Pela manhã, às 9h30 (hora local), foi celebrada a Missa Pro Eligendo Pontifice, presidida pelo Cardeal Decano Giovanni Battista Re. A liturgia ocorreu na Basílica de São Pedro e reuniu todos os membros do Colégio Cardinalício, além de milhares de fiéis. Durante a homilia, o Decano destacou a necessidade de oração, discernimento espiritual e fidelidade ao Evangelho para a escolha do novo líder da Igreja Católica.
O cardeal Re afirmou que “a eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna”, ressaltando o peso da responsabilidade confiada aos cardeais eleitores diante da expectativa do mundo.
Processão, juramento e isolamento na Capela Sistina
No início da tarde, os cardeais eleitores seguiram em procissão da Capela Paulina até a Capela Sistina, entoando a Ladainha de Todos os Santos e o hino Veni Creator Spiritus, invocando o Espírito Santo. Ao entrarem na Capela Sistina, cada cardeal fez o juramento de sigilo absoluto, comprometendo-se a votar com liberdade e consciência.
Após o juramento do último cardeal, foi pronunciado o tradicional “Extra omnes” (“Todos para fora”), e a Capela Sistina foi lacrada. A partir desse momento, os cardeais permaneceram em total isolamento, sem acesso a dispositivos eletrônicos ou comunicação externa, sob pena de excomunhão.
Primeira votação e sinal ao mundo: a fumaça preta
Às 21h (hora local, 16h em Brasília), a chaminé da Capela Sistina emitiu fumaça preta (“fumata nera”), indicando que nenhum dos 133 cardeais eleitores obteve os 89 votos necessários para ser eleito papa. A fumaça é gerada pela queima das cédulas misturadas com compostos químicos — preta quando não há consenso, branca quando há um eleito.
A multidão reunida na Praça de São Pedro, que aguardava o resultado sob forte expectativa, começou a dispersar após a confirmação visual da “fumata nera”.
Regras do Conclave: ritos, cédulas e apuração dos votos
Cada cardeal recebe uma cédula retangular com a inscrição em latim “Eligo in Summum Pontificem” (“Eu elejo como Sumo Pontífice”). Após preenchê-la, eleva a cédula à vista de todos e a deposita em uma urna sobre o altar.
Três cardeais atuam como escrutinadores, três como infirmarii (para colher votos de eventuais enfermos) e três como revisores. Os votos são lidos em voz alta, anotados e costurados com linha antes de serem queimados. Se o número de votos não corresponder ao total de eleitores, a votação é anulada.
O papel simbólico da “Sala das Lágrimas”
Ao ser eleito, o novo Papa é conduzido à “Sala das Lágrimas”, localizada atrás do altar da Capela Sistina. Nesse pequeno cômodo, o eleito se veste com a batina branca e medita em oração sobre a responsabilidade assumida. O nome do local se refere às emoções vividas ali por papas recém-eleitos, como Gregório XIV em 1590.
É nesse momento que o novo pontífice escolhe seu nome papal, como gesto simbólico de sua missão, inspirado por santos, predecessores ou aspirações espirituais.
Próximas etapas e nomes mais cotados
As votações continuarão com até quatro rodadas diárias (duas pela manhã e duas à tarde). Se nenhum candidato alcançar os dois terços após vários escrutínios, novas regras reduzem os nomes elegíveis aos dois mais votados.
Entre os nomes cotados pela imprensa internacional estão:
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Luis Antonio Tagle (Filipinas) – vinculado ao setor pastoral e à periferia global.
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Péter Erdő (Hungria) – com apoio de setores mais conservadores.
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Pietro Parolin (Itália) – atual Secretário de Estado, associado à diplomacia vaticana.
Participação brasileira no Conclave
Sete cardeais brasileiros participam como eleitores:
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Dom Paulo Cezar Costa – arcebispo de Brasília
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Dom Jaime Spengler – arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB
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Dom Sergio da Rocha – arcebispo de Salvador
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Dom Orani João Tempesta – arcebispo do Rio de Janeiro
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Dom Leonardo Steiner – arcebispo de Manaus
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Dom Odilo Scherer – arcebispo de São Paulo
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Dom João Braz de Aviz – com atuação recente na Cúria Romana
Dom Raymundo Damasceno Assis, com 88 anos, está presente no Vaticano, mas não participa da votação por ter ultrapassado a idade-limite.
Significado e desafios do novo pontificado
O novo Papa terá como missão:
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Dar continuidade às reformas da Cúria iniciadas por Francisco
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Combater os casos de abuso sexual dentro da Igreja
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Unificar correntes internas e garantir fidelidade ao Evangelho
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Reforçar a presença da Igreja no debate ético, social e espiritual em um mundo secularizado
O Papa também precisará lidar com tensões geopolíticas e com a necessidade de renovar a credibilidade institucional da Igreja diante das novas gerações.

Leia +
Habemus Papam: 133 cardeais definiram novo Papa para o terceiro decênio do século XXI
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