Na noite de quinta-feira (03/10/2024), José Ronaldo (União Brasil) e Zé Neto (PT) participaram de um debate acirrado transmitido pela TV Subaé, afiliada à Rede Globo, como parte da disputa pelo mandato prefeito de Feira de Santana. Durante uma hora de confronto, os dois candidatos trocaram acusações e críticas em torno de suas gestões e propostas, abordando temas centrais como saúde pública, segurança, infraestrutura e políticas sociais.
Saúde e a gestão dos distritos rurais
Um dos pontos mais polêmicos do debate foi a questão da saúde pública. Zé Neto criticou fortemente a atual gestão municipal e suas administrações anteriores, afirmando que “a saúde básica de Feira de Santana é o grande problema do nosso município” e que faltam investimentos em prevenção e atenção primária. Segundo ele, a negligência em áreas como a saúde e a infraestrutura nos distritos rurais tem prejudicado a população. Ele acusou ainda José Ronaldo de ter sido corresponsável por essa situação, ao afirmar que a gestão municipal, controlada por “seu grupo político”, falhou em atender adequadamente essas áreas.
Em resposta, José Ronaldo defendeu seu histórico, lembrando ações de sua gestão, como a doação de sementes para agricultores e a construção de creches e unidades de saúde em diversos distritos. “Nós levamos saúde a todos os distritos de Feira de Santana. Implantamos policlínicas nos maiores e unidades de saúde nos demais”, afirmou Ronaldo, acrescentando que pretende expandir os serviços caso retorne ao governo municipal.
Saúde: Críticas ao Atendimento e à Gestão de Recursos
A saúde pública foi um dos pontos centrais do debate. Zé Neto criticou a administração de José Ronaldo por, segundo ele, não priorizar a saúde básica do município. “O senhor não cuida da atenção básica, não cuida da prevenção na cidade, e até o piso salarial dos agentes comunitários de endemias o senhor não quis pagar”, afirmou Zé Neto. Ele também destacou a precariedade dos serviços de saúde nos postos e a falta de medicamentos em várias unidades.
José Ronaldo, por sua vez, rebateu as acusações mencionando ações que implementou durante seu mandato, como a criação de policlínicas nos distritos e a ampliação do número de postos de saúde. “Fizemos muito pela saúde de Feira de Santana. A implantação das policlínicas em distritos maiores e a criação de postos de saúde nos menores foram iniciativas importantes que trouxeram saúde para mais perto das pessoas”, declarou.
Ambos os candidatos discutiram a fila de regulação hospitalar, uma questão que afeta diretamente os moradores da cidade. José Ronaldo responsabilizou o governo estadual pelo problema, mencionando que mais de 300 pessoas morrem por ano aguardando vagas em hospitais. “Essa fila de regulação é um sofrimento que a população de Feira não pode mais suportar”, afirmou Ronaldo.
Zé Neto, porém, destacou a falta de médicos e recursos nos postos de saúde como uma das causas do aumento da demanda por leitos hospitalares. “O senhor fala da fila de regulação, mas o problema começa com a falta de atenção básica, sem médicos e sem medicamentos nos postos, o que faz com que os casos simples se agravem”, criticou.
Infraestrutura e o BRT: promessas não cumpridas
Um dos momentos mais tensos do debate foi quando Zé Neto acusou José Ronaldo de falhas na execução do sistema de transporte público BRT (Bus Rapid Transit). Segundo Zé Neto, o projeto, iniciado durante a gestão de José Ronaldo, não foi concluído conforme prometido. “Nenhum corredor de tráfego de ônibus funciona, nenhum foi construído de fato”, criticou. Ele também mencionou que obras relacionadas ao BRT causaram problemas de drenagem na cidade, agravando as inundações em áreas críticas.
José Ronaldo defendeu-se alegando que as obras do BRT foram auditadas e aprovadas pela Caixa Econômica Federal e que os viadutos e trincheiras construídos em sua gestão são fundamentais para a mobilidade urbana de Feira de Santana. “Realizamos as obras, e elas estão em pleno funcionamento. O trânsito da cidade depende dessas infraestruturas”, disse o candidato, refutando as críticas.
Direitos humanos e inclusão social
Outro tema sorteado no debate foi direitos humanos. Zé Neto abordou a importância de políticas inclusivas para a população de Feira de Santana, especialmente para grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros e a comunidade LGBTQIA+. Ele questionou José Ronaldo sobre o que sua gestão fez em relação à proteção e inclusão dessas minorias. “As questões sociais implicam muito no dia a dia das pessoas. O que o senhor tem a dizer sobre políticas de direitos humanos?”, perguntou Zé Neto.
José Ronaldo respondeu de forma genérica, alegando que sempre trabalhou em parceria com todos os segmentos da sociedade. “Respeitamos todas as organizações sociais e fizemos uma política social abrangente, levando serviços para os bairros e distritos”, afirmou. No entanto, ele não detalhou políticas específicas para os grupos mencionados, o que levou a críticas por parte de Zé Neto sobre a falta de propostas concretas nessa área.
Considerações finais: visões contrastantes para Feira de Santana
Nas considerações finais, os candidatos reafirmaram suas visões contrastantes para a cidade. Zé Neto ressaltou a necessidade de modernizar a gestão e alinhar as ações do município com os governos estadual e federal.
“Temos uma grande oportunidade de dar uma virada de página na história de Feira de Santana, modernizá-la e resolver problemas estruturais”, afirmou ele, mencionando que a cidade precisa de uma nova abordagem para áreas como saúde e infraestrutura.
José Ronaldo, por sua vez, defendeu seu legado e pediu uma nova oportunidade para continuar seu trabalho à frente do município.
“O povo de Feira conhece Zé Ronaldo e sabe que ele cumpre com sua palavra. Vamos continuar investindo em saúde, educação e infraestrutura para melhorar a qualidade de vida na cidade”, concluiu o candidato.
O debate proporcionou aos eleitores de Feira de Santana uma oportunidade clara de comparar as propostas e os históricos dos dois principais candidatos à prefeitura. A eleição se aproxima com um clima de alta tensão política e incerteza sobre quem será o próximo a liderar o município.
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