Reportagem do jornal A Tarde informa que a prisão de Jailson Couto Ribeiro, conhecido como Jailson Jau, ocorrida na quinta-feira (16/10/2025), durante a Operação Primus, revelou uma suposta estrutura empresarial que usava a bandeira da Shell para disfarçar atividades de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo a Polícia Civil da Bahia, o grupo mantinha uma rede de postos de combustíveis associada à facção criminosa, operando sob a marca Shell, cuja licença no Brasil pertence à Raízen, empresa controlada pelo empresário Rubens Ometto. A Shell integra o Instituto Combustível Legal (ICL), uma organização não governamental que atua no combate à sonegação e à adulteração de combustíveis.
Operação Primus mobilizou mais de 170 policiais
A ofensiva policial contou com mais de 170 agentes, cumprindo cinco mandados de prisão — três na Bahia, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. As investigações apontam que os postos administrados por Jau eram utilizados para esquentar recursos ilícitos oriundos do tráfico de drogas e de outras atividades criminosas.
O grupo também seria responsável por fraudes na comercialização de combustíveis, com adulteração e venda irregular de derivados, o que gerava lucros expressivos para a estrutura criminosa. As autoridades seguem rastreando o fluxo financeiro e societário das empresas vinculadas à rede Lubrijau, controlada por Jau.
Trajetória empresarial e política de Jailson Jau
Preso em um hotel de luxo em Lençóis, na Chapada Diamantina, Jau é natural de Iaçu (BA) e residia em Feira de Santana, onde recebeu o título de cidadão honorário. Ele chegou a disputar o cargo de prefeito de Iaçu nas eleições de 2020 e 2024, além de apoiar, em 2022, a candidatura do deputado federal Dal Barreto (União-BA), alvo da sexta fase da Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal.
Nas redes sociais, o empresário costumava exibir viagens internacionais a destinos de luxo como Itália, Luxemburgo, Emirados Árabes e Espanha, além de postagens que sugeriam um estilo de vida de alto padrão. A polícia apura o vínculo financeiro entre essas viagens e o esquema de lavagem de dinheiro.
Raízen afirma uso ilegal da marca Shell
Em nota oficial, a Raízen, empresa licenciada para o uso da marca Shell no Brasil, informou que não mantém qualquer relação comercial com a rede Lubrijau, investigada na Operação Primus. A companhia alegou que o uso da identidade visual da Shell era feito de maneira ilegal e que já acionou judicialmente para a retirada completa da marca dos postos envolvidos.
“A Raízen reitera que não compactua com qualquer tipo de irregularidade e reforça seu compromisso com a transparência, integridade e respeito às normas legais em todas as suas operações e relacionamentos”, destacou a nota da empresa.
Fragilidades institucionais e o avanço do crime econômico
O caso expõe falhas na fiscalização do setor de combustíveis e na verificação do uso de marcas internacionais no Brasil. A aparente facilidade com que o grupo de Jailson Jau utilizou a bandeira da Shell sugere deficiências regulatórias e lacunas na comunicação entre órgãos públicos e empresas licenciadas.
Além disso, o episódio reforça o crescimento de uma nova face do crime organizado, que alia sofisticação empresarial, influência política e inserção no mercado formal. A infiltração do PCC em cadeias produtivas legítimas — como a distribuição de combustíveis — evidencia a fragilidade do controle econômico e institucional frente ao poder financeiro dessas organizações.

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