A crise mundial levou o Brasil a implementar várias medidas visando diminuir seus efeitos, tanto na área fiscal e creditícia como na cambial. As medidas tomadas para contornar seus efeitos não produziram, pelo menos até agora, os desejados. Mesmo num ritmo menor de contração econômica, o problema continua. Veja a comparação feita pelo Banco Central entre abril e maio deste ano.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve, em maio, um recuo de 0,11% em relação a abril, com menos 0,6%, conforme o indicador sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB). Aliás, a presunção quanto ao PIB é que este terá uma expansão de 0,8% sobre os três meses anteriores, crescendo 2,5% em comparação ao segundo trimestre de 2022. Em 2022 calculava-se um avanço de 2,2% com o crescimento da indústria, porém, a taxa de 0,3% ficou abaixo do esperado. Outro desempenho que ficou bem abaixo da expectativa no mesmo mês foi o de vendas varejistas, que cresceram apenas 0,1%.
Como se sabe, na economia os bancos, o governo, as famílias e as empresas desempenham papeis fundamentais por meio da realização de transações econômicas, trocando dinheiro ou crédito por bens, serviços ou ativos financeiros. A interação entre a oferta e a demanda por bens e serviços determina o preço, sendo o Banco Central a entidade que atua de modo a buscar a estabilidade destes preços.
O problema é que até os setores mais promissores de nossa economia estão impedidos de promover um pleno desenvolvimento. O Brasil tem, hoje, a taxa básica de juros real mais alta do planeta, segundo levantamento feito pela gestora de investimentos Infinity Asset Management em 156 países. É quase 8 pontos percentuais a diferença entre a chamada taxa Selic brasileira (13,75% ao ano) e a inflação oficial acumulada em 12 meses no país (5,77%).
Uma taxa de juros alta colabora para que exista menos dinheiro circulando no mundo real e mais dinheiro nos bancos e no mercado financeiro. Isso, obviamente, favorece os bancos, que são os maiores detentores dos títulos da dívida pública, que é corrigida pela taxa básica de juros. Resultado: além de os bancos terem mais dinheiro em caixa (os clientes preferem aplicar seu dinheiro nos bancos em vez de investir no mercado real), eles ganham mais porque o governo paga mais quando a Selic sobe.
Segundo alguns economistas, a pressão por juros altos acontece por meio de cobranças exageradas pelo controle da inflação. Isso faz com que o Banco Central aumente os juros baseado nessas expectativas, e que a economia permaneça estagnada. Segundo o economista Augusto Nunes, “A ideia vai sendo jogada na sociedade que a taxa de juros tem que ser alta porque o risco fiscal é alto. Vai se criando uma profecia autorrealizada”, de maneira que, “Se você diz o tempo todo que a inflação está alta, quem tem dúvida remarca o preço. O governo gasta dinheiro com juros, e quanto mais ele gasta, maior o problema fiscal”. Daí as dificuldades de um desenvolvimento econômico estável, com altos reflexos na política, impedindo assim a estabilidade necessário para um pleno desenvolvimento.
*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.

Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




