A economia brasileira deve começar a sentir, já no próximo trimestre, os efeitos do aperto monetário promovido pelo Banco Central. A conclusão está no Relatório de Acompanhamento Fiscal de março, divulgado nesta quinta-feira (20/03/2025) pela Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado Federal e responsável por estudos e avaliações sobre as contas públicas.
De acordo com o relatório, as altas taxas de juros têm provocado uma retração nas atividades de consumo e investimento. Esse movimento, segundo a IFI, deve contribuir para uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo diante do desempenho positivo da safra agrícola recorde no início do ano.
Apesar da desaceleração, a instituição aponta que a economia ainda opera acima de sua capacidade potencial no curto prazo. A expectativa, contudo, é que essa situação se reverta a partir do segundo trimestre, quando o impacto das condições monetárias restritivas se tornará mais evidente.
A projeção da IFI para o PIB em 2025 foi mantida em 1,86%, abaixo das expectativas do Boletim Focus (2%) e da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2,3%).
Resultados fiscais
O relatório, assinado por Marcus Pestana, diretor-executivo da IFI, e por Alexandre Andrade, diretor da instituição, informa que o governo central registrou um superávit primário de R$ 54,2 bilhões no primeiro bimestre de 2025. Esse valor supera o resultado de R$ 21,2 bilhões obtido no mesmo período de 2024.
A melhoria no desempenho fiscal é atribuída à elevação das receitas primárias e à redução das despesas primárias, especialmente pela ausência da aprovação do Orçamento 2025 no início do ano e pela não repetição dos pagamentos de precatórios, realizados em 2024.
Riscos para a arrecadação
A IFI destaca que a manutenção da receita líquida em nível elevado será essencial para o cumprimento da meta de resultado primário estabelecida para 2025. No entanto, a esperada desaceleração da economia no segundo semestre representa um risco para a arrecadação tributária. O relatório observa que uma inflação alta poderá mitigar parte desse risco, ao impulsionar o recolhimento de tributos.
Efeitos das medidas econômicas
Outro ponto de atenção é a efetividade das medidas de contenção de gastos aprovadas no fim de 2024 pelo Congresso Nacional. Até o momento, segundo a IFI, os impactos dessas medidas não são perceptíveis nas despesas públicas. A instituição sugere um acompanhamento atento da execução orçamentária nos próximos meses.
Indicadores mantidos
As projeções para os principais indicadores econômicos foram mantidas em relação ao relatório anterior, de fevereiro. A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, permanece em 4,4% em 2025. A Selic, taxa básica de juros, foi confirmada em 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira (19). A estimativa para a cotação do dólar segue em R$ 5,95.
Perspectivas
Com as projeções inalteradas e diante do cenário de desaceleração econômica, a IFI reforça a importância de monitorar o comportamento da arrecadação e da despesa pública. A manutenção das receitas em patamares elevados será determinante para garantir a sustentabilidade fiscal ao longo do ano.
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