Quarta-feira (09/04/2025) — A alegada justificativa apresentada pela Prefeitura de Santa Bárbara, no interior da Bahia, para a suspensão do São João de 2025, estaria sendo usada para ocultar os reais motivos da decisão. Segundo apuração do Jornal Grande Bahia (JGB) junto a fonte que acompanha os bastidores da gestão municipal, os principais obstáculos seriam dívidas acumuladas com bandas que se apresentaram no São João de 2024 e pendências junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Conforme relata a fonte, o argumento divulgado publicamente pela Prefeitura — de que o cancelamento das festividades se daria para priorizar um investimento de R$ 3 milhões na aquisição de um terreno para instalação de um centro industrial — não passa de uma manobra especulativa do prefeito Edifrancio de Jesus Oliveira (PSD). A operação seria, segundo a denúncia, uma tentativa de desviar o foco das pendências financeiras e justificar a inviabilidade dos festejos juninos.
Falta de pagamento e passivos previdenciários inviabilizam o São João 2025
A suposta inadimplência da gestão municipal com artistas contratados no São João de 2024 tem gerado repercussões entre produtores culturais e fornecedores. Diversos prestadores de serviços ainda não teriam recebido os valores acordados, o que levanta questionamentos sobre a transparência e a responsabilidade fiscal da atual administração.
Paralelamente, débitos previdenciários com o INSS também impedem que a Prefeitura celebre novos convênios ou receba recursos federais, agravando o cenário financeiro e limitando a capacidade de investimento público em eventos culturais.
Projeto industrial é considerado tecnicamente inviável, segundo avaliação preliminar
A proposta de adquirir um terreno no valor de R$ 3 milhões para implantação de um centro industrial em Santa Bárbara também tem sido objeto de críticas. Especialistas ouvidos pelo JGB apontam que não existem estudos técnicos suficientes que comprovem a viabilidade da instalação de indústrias na região, especialmente no que diz respeito à capacidade de fornecimento de energia elétrica, gás natural e abastecimento de água.
Outro ponto de controvérsia é o modelo de incentivo adotado. Em vez de investir diretamente na aquisição de terras, o município poderia, conforme sugere a fonte, oferecer incentivos fiscais, como isenção de tributos municipais por um período de 10 a 15 anos, prática comum em políticas de atração de investimentos.
“Não se justifica a entrega de milhões de reais a aliados políticos do prefeito, donos da área pretendida, quando o mesmo efeito poderia ser alcançado sem o uso direto de recursos públicos”, aponta a fonte ouvida pela reportagem.
Prefeito é criticado nas redes sociais
O cancelamento do São João de Santa Bárbara, principal manifestação cultural da cidade, gerou forte reação de moradores, que acusam a gestão municipal de utilizar o projeto de um parque industrial como “cortina de fumaça” para decisões impopulares. A crítica circulou em grupos de WhatsApp que discutem temas locais, onde um cidadão, que preferiu não se identificar, apontou a contradição do atual gestor, lembrando que, embora seja o primeiro prefeito reeleito do município, poderá também ser lembrado como aquele que não realizou a tradicional festa junina.
“Vai entrar para a história como o primeiro prefeito que não realizou o São João da cidade. Culturalmente, é a maior tradição que nós temos”, afirmou.
O autor do comentário também questiona a falta de articulação política para obtenção de recursos via emendas parlamentares, PAC do Governo Federal ou apoio do governador Jerônimo Rodrigues.
Ele levanta ainda dúvidas sobre a existência real da empresa interessada no terreno e sobre a qualificação dos supostos 400 trabalhadores barbarenses que atuariam no empreendimento, afirmando que “o que mais tem é gente se fazendo de desentendida e tentando maquiar uma situação imaquiável”.
Gestão municipal falha na execução de projetos básicos
A credibilidade da atual gestão também é questionada em relação à execução de empreendimentos anteriormente anunciados. Um exemplo citado pela fonte é a fábrica de requeijão adquirida com recursos públicos, que funcionou precariamente por pouco tempo.
“Se a Prefeitura não conseguiu operacionalizar nem uma fábrica de pequeno porte, como pretende viabilizar um parque fabril de médio ou grande porte?”, questiona a fonte.
A crítica evidencia a incongruência entre os anúncios públicos da gestão e sua capacidade técnica de execução, revelando possíveis fragilidades na estrutura administrativa do município.
Confira vídeo
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