Desigualdade persistente: Riqueza de 105 indivíduos representa quase 9% do PIB da América Latina, alerta CEPAL

José Manuel Salazar-Xirinachs: Embora destaquemos a redução da pobreza em 2022, não há motivos para comemorar. Mais de 180 milhões de pessoas em nossa região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas.
José Manuel Salazar-Xirinachs: Embora destaquemos a redução da pobreza em 2022, não há motivos para comemorar. Mais de 180 milhões de pessoas em nossa região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas.

Publicado nesta quinta-feira (23/11/2023), o relatório anual da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) revela uma persistente disparidade econômica na região. A riqueza detida por apenas 105 indivíduos representou quase 9% do PIB em 2021, enquanto mais de 180 milhões de pessoas enfrentam dificuldades para atender às suas necessidades básicas.

De acordo com o “Panorama Social da América Latina e do Caribe 2023”, mais de 70 milhões de pessoas na região não possuem renda suficiente para adquirir uma cesta básica de alimentos. O documento destaca que, embora a pobreza tenha diminuído em 2022, cerca de 29% da população (181 milhões de pessoas) ainda vive em situação de pobreza.

O relatório também aponta que a criação de empregos atingiu seu ponto mais baixo desde a década de 1950, com uma queda de 8,2% durante a pandemia em 2020, representando a única diminuição registrada nos últimos 70 anos. Entre os 292 milhões de ocupados na região, metade está em empregos informais, evidenciando uma crise de inclusão laboral.

José Manuel Salazar-Xirinachs, principal autoridade da CEPAL, ressalta que, embora a desigualdade de renda tenha diminuído em 2022, permanece alta. O decil de renda mais alto recebe 21 vezes mais do que o decil mais baixo. A região enfrenta um desafio duplo de baixo crescimento e altos níveis de pobreza e desigualdade, destacando a necessidade de uma transição da inserção laboral para a inclusão laboral.

O relatório ainda aborda lacunas de gênero persistentes nos mercados de trabalho, destacando que as mulheres enfrentam maiores taxas de desemprego e são prejudicadas pela carga de trabalho de cuidados. Além disso, a presença de migrantes no mercado de trabalho contribui para a economia, mas enfrenta obstáculos devido às condições precárias e instáveis de trabalho.

O estudo conclui enfatizando a importância de manter o crescimento do gasto público social para garantir a sustentabilidade financeira das políticas de inclusão laboral.


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