A Bahia registrou em 2024 o menor número de nascimentos dos últimos 50 anos, com 159.337 crianças registradas, segundo a Estatística do Registro Civil 2024, divulgada nesta quarta-feira (10/12/2025) pelo IBGE. Os dados revelam queda de 6,6% em relação a 2023 — redução de 11.195 nascimentos em um único ano — e evidenciam um movimento contínuo de diminuição na natalidade, tendência que se prolonga por seis anos consecutivos no estado.
Além da baixa natalidade, o levantamento também aponta recuo nos casamentos civis e nos divórcios, mudanças no comportamento familiar da população e uma redução nas mortes não naturais de homens jovens, embora Bahia e Salvador ainda liderem nacionalmente no indicador.
Queda histórica na quantidade de nascimentos
A Bahia apresentou em 2024 o menor volume de registros desde 1974, quando a série histórica teve início. Em 2023, haviam sido contabilizados 170.532 nascimentos. Com o recuo de 6,6%, o estado ocupa a 8ª maior queda proporcional entre as unidades da Federação, sendo superado por Acre, Rondônia e Piauí, que lideram a diminuição.
No Brasil, o total de nascimentos também caiu: 2.370.945 registros em 2024, redução de 147.094 em relação ao ano anterior (-5,8%). Todas as 27 unidades da Federação tiveram retração.
Em Salvador, a tendência é ainda mais acentuada. A capital baiana registrou 23.361 nascidos em 2024, 9,2% a menos que em 2023 — terceira maior queda percentual entre capitais brasileiras. O volume é o menor em 51 anos de série histórica.
Entre os municípios com maior redução no estado estão:
- Salvador: –2.357 nascimentos (-9,2%)
- Feira de Santana: –660 (-8,3%)
- Vitória da Conquista: –313 (-6,3%)
- Lauro de Freitas: –299 (-12,7%)
Por outro lado, alguns municípios registraram crescimento. Os destaques positivos foram:
- Mata de São João: +65 (+12,5%)
- Belo Campo: +63 (+35,0%)
- Buritirama: +41 (+15,4%)
Ao todo, 69,8% dos municípios baianos tiveram queda na natalidade, indicando um processo demográfico amplo e não restrito às grandes cidades.
Casamentos diminuem pelo 3º ano consecutivo na Bahia e em Salvador
O estudo também revela que os casamentos civis caíram pelo terceiro ano seguido, alcançando o menor patamar desde 2006. Em 2024, foram 55.603 uniões formais, redução de 3,4% frente ao ano anterior.
Em Salvador, o movimento foi ainda mais intenso: queda de 10,1%, com 10.450 registros — também o menor número em 18 anos. Apesar da redução geral, os casamentos entre pessoas do mesmo sexo cresceram 24,9% na Bahia, passando de 353 para 441. Na capital, o aumento foi de 20,9%, de 177 para 214.
Enquanto o Brasil registrou leve alta geral nos casamentos (+0,9%), apenas 13 capitais tiveram crescimento. Salvador liderou a queda percentual (-10,1%) entre os centros urbanos.
Divórcios recuam pela primeira vez desde 2020
O número de divórcios apresentou redução inédita após quatro anos de alta. A Bahia registrou 27.297 dissoluções em 2024, variação de –0,2% em relação a 2023. Apesar de discreta, a queda contrasta com o período anterior marcado por aumento após a pandemia.
Em Salvador, o recuo foi expressivo: 14,4%, com 5.494 registros — redução de 926 divórcios. Entre as capitais, foi a maior queda absoluta registrada.
No cenário nacional, 23 estados tiveram diminuição no indicador, com destaque para Mato Grosso (-42,8%), Amapá (-33,5%) e Rio Grande do Norte (-19,2%). Apenas quatro unidades federativas apresentaram aumento.
Menos mortes não naturais entre jovens, mas Bahia segue no topo nacional
As mortes por causas externas — como homicídios, acidentes e afogamentos — tiveram queda entre homens de 15 a 24 anos, público historicamente mais vulnerável. Mesmo assim, o estado permanece em posição crítica.
Em 2024, a Bahia registrou 2.533 mortes de jovens homens por causas externas, 25% de todas as mortes não naturais do estado, com queda de 8% frente a 2023. Foi a maior redução absoluta do país, mas o estado segue liderando a estatística desde 2015.
Em Salvador, foram 545 óbitos desse perfil, queda de 11,4%. A capital continua, pelo quinto ano consecutivo, como a cidade com mais mortes de homens jovens no país.
A transição demográfica avança e redefine o futuro do estado
Os números consolidam um fenômeno já perceptível: a Bahia atravessa uma transição demográfica acelerada, marcada por famílias menores, casamentos mais tardios, maior participação feminina no mercado de trabalho e mudanças sociais que reduzem o ritmo de crescimento populacional.
Se, por um lado, a queda na natalidade reduz pressão sobre serviços básicos, por outro, anuncia desafios futuros. Uma população em envelhecimento implica maior demanda por saúde, Previdência e políticas assistenciais. A queda nos casamentos formais e divórcios instáveis pode indicar novos modelos familiares, menos burocráticos e mais flexíveis.
O indicador mais sensível permanece sendo o das mortes violentas entre jovens. A redução recente é relevante, mas o fato de Bahia e Salvador seguirem líderes no ranking nacional expõe fragilidades estruturais na segurança pública e nos programas de juventude. Trata-se de um sinal claro de que avanços existem, mas não sustentam complacência.
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