Mensagens do delator Mauro Cid revelam comparações com Golpe de 1964 e planejamento golpista, afirma PF

Polícia Federal indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e outras ações voltadas contra o Estado Democrático de Direito. Diálogos obtidos pela investigação revelam menções à ditadura militar de 1964 e planos para desestabilizar a democracia no Brasil.
Polícia Federal indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e outras ações voltadas contra o Estado Democrático de Direito. Diálogos obtidos pela investigação revelam menções à ditadura militar de 1964 e planos para desestabilizar a democracia no Brasil.

A Polícia Federal (PF) tornou público, nesta terça-feira (26/11/2024), trechos do inquérito que resultou no indiciamento de 37 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As investigações apontam que os envolvidos se organizavam em núcleos para desestabilizar as instituições brasileiras, tendo como parte de suas ações até mesmo o planejamento do assassinato de autoridades públicas.

Diálogos remetem ao golpe militar de 1964

Entre os elementos apurados, mensagens atribuídas a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fazem referência ao golpe militar de 1964. Em um diálogo com o tenente-coronel Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Cid relembra o episódio ao afirmar: “64 não precisou de ninguém assinar nada”. A troca de mensagens expõe a insatisfação dos envolvidos com a ausência de apoio do Alto Comando do Exército para concretizar o plano.

Cavaliere, em resposta, lamenta a falta de iniciativa, comparando a situação à indecisão inicial em 1964, até que “um surtou e votou a tropa na estrada”. Segundo a Polícia Federal, os termos utilizados nas conversas indicam frustração e reforçam os indícios de uma articulação para provocar um golpe de Estado.

Organização e objetivos do grupo

O relatório detalha que o grupo criminoso era composto por seis núcleos, com atividades destinadas a desacreditar o processo eleitoral e instigar instabilidade institucional. Além disso, a investigação aponta que os indiciados chegaram a planejar atos extremos, incluindo o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

A PF destacou que o plano golpista não foi adiante em razão da ausência de apoio suficiente entre as Forças Armadas. Apesar disso, os indiciados mantiveram ações coordenadas para desestabilizar a democracia, utilizando estratégias de comunicação para difundir narrativas contrárias ao resultado eleitoral de 2022.

Desdobramentos e acusações

Os 37 indiciados enfrentarão acusações que incluem tentativa de golpe de Estado e a prática de atos atentatórios ao Estado Democrático de Direito. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, determinou o levantamento do sigilo do inquérito, o que permitiu a divulgação das mensagens e de outras provas colhidas pela investigação.

Segundo a PF, a análise dos materiais apreendidos reforça o papel central do ex-presidente Jair Bolsonaro nas articulações, bem como o envolvimento de militares da ativa e da reserva em diferentes níveis.


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