Em pronunciamento à nação realizado na quarta-feira (17/12/2025), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou duras críticas aos imigrantes em situação irregular e à administração do ex-presidente Joe Biden, afirmando que seus primeiros 11 meses de mandato promoveram as maiores mudanças positivas da história recente do país, especialmente nas áreas de imigração e economia.
Logo no início do discurso, Trump afirmou que os Estados Unidos teriam deixado de ser “motivo de chacota” no cenário internacional e atribuiu essa suposta mudança a uma política migratória mais rígida. Segundo o presidente, a atual administração teria revertido um cenário que classificou como de “imigração descontrolada” herdado do governo democrata.
O republicano acusou a gestão Biden de ter “inundado” cidades norte-americanas com imigrantes sem documentação e de ter permitido a libertação de criminosos violentos. Em contraste, disse que seu governo passou a priorizar cidadãos “cumpridores da lei” e trabalhadores, apresentando essa diretriz como um marco de inflexão na política federal de imigração.
Sem apresentar dados ou comprovações oficiais, Trump declarou ter fechado a fronteira sul com o México e afirmou que nenhum imigrante ilegal teria entrado no país nos últimos sete meses, reforçando a narrativa de sucesso das deportações em massa promovidas por sua administração.
Retórica de conquistas e discurso de excepcionalidade
Ao longo da fala, o presidente adotou um tom autocelebratório, afirmando que, em menos de um ano, sua gestão teria realizado mais mudanças positivas em Washington do que qualquer outra administração norte-americana. “Nunca houve nada igual”, declarou, ao comparar seus resultados com os de governos anteriores.
A retórica reforçou um padrão já conhecido do discurso político de Trump, marcado por afirmações absolutas e pela contraposição direta entre sua administração e a do antecessor democrata. O pronunciamento buscou consolidar a imagem de ruptura e de restauração da ordem, sobretudo em temas sensíveis como imigração e segurança.
Destaques econômicos apresentados por Trump
Na segunda parte do discurso, Trump concentrou-se em indicadores econômicos. O presidente afirmou que os salários estariam crescendo mais rapidamente do que a inflação e que os preços de diversos produtos e serviços teriam registrado queda nos últimos meses.
Entre os exemplos citados, mencionou uma suposta redução de 22% nos preços dos automóveis e o valor da gasolina em torno de US$ 2,5 por galão (3,8 litros). Trump também destacou o aumento do salário mediano como evidência de melhora nas condições de vida da população.
Dados oficiais relativizam discurso presidencial
Dados disponíveis indicam um cenário mais matizado do que o apresentado pelo presidente. O salário mediano nos Estados Unidos cresceu 3,5% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2024, índice ligeiramente acima da inflação anual de 3% no período. Ainda assim, trata-se do menor crescimento anual desde maio de 2021.
No setor automotivo, informações da indústria apontam que o preço médio de veículos novos caiu 0,7% em outubro, em relação ao mesmo mês do ano anterior. A queda de 22% citada por Trump refere-se especificamente aos veículos elétricos, impactados pelo encerramento de um benefício fiscal federal.
Quanto aos combustíveis, a Associação Automóvel dos Estados Unidos (AAA) registrou que o preço médio da gasolina na quarta-feira (17/12) era de US$ 2,91 por galão, acima do valor mencionado pelo presidente em seu discurso.
Discurso político e limites da narrativa oficial
O pronunciamento de Donald Trump reforça uma estratégia discursiva centrada na polarização e na exaltação de resultados sem a apresentação sistemática de evidências. Ao abordar imigração e economia, o presidente construiu uma narrativa de ruptura absoluta com o governo Biden, apoiada em afirmações categóricas e dados selecionados.
A ausência de comprovação sobre o fechamento efetivo da fronteira sul e a alegação de entrada zero de imigrantes ilegais evidenciam uma lacuna entre discurso político e verificação factual. No campo econômico, embora existam sinais de desaceleração inflacionária e ajustes de preços em setores específicos, os números oficiais relativizam a dimensão dos avanços proclamados.
Do ponto de vista institucional, o discurso sugere um uso estratégico de indicadores econômicos e temas migratórios como instrumentos de mobilização política, reforçando divisões internas e simplificando um cenário econômico e social mais complexo do que o retratado pela retórica presidencial.
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