Em entrevista ao vivo à Rádio Mix de Manaus na manhã desta quarta-feira (26/10/2022), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da Zona Franca de Manaus para o desenvolvimento do Amazonas e da região Norte e disse que o governo federal precisa fazer todo o esforço necessário para manter a área industrial funcionando.
“Se ela for extinta e as empresas continuarem saindo, como algumas já saíram, podemos ter caos de desemprego na região”, afirmou, lembrando que os governos petistas prorrogaram por 60 anos os benefícios fiscais que atraem empresas para a região. Nos governos dele, o acordo da Zona Franca foi prorrogado em dez anos. A presidente Dilma Rousseff autorizou mais 50 anos.
Lula criticou a postura do adversário Jair Bolsonaro que ameaça os benefícios da região, tentando reduzir IPI de produtos que podem prejudicar a competitividade da Zona França. “O atual presidente tenta tirar benefícios numa demonstração de que não tem conhecimento do significado a existência da Zona Franca para a economia do estado e da cidade e para região Norte”, disse, enfatizando que não se pode mexer na Zona Franca enquanto não houver um outro modelo de desenvolvimento que leve outras empresas para a região.
O ex-presidente lembrou obras importante dos governos petistas no Amazonas – como o gasoduto Coari-Manaus, desejo antigo da região, a ponte sobre o rio Negro, reforma e ampliação do aeroporto, um terminal hidroviário, modernização da Refinaria do Amazonas e uma nova estação de tratamento de água que beneficiou mais de 600 mil pessoas. Segundo ele, nos governos petistas, foram gerados cerca de 630 mil vagas de emprego no estado.
Na conversa com as jornalistas Odinéia Araújo e Arthemisa Gadelha, Lula destacou a necessidade de o Brasil retomar o protagonismo internacional e as relações com os países do mundo e atrair capital externo para investimento direto no país. Em resposta a pergunta da emissora ele disse acreditar ser possível atrair empresa de semicondutores, como era sonhado na época em que o Brasil assinou o acordo de TV digital.
Desenvolver a Amazônia com soberania e responsabilidade
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que seu governo terá atenção especial aos povos da floresta Amazônica, tanto em capitais como Manaus e Boa Vista ou Rio Branco, até em cidades do interior. O objetivo, explicou, é levar desenvolvimento para a população, como foi feito com o programa Luz Para Todos, sempre com responsabilidade e tendo como premissa a soberania nacional.
“A gente sabe a importância da Amazônia para o mundo, e o mundo tem que fazer um esforço para ajudar o Brasil a cuidar da Amazônia. A gente não abre mão da soberania, mas a gente sabe da importância dela para o clima, para o planeta Terra. Portanto, os países precisam arcar com a despesa para que a gente possa cuidar, com muito carinho e com muito amor da Amazônia mas, sobretudo, do povo da Amazônia”, declarou.
Bolsonaro não respeitou as vítimas da Covid-19
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou a péssima gestão da pandemia feita pelo governo Bolsonaro e disse que nunca mais se repetirá no país o descaso que ele teve com o povo do Amazonas, estado onde várias pessoas perderam a vida por falta de oxigênio nos hospitais para os casos graves de coronavírus.
“Nunca mais alguém morrerá por falta de oxigênio. Nunca mais. Foi uma falta de respeito com o povo do estado do Amazonas o comportamento do presidente da República. Foi uma falta de respeito ele, inclusive, na televisão imitando as pessoas morrendo afogadas fora d’água, em cima de uma cama”, disse.
Lula listou os erros do governo, como atraso na compra das vacinas em 45 dias e estímulo ao uso de remédios que não funcionavam. “Pelo menos metade das mortes que teve nesse país se deve à irresponsabilidade dele de brincar com a pandemia, de tentar vender remédio que não funcionava, de tentar enganar o povo vendendo remédio que não funcionava, de dizer para o povo que não era para tomar vacina e de ter o ministro Pazuello. Vocês sabem a festa que fizeram em Manaus em pleno caos da pandemia?”.
Respeito com o povo simples
Mais uma vez, o ex-presidente fez reconhecimento público da atuação do SUS no enfrentamento da pandemia e lembrou que, não fosse a dedicação dos funcionários do sistema único, o número de mortos certamente teria passado de um milhão. “Nós vamos fazer investimento no SUS porque o SUS merece muito respeito. Nós temos que homenagear sempre o SUS, os funcionários do SUS, e dizer para o estado do Amazonas que nós vamos investir em saúde porque o povo mais humilde, o povo mais simples precisa ser tratado com respeito na área de saúde”.
Lula lembrou de programas relevantes dos governos petistas para a área de saúde, como Mais Médicos e Farmácia Popular e lamentou a destruição das políticas pelo atual governo. Você deve estar lembrado do Mais Médicos o sucesso que foi. Todas as cidades do Amazonas tinham médico. Eles acabaram com o Mais Médicos. Nós tínhamos a Farmácia Popular que vendia 102 tipos de remédios de uso contínuo. Aquele remédio que as pessoas precisam mais. Remédio para pressão, remédio para diabetes, fraldão para pessoas da terceira idade. Tudo isso era dado de graça na farmácia popular e ele (o presidente Bolsonaro) acabou com isso, prejudicando a vida do povo.”
Vamos ajudar os estados a combater o contrabando de armas e o tráfico de drogas, diz Lula
Em entrevista à Rádio Mix de Manaus, o ex-presidente esclareceu que um ministério específico de segurança pode tanto ajudar a polícia como proteger as fronteiras. E a Amazônia, uma de suas prioridades, será beneficiada pela medida.
“A gente tem quase 16 mil km de fronteira seca, 8 mil km de fronteira marítima, então precisamos tomar muito cuidado, e é por isso que nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública, para ajudar os governadores no combate aos crimes dentro do estado e ter uma forte política das nossas fronteiras para evitar o contrabando de armas, o tráfico, e a questão da droga”, declarou.
Lula também criticou os decretos bolsonaristas que flexibilizaram o porte de armas. “Ele liberou armas, e quem está comprando armas não são pessoas de bem. Ninguém compra arma para educação, ninguém compra arma a não ser matar. Bolsonaro está facilitando para o crime organizado, que não precisa mais assaltar o arsenal. Eles podem comprar arma que quiser, dois mil cartuchos. É uma irresponsabilidade do governo fazer isso. É uma irresponsabilidade” disse.
“É uma coisa que vai ser muito séria o que nós vamos criar. E eu penso que [o Ministério da Segurança Púbica] vai funcionar, a gente não quer tirar o poder dos governadores, a gente quer compartilhar com eles o funcionamento entre a segurança pública federal e a segurança do estado. E eu acho que vai ser bom para o Brasil”, completou.
Enfrentar a violência contra a mulher é prioridade
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou que a violência contra as mulheres tenha aumentado nos últimos anos. Ele recordou que foi o responsável por sancionar a Lei Maria da Penha, em 2006, e disse que o Estado precisa criar mais mecanismos para coibir esse tipo de crime.
“A lei é muito dura, mesmo assim, as pessoas desrespeitam a lei. Nós fizemos a Casa Mulher e vamos criar novos instrumentos para que as mulheres possam ter segurança. Se, por acaso, tiver um marido que agride a mulher, ela tem que perder a vergonha e denunciar”, declarou.
A Casa da Mulher Brasileira, citada por Lula, foi criada no governo do Partido dos Trabalhadores e tem como objetivo proporcionar atendimento humanizado e especializado no atendimento à mulher em situação de violência doméstica.
O espaço reúne em um só lugar juizado especial voltado para o atendimento à mulher, promotoria, Defensoria Pública, delegacia especializada, alojamento de passagem, brinquedoteca, apoio psicossocial e capacitação para a sua autonomia econômica.
A experiência influenciou estados como Maranhão e Bahia a criarem secretarias de estado especificamente voltadas para o desenvolvimento de políticas públicas para as mulheres.
“O Estado precisa cuidar da vítima, que muitas vezes não denuncia, e o marido volta outra vez a ser agressivo contra ela. Então, é preciso que o Estado crie delegacias para que a gente possa cuidar das pessoas que denunciarem para que a mulher nunca mais seja agredida. Esse cidadão, se a gente pegar ele, tem que colocar na cadeia, porque mulher não foi feita para apanhar de homem”, completou o ex-presidente Lula.
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