, ACM Neto fez um contraponto direto ao discurso do PT na Bahia. Ele afirmou que sua administração foi marcada por realizações concretas, citando índices elevados de aprovação popular e avanços mensuráveis em educação e saúde.

Entre os dados apresentados, destacou a evolução do IDEB na rede municipal, a universalização do acesso à pré-escola, a ampliação da atenção básica em saúde e a construção do primeiro hospital municipal da capital baiana. Segundo Neto, os resultados contrastam com o que classificou como 20 anos de promessas não cumpridas pelos governos petistas no estado.

Infraestrutura e críticas à situação da BR-324

Outro ponto abordado foi a situação da BR-324, rodovia fundamental para a economia baiana. ACM Neto classificou o estado atual da via como uma “esculhambação” e atribuiu responsabilidade aos governos estadual e federal, que, segundo ele, deixaram de agir durante anos para resolver a concessão problemática.

Ele criticou soluções paliativas, como operações de tapa-buracos, e afirmou que, pela importância econômica da rodovia, a Bahia deveria contar com uma estrutura duplicada e moderna. Segundo o ex-prefeito, os prejuízos recaem diretamente sobre motoristas, caminhoneiros e passageiros, com aumento de acidentes e custos logísticos.

Alianças políticas e eleições de 2026

Sobre o cenário eleitoral, ACM Neto informou que o União Brasil mantém diálogo avançado com Progressistas, PL, Republicanos e PSDB, partidos que devem compor a base da oposição para 2026. A definição da chapa majoritária, segundo ele, deve ocorrer até março.

Neto também destacou a importância de Feira de Santana na formação de quadros proporcionais, defendendo prioridade para candidaturas locais a deputado estadual e federal, compatíveis com o peso político e eleitoral do município.

Antecipação do debate eleitoral

A presença de ACM Neto em Feira de Santana e o tom adotado em suas declarações evidenciam a antecipação do debate eleitoral de 2026 e a consolidação de uma estratégia de oposição baseada em críticas diretas à gestão estadual, especialmente em áreas sensíveis como segurança pública e saúde.

O discurso combina ataque frontal ao governo Jerônimo Rodrigues com a valorização do legado administrativo em Salvador e a construção de alianças partidárias amplas, sinalizando um projeto político estruturado e de longo prazo.

Ao mesmo tempo, as falas revelam tensões institucionais relevantes, sobretudo em relação ao endividamento do Estado e à condução de políticas públicas essenciais, temas que tendem a ganhar centralidade no debate político baiano nos próximos meses.

*Áudio da entrevista coletiva cedido ao Jornal Grande Bahia pelo radialista Edvaldo Peixoto Filho (Edvaldinho).

Nova sede do União Brasil em Feira de Santana.
Nova sede do União Brasil em Feira de Santana.

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