MPBA lança Núcleo de Tratamento de Conflitos Agrários e Fundiários com atuação em toda a Bahia

Ministério Público da Bahia institui núcleo especializado para mediar conflitos agrários e fundiários em todo o estado, fortalecendo a atuação institucional na promoção de soluções pacíficas em disputas territoriais, diz Pedro Maia, procurador-geral de Justiça da Bahia.

Durante a programação do PGJ Itinerante, realizada entre os dias 9 e 11 de julho, no município de Barreiras (BA), o Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) lançou nesta sexta-feira (11/07/2025) oficialmente o Núcleo de Tratamento de Conflitos Agrários e Fundiários (Nuaf), com abrangência em todo o território baiano. A criação da nova estrutura foi formalizada por ato do procurador-geral de Justiça, Pedro Maia, que assinou o ato de constituição do Núcleo e designou os promotores de Justiça Luciana Khoury, Suélen Lima Casé, Jurgen Wolfgang e Rui César Farias dos Santos Júnior como membros da nova unidade.

Estrutura e objetivos do Nuaf

O Nuaf, sediado em Salvador e vinculado diretamente à Procuradoria-Geral de Justiça, atuará de maneira judicial e extrajudicial, com foco na mediação de conflitos, garantia de direitos territoriais e promoção da pacificação social. O Núcleo será apoiado por diversos Centros de Apoio Operacional do MPBA:

  • Caocif (Cíveis e Fundações)

  • CAODH (Direitos Humanos)

  • Ceama (Meio Ambiente e Urbanismo)

  • Ceosp (Segurança Pública e Defesa Social)

Além disso, contará com suporte metodológico do Centro de Autocomposição e Construção de Consensos (Compor), que aplicará técnicas especializadas de mediação, negociação e autocomposição.

Conflitos fundiários e agrários na Bahia

De acordo com dados apresentados pela promotora de Justiça Luciana Khoury, obtidos durante a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) entre 2016 e 2025, 76% das 131 comunidades tradicionais mapeadas em 44 municípios baianos ainda não possuem regularização territorial. Apenas 24% estão regularizadas, o que evidencia a necessidade de políticas públicas estruturadas e mediação qualificada dos conflitos.

Dados divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que, em 2024, a Bahia registrou 135 conflitos por terra, ocupando a terceira posição no ranking nacional, atrás apenas do Maranhão e do Pará. A Bahia possui uma das maiores concentrações de comunidades tradicionais do país, como povos quilombolas, indígenas, ribeirinhos e extrativistas.

Declarações institucionais

O procurador-geral Pedro Maia destacou que o Nuaf representa um avanço institucional significativo na busca por soluções que envolvam diálogo e corresponsabilidade social. “Chamamos de Núcleo de Tratamento, pois o MPBA não entregará uma solução unilateral. Ela será construída com a sociedade, de forma cooperada”, afirmou.

A promotora Aurivana Braga, coordenadora do Caocif, considerou a criação do Nuaf um passo estratégico para enfrentar disputas territoriais coletivas: “A iniciativa reforça o papel do MPBA como agente de transformação social e protetor dos direitos coletivos em um estado marcado por vulnerabilidades fundiárias”.

O promotor Hugo Casciano, coordenador do Ceosp, reforçou que o papel do MPBA não é criminalizar os conflitos, mas promover o diálogo institucional, inclusive com as forças policiais, garantindo que mandados de reintegração de posse sejam cumpridos de forma pacífica e negociada.

Por sua vez, o promotor Rogério Queiroz, coordenador do CAODH, destacou a importância da Resolução 230 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que estabelece diretrizes para o respeito aos territórios de comunidades tradicionais e para a promoção da regularização fundiária.

Interiorização e aproximação com a sociedade civil

A escolha de Barreiras para o lançamento do Nuaf durante o PGJ Itinerante reflete a estratégia de interiorização da atuação do Ministério Público, aproximando a Instituição das entidades civis locais, lideranças comunitárias e dos atores institucionais da região Oeste da Bahia, uma das mais afetadas por disputas fundiárias relacionadas à expansão agrícola, à grilagem de terras e aos conflitos envolvendo comunidades tradicionais.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.