O deputado estadual Robinson Almeida (PT) criticou duramente, nesta sexta-feira (31/10/2025), a política ambiental da Prefeitura de Salvador. Segundo ele, a capital baiana “deixou de ser a cidade da luz e do vento para se tornar uma vitrine cinza”, em referência à falta de arborização e à priorização de campanhas publicitárias em detrimento de políticas verdes efetivas. O parlamentar responsabilizou o prefeito Bruno Reis (União Brasil) e o ex-prefeito ACM Neto por transformarem a paisagem urbana em “cenário de marketing”.
“Plantam propaganda, não árvores”, diz deputado
Durante pronunciamento, Robinson ironizou o contraste entre os slogans oficiais e a realidade das ruas: “Plantam propaganda, não árvores; cultivam slogans, não sombras. Os outdoors florescem enquanto as praças desaparecem. É um verde que só existe na publicidade.”
A crítica, marcada por tom simbólico, reforça a acusação de que a prefeitura teria priorizado ações de imagem em detrimento de investimentos estruturais em meio ambiente e qualidade de vida urbana.
Críticas à herança de ACM Neto e apelido “Bruno Motosserra”
O parlamentar também relacionou o problema à herança administrativa de ACM Neto, afirmando que o ex-prefeito “foi quem iniciou a troca do verde pelo marketing”. Segundo ele, “governava para as câmeras, não para as pessoas”.
Almeida utilizou o apelido “Bruno Motosserra”, usado por ambientalistas para se referir ao atual prefeito, e destacou que a marca da atual gestão é o aumento de gastos públicos sem resultados visíveis: “O que cresce não é a vegetação, é o gasto público.”
Contratos milionários e paisagem “cada vez mais seca”
O deputado citou a empresa ECO Irrigação e Jardim LTDA, responsável pelos contratos do programa Verde Vivo, vinculado à Secretaria Municipal de Sustentabilidade. Segundo ele, a empresa já recebeu mais de R$ 150 milhões desde 2015, sem que isso se refletisse em melhorias visíveis na arborização urbana.
“Os contratos se repetem e a paisagem continua seca”, afirmou o parlamentar, defendendo a necessidade de auditoria independente sobre os gastos públicos com manutenção de áreas verdes e irrigação.
Corredor Verde: promessa cara e resultado duvidoso
Robinson destacou que, em 2025, a prefeitura lançou o projeto Corredor Verde, prometendo o plantio de 115 árvores na Pituba, ao custo de R$ 1,8 milhão. Um mês depois, observou, o contrato com a mesma empresa foi renovado.
Para o parlamentar, a medida representa um “paisagismo de fachada” que mantém Salvador “cada vez mais cinza”. Segundo ele, “falta compromisso real com sustentabilidade e sobra marketing institucional”.
Uso de recursos públicos
As declarações de Robinson Almeida evidenciam um embate político que vai além da crítica ambiental: apontam para uma disputa simbólica sobre o conceito de modernidade urbana. A denúncia de “paisagismo de fachada” insere-se no debate nacional sobre o uso de recursos públicos em campanhas de imagem. Se comprovadas as irregularidades nos contratos citados, o caso poderá abrir precedente para investigações sobre políticas de sustentabilidade em grandes capitais brasileiras. A retórica do deputado também reflete a crescente insatisfação com gestões que priorizam comunicação visual em detrimento de transformações urbanísticas concretas.
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