TCU aprova com ressalvas contas do Governo Lula referentes ao exercício de 2024

Análise técnica do TCU evidencia pontos de atenção na execução orçamentária do governo federal.
Relatório do Tribunal de Contas da União destaca riscos fiscais com renúncias de receitas, restos a pagar e aumento das despesas previdenciárias.

Nesta quarta-feira (11/06/2025), o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, por unanimidade, com ressalvas, as contas da Presidência da República relativas ao exercício financeiro de 2024, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi fundamentada no parecer prévio apresentado pelo ministro Jhonatan de Jesus, que apontou irregularidades e impropriedades na condução fiscal do governo.

Principais ressalvas destacadas pelo relator

O parecer destacou como irregularidade a concessão ou ampliação de benefícios tributários que resultaram em renúncias de receitas, sem o devido cumprimento das exigências legais estabelecidas. Além disso, o documento identificou duas impropriedades formais:

  • Divergência nos dados referentes à recuperação de créditos tributários;

  • Apresentação de fontes de recursos com saldos negativos, caracterizando, segundo o relator, um caso de improbidade administrativa.

Necessidade de mais transparência em emendas e projeções sociais

O TCU também recomendou ao Executivo federal que aperfeiçoe a divulgação de informações sobre emendas parlamentares, bem como sobre os investimentos vinculados ao Regime Fiscal Sustentável, instrumento que estabelece parâmetros para o equilíbrio das contas públicas.

Outro ponto de atenção foi a necessidade de aprimorar as projeções de gastos futuros com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), programa assistencial voltado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.

Preocupações com restos a pagar e previdência

Um dos pontos centrais do alerta do TCU refere-se ao estoque de restos a pagar inscritos em 2024, cujo valor totalizou R$ 311 bilhões, sendo 68% na modalidade não processada, o que representa uma alta real de 3,8% em relação ao ano anterior. Trata-se do maior volume registrado nos últimos dez anos.

Já em relação à despesa primária com benefícios previdenciários, o valor atingiu R$ 938 bilhões, o que equivale a 42,6% do total das despesas primárias da União em 2024. O déficit previdenciário totalizou R$ 419 bilhões, com redução de 6,5% em relação a 2023. A distribuição do déficit ocorreu da seguinte forma:

  • R$ 303 bilhões no Regime Geral da Previdência Social (RGPS);

  • R$ 56 bilhões no Regime Próprio dos Servidores Civis da União (RPPS);

  • R$ 51 bilhões no Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas;

  • R$ 8 bilhões vinculados ao Fundo Constitucional do Distrito Federal e à Previdência dos Servidores dos ex-territórios.

Competência do TCU e trâmite subsequente

Cabe ao TCU realizar, anualmente, a análise técnico-jurídica das contas da Presidência da República, verificando o cumprimento das normas fiscais e orçamentárias, como metas fiscais, limites de endividamento, aplicação mínima em saúde e educação, e a legalidade das renúncias de receita.

O processo resulta na elaboração de um relatório técnico e de um parecer prévio, que agora será encaminhado ao Congresso Nacional, responsável por julgar as contas presidenciais. A aprovação com ressalvas indica que, embora não tenham sido identificadas irregularidades suficientes para reprovação, existem fragilidades que devem ser sanadas para o aprimoramento da gestão pública.


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