O Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de algodão, ultrapassando os Estados Unidos pela primeira vez em duas décadas. O resultado reflete o fortalecimento da cotonicultura baiana, que ocupa a segunda posição nacional, atrás apenas do Mato Grosso. Juntos, os dois estados respondem por cerca de 90% da produção brasileira, segundo o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do Banco do Nordeste (BNB), divulgados nesta quinta-feira (30/10/2025).
Produção e exportação alcançam recordes históricos
Durante o ciclo 2024/2025, o país produziu 4,11 milhões de toneladas de algodão, com exportações que atingiram 2,83 milhões de toneladas em pluma. As vendas externas geraram US$ 4,85 bilhões, representando um aumento de 6% em relação ao ciclo anterior.
Na Bahia, o desempenho foi impulsionado pela adoção de tecnologias agrícolas avançadas, pelo uso racional da água e pela adesão a certificações de sustentabilidade, fatores que elevaram o valor agregado da fibra no mercado internacional.
Grande parte dos produtores baianos participa dos programas Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Better Cotton, iniciativas que atestam boas práticas ambientais, trabalhistas e sociais. A certificação reforça o prestígio do produto nacional e o posiciona entre os mais valorizados do mundo, fortalecendo o programa Cotton Brazil, que promove o algodão brasileiro em mercados estratégicos como Índia, Vietnã, Paquistão e Egito.
Produtores e financiamento rural: o caso de Sérgio Pitt
No oeste baiano, o produtor Sérgio Pitt, da Fazenda Bela Vista, é exemplo do impacto positivo do crédito agrícola. Cliente do Banco do Nordeste desde 1998, ele mantém uma trajetória de quase três décadas de investimentos voltados à exportação da fibra.
Recentemente, Pitt contratou mais de R$ 12 milhões em operações destinadas à comercialização internacional do algodão produzido na Bahia, ampliando sua presença no mercado externo.
“O crédito do BNB, especialmente com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), tem sido fundamental para o crescimento da minha produção e para o fortalecimento do algodão baiano”, afirmou o produtor. “A instituição foi decisiva para impulsionar o negócio e contribuir para que o Brasil alcançasse a liderança global na exportação da fibra.”
Banco do Nordeste impulsiona cadeia produtiva e sustentabilidade
Os investimentos do Banco do Nordeste na cotonicultura baiana vêm crescendo em ritmo acelerado. Até setembro de 2025, o banco aplicou R$ 513 milhões no setor, um aumento de 124% em relação aos R$ 228 milhões do mesmo período do ano anterior.
Esses recursos financiaram desde o custeio da produção e aquisição de maquinário agrícola até projetos de inovação, irrigação e logística voltados à exportação.
O superintendente estadual do BNB na Bahia, Pedro Lima Neto, destacou o impacto estrutural desse apoio:
“O algodão baiano se destaca não apenas pelo volume, mas pela qualidade, sustentabilidade e competitividade internacional. O Banco do Nordeste atua em todas as etapas da cadeia produtiva — do plantio à comercialização —, contribuindo para consolidar a presença do produto em mercados estratégicos e assegurar a liderança brasileira nas exportações da fibra.”
Além de gerar renda e empregos diretos, o avanço do algodão tem impulsionado serviços de transporte, armazenagem e beneficiamento, fortalecendo o agronegócio baiano e ampliando a capacidade de atração de investimentos estrangeiros.
Crédito público eficiente
O desempenho da cotonicultura baiana exemplifica o papel estratégico da agricultura de alta tecnologia no desenvolvimento regional e na balança comercial brasileira. A combinação de crédito público eficiente, inovação agrícola e responsabilidade socioambiental projeta o setor como vetor de competitividade global.
No entanto, a dependência de mercados asiáticos e as variações cambiais representam desafios à sustentabilidade do crescimento. Além disso, a expansão produtiva deve ser acompanhada de políticas de infraestrutura e escoamento logístico, evitando gargalos que possam comprometer a competitividade externa e a preservação ambiental no Cerrado.
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