A Polícia Federal, em ação conjunta com o GAECO/MPF, deflagrou nesta quarta-feira (10/12/2025) a Operação ANANSI para combater o tráfico internacional de drogas e o esquema de lavagem de dinheiro voltado ao envio de cocaína para a Europa a partir do extremo sul da Bahia. A ofensiva resultou no cumprimento de 22 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e no bloqueio de contas bancárias que somam até R$ 50 milhões.
Segundo o órgão, as investigações apontam a existência de um grupo criminoso especializado no transporte internacional de cocaína utilizando embarcações pesqueiras como rota para África e Europa. A região do extremo sul da Bahia foi identificada como ponto estratégico de apoio logístico para o escoamento do entorpecente.
Em dezembro de 2024, uma embarcação procedente do sul da Bahia foi interceptada na região de Cabo Verde, carregando cerca de 1,6 tonelada de cocaína, o que desencadeou o aprofundamento das apurações. A partir desse episódio, os investigadores rastrearam movimentações financeiras e logísticas utilizadas pelo grupo.
As diligências realizadas nesta quarta-feira apreenderam veículos, celulares e bens patrimoniais, que serão analisados para rastreamento financeiro e consolidação das provas. A PF informou que o objetivo agora é avançar na identificação de todos os envolvidos e desvendar as estruturas de lavagem de capitais associadas ao esquema.
Participação internacional e rotas transnacionais
A operação contou com apoio da Europol e com cooperação jurídica internacional envolvendo Cabo Verde, Portugal, Espanha e França, evidenciando o caráter transnacional da organização criminosa. As rotas marítimas utilizadas partiam do litoral baiano com destino à África, de onde a droga era redirecionada para grandes centros europeus.
Investigadores observaram que pescadores e empresários do setor pesqueiro converteram experiência técnica em navegação para atuar como operadores logísticos do tráfico internacional, utilizando embarcações adaptadas para transporte de grande volume ilícito.
A integração entre PF e MPF permitiu o avanço em frentes paralelas: repressão direta aos operadores da rota marítima, identificação de financiadores e monitoramento de canais de lavagem, com foco na recuperação de ativos e estrangulamento financeiro das facções.
O desafio contínuo do combate ao tráfico transnacional
A operação reforça a importância da cooperação internacional para enfrentar crimes que ultrapassam fronteiras nacionais e utilizam a costa brasileira como corredor marítimo. A apreensão de 1,6 tonelada de cocaína em 2024 evidencia a dimensão da rota e a profissionalização de grupos que utilizam setores econômicos legais como fachada.
A participação de agentes com conhecimento técnico em navegação sugere que o tráfico não depende apenas de facções tradicionais, mas de arranjos econômicos híbridos onde empresários formais atuam no núcleo logístico do crime. A complexidade desse modelo demanda não apenas ações repressivas, mas também monitoramento financeiro e fiscalização portuária permanente.
O caso expõe ainda o potencial econômico do tráfico internacional, capaz de movimentar milhões e se infiltrar em cadeias produtivas regionais. No âmbito institucional, a operação indica avanço no rastreamento patrimonial — etapa fundamental para enfraquecer estruturas criminosas e reduzir capacidade de recomposição financeira.
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