No último sábado, durante a 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, proferiu um discurso contundente abordando temas cruciais da política internacional. O diplomata russo fez críticas contundentes às ações do Ocidente, acusando-o de manter uma mentalidade neocolonial que busca preservar sua dominação global. Lavrov também destacou a importância da igualdade soberana entre os Estados e o papel das organizações internacionais na busca de uma ordem mundial mais justa.
Lavrov começou seu discurso enfatizando as mudanças irreversíveis que o mundo está vivenciando, com uma nova ordem mundial emergindo. Ele destacou a luta entre a “Maioria Mundial”, que busca uma distribuição mais equitativa dos benefícios globais, e os poucos que usam métodos neocoloniais para manter seu domínio. O ministro afirmou que o Ocidente tem historicamente resistido ao princípio da igualdade e não alinhamento, fazendo promessas que não cumpre.
O ministro russo lembrou eventos históricos que marcaram a relação entre Rússia e Ocidente, como os planos para uma operação militar contra a União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. Ele também mencionou o desrespeito às garantias de não expansão da OTAN para o leste da Europa, levando a uma crescente militarização na região.
Lavrov alertou para exercícios militares conjuntos recentes dos Estados Unidos e aliados europeus que envolvem cenários de uso de armas nucleares no território russo, o que considerou uma ameaça irresponsável. Ele também denunciou os esforços para expandir a influência da OTAN na região Ásia-Pacífico, incluindo a formação de alianças político-militares sob o controle dos EUA.
O ministro russo criticou a tentativa do Ocidente de impor suas “regras” ao mundo, destacando a rejeição das propostas russas para garantias de segurança mútua na Europa sem alterar o status não alinhado da Ucrânia. Lavrov ressaltou a importância de organizações como o BRICS e a Organização para a Cooperação de Xangai, que buscam um lugar justo na arquitetura multipolar emergente.
O discurso de Lavrov concluiu com um apelo à reforma da arquitetura de governança global, enfatizando a necessidade de representatividade equitativa nas instituições internacionais. Ele destacou a importância de um G20 despolitizado e chamou a atenção para a reabilitação de nazistas em alguns países europeus, questionando seu compromisso com os princípios das Nações Unidas.
Chanceler russo apela por reforma da governança global: o que isso significa?
O discurso do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, na 78ª Assembleia Geral da ONU, provocou debates sobre os desafios enfrentados pelos EUA e seus aliados europeus da OTAN. A Sputnik consultou o analista de diplomacia geopolítica e econômica Robinder Sachdev, presidente-fundador do Instituto Imagindia, para esclarecer estes tópicos.
Um ponto marcante levantado pelo ministro russo em seu discurso foi a questão dos dois pesos e duas medidas dos políticos ocidentais, afirmou Sachdev, comentando a preocupação do presidente francês Emmanuel Macron com a expansão do BRICS, ao mesmo tempo que aparentemente ignora a interferência da OTAN na região Ásia-Pacífico.
Sachdev, embora reconheça a ONU como plataforma vital para abordar questões sociais, afirma que a organização não consegue lidar adequadamente com a segurança global, o que demonstra a ineficácia das principais instituições internacionais existentes. Segundo o analista, a ONU tem enfrentado ineficiências, obstáculos burocráticos e a incapacidade de resolver questões geopolíticas complexas.
“A minha visão geral é que a ONU é uma plataforma muito bonita, mas não é uma plataforma eficaz”, ressaltou.
Dessa forma, o analista enfatizou a necessidade de reforma das Nações Unidas, para eliminar as ineficiências na prestação de ajuda e na obtenção de resultados tangíveis. Para concluir, Sachdev apresenta uma perspectiva sombria, mas pragmática sobre a mudança da política global.
“A realidade do mundo é que o mundo está se tornando multipolar. O mundo de hoje está se tornando uma matriz […] E nesta nova matriz mundial, que está em construção, haverá múltiplas ligações, equações, pressões”, afirmou.
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Tensões globais e a emergência de uma Nova Ordem Mundial | Por Sergei Lavrov
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