Governo Lula investe R$ 2,2 milhões na Hemorrede da Bahia e amplia soberania nacional na produção de medicamentos

O Governo Federal investirá R$ 2,2 milhões na Hemorrede da Bahia como parte de um programa nacional de modernização que destina R$ 116 milhões a 22 estados. O pacote prevê a entrega de 604 equipamentos de congelamento industrial, ampliando em 30% o aproveitamento do plasma e fortalecendo a produção nacional de imunoglobulinas e hemoderivados. A iniciativa reduz a dependência externa, amplia a capacidade da Hemobrás e reforça a segurança sanitária do SUS.
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a entrega de novos equipamentos à hemorede no âmbito do programa Agora Tem Especialistas, fortalecendo a estrutura de atendimento e os serviços de saúde no estado.

O Ministério da Saúde anunciou na sexta-feira (28/11/2025) um conjunto de investimentos destinados a modernizar a Hemorrede pública e fortalecer a produção nacional de medicamentos derivados do plasma. A iniciativa integra o Novo PAC Saúde e prevê a entrega de 604 equipamentos de alta tecnologia a 22 estados, com impacto direto na ampliação da oferta de plasma, essencial para a fabricação de imunoglobulinas, fatores de coagulação e outros hemoderivados.

A Bahia será contemplada com 11 novos equipamentos, distribuídos entre Salvador, Feira de Santana, Barreiras, Eunápolis e Vitória da Conquista, totalizando R$ 2,2 milhões em investimentos. O pacote nacional soma R$ 116 milhões e deve gerar uma economia anual estimada de R$ 260 milhões, ao reduzir a dependência de importações e impulsionar a capacidade da Hemobrás, inaugurada em 2025.

Segundo o Ministério da Saúde, o novo parque tecnológico permitirá um aumento inicial de 30% no aproveitamento do plasma, ampliando a segurança no abastecimento de medicamentos utilizados em cirurgias complexas, tratamentos de hemofilia, imunodeficiências e doenças raras.

Avanço tecnológico amplia capacidade do SUS e reduz dependência externa

Alexandre Padilha, ministro da Saúde, destacou que o país historicamente foi dependente da importação de hemoderivados. O novo ciclo de investimentos busca reverter esse cenário ao fortalecer a Hemobrás e modernizar os processos de coleta, congelamento e armazenamento nas unidades estaduais.

Os equipamentos entregues — blast freezers, ultrafreezers e freezers industriais — permitem congelamento ultrarrápido a –30°C, mantendo a integridade das proteínas do plasma e garantindo qualidade industrial no processamento. Com o aumento da oferta e estocagem adequada, a Hemobrás poderá atingir a capacidade plena de 500 mil litros de plasma por ano.

O ministro ressaltou a relevância estratégica da fábrica instalada em Pernambuco, que hoje ocupa posição de destaque na América Latina:
“A Hemobrás é símbolo da soberania nacional. Guardar, congelar e processar bem esse plasma é o passo essencial para garantir acesso contínuo aos medicamentos de que tantas pessoas dependem.”

Nos últimos três anos, a quantidade de plasma enviada pela Hemorrede para a Hemobrás aumentou 288%, passando de 62,4 mil para 242,1 mil litros entre 2022 e 2025.

Expansão nacional fortalece segurança sanitária e reduz vulnerabilidade externa

A iniciativa dialoga diretamente com o crescimento global da demanda por imunoglobulinas e hemoderivados, que pressionou o mercado internacional e afetou países dependentes de importação. Durante a pandemia de covid-19, o Brasil enfrentou dificuldades para adquirir imunoglobulina, fundamental para diversos tratamentos.

No contexto atual, a meta é garantir autonomia, evitar desabastecimentos e assegurar respostas rápidas em situações emergenciais. A ampliação da produção nacional é vista como questão de soberania sanitária, especialmente diante da utilização crescente desses medicamentos para doenças imunológicas, infecciosas e crônicas.

A Semana Nacional do Doador de Sangue reforçou esse compromisso. Em 2024, o país coletou 3,3 milhões de bolsas, equivalente a 1,6% da população — índice compatível com padrões internacionais. Contudo, apenas 13% do plasma coletado vai diretamente para transfusões, o que deixa 87% disponível para a produção de medicamentos, desde que armazenado com tecnologia adequada.

Rede NAT e inovação brasileira garantem padrão internacional de segurança

O Ministério da Saúde também destacou o papel da Rede de Testes de Ácido Nucleico (Rede NAT), totalmente implementada desde 2011 e responsável por analisar cerca de 3,5 milhões de amostras ao ano. Trata-se da única hemorrede do mundo com 100% de aplicação do exame NAT, capaz de identificar precocemente HIV, hepatites B e C e malária em testes moleculares.

O ministro citou ainda o avanço tecnológico de Bio-Manguinhos/Fiocruz, responsável pelo NAT Plus, primeiro kit registrado no mundo com capacidade de detectar malária na triagem de sangue. O método reduz significativamente a “janela imunológica” e aumenta a segurança para doadores e receptores.

Segundo Padilha, o governo também prepara um grande investimento em uma nova fábrica da Fiocruz, em Santa Cruz (RJ), em modelo de parceria público-privada, com previsão de R$ 5 bilhões em aportes e impacto direto no Produto Interno Bruto fluminense.

Avanço estrutural

A modernização da Hemorrede representa um avanço estrutural para o sistema público de saúde, mas também evidencia a dependência histórica do país em tecnologias essenciais. A ampliação da capacidade de processamento e armazenamento de plasma fortalece a Hemobrás e reduz vulnerabilidades externas, mas a estratégia só será sustentável se acompanhada de investimentos contínuos na rede de coleta, logística e qualificação profissional.

A soberania sanitária evocada pelo governo exige mais do que equipamentos: requer estabilidade institucional, previsibilidade orçamentária e políticas permanentes de incentivo à doação de sangue. O aumento expressivo da oferta de plasma é positivo, mas o desafio reside em manter fluxo constante de coletas e garantir integração efetiva entre estados e o parque fabril nacional.

A consolidação da Hemobrás como referência latino-americana é um marco relevante, porém a pressão global sobre preços e insumos reforça a necessidade de aceleração das obras e diversificação de parcerias estratégicas. O país avança, mas ainda enfrenta gargalos que exigem coordenação federativa e planejamento de longo prazo.


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