Dois policiais militares foram presos na manhã desta quarta-feira (20/08/2025) durante a “Operação Krampus”, deflagrada pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA). A ação cumpriu seis mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara Crime da Comarca de Campo Formoso.
As medidas foram executadas nos municípios de Campo Formoso, Senhor do Bonfim e Juazeiro, alcançando inclusive instalações policiais. Foram apreendidos veículos, armas, celulares e outros materiais considerados relevantes para a investigação.
A operação foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) e pelo Grupo de Atuação Especial em Segurança Pública (Geosp), ambos do MPBA. Pela SSP, participaram a Força Correcional Especial Integrada da Corregedoria-Geral (Force) e a Corregedoria da Polícia Militar.
As buscas foram realizadas nas residências dos investigados, na sede da CIPE Caatinga e na 54ª Companhia Independente da PM (CIPM), em Campo Formoso. A integração entre os órgãos foi destacada como essencial para garantir a celeridade e a imparcialidade da investigação.
Alvos da operação e vínculo com o desaparecimento
Os presos são um subtenente da CIPE Caatinga e um sargento da 54ª CIPM, investigados pelo desaparecimento de Pedro Segundo Curaçá Chaves e Rafael Pereira da Silva, ocorrido em 18 de outubro de 2024 no povoado de Folha Larga, zona rural de Campo Formoso.
Segundo a apuração, as vítimas teriam sido rendidas por um grupo armado e conduzidas em dois veículos para destino incerto, sem que seus corpos fossem localizados até o momento. Há indícios do uso de um veículo oficial da SSP, vinculado a uma das unidades em que os militares atuavam.
Avanço das investigações e elementos reunidos
A investigação conduzida pela Force, acompanhada pelo Geosp, reuniu diversos elementos que apontam a participação direta dos policiais nos crimes. Entre as provas levantadas, estão testemunhos, registros de deslocamento e a utilização de viatura oficial no episódio.
A prisão preventiva foi considerada necessária para evitar interferências na apuração, dado o risco de obstrução de provas e intimidação de testemunhas. As autoridades informaram que as diligências seguem em andamento, com a expectativa de novos desdobramentos.
Desafios do controle da atividade policial
O caso expõe de forma contundente os desafios do controle da atividade policial no Brasil, sobretudo em regiões do interior onde a fiscalização institucional é mais vulnerável. A atuação coordenada do MPBA e da SSP demonstra avanço no combate a crimes praticados por agentes de segurança, mas também evidencia a gravidade da crise de responsabilização e confiança pública nas forças policiais.
A ausência de localização dos corpos amplia a gravidade do episódio, conferindo à investigação contornos de grave violação de direitos humanos. A depender do desfecho, a “Operação Krampus” poderá se tornar um marco na responsabilização de agentes estatais envolvidos em práticas de desaparecimento forçado.
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