Os trabalhadores do setor de petróleo rejeitaram de forma expressiva a contraproposta apresentada pela Petrobrás e suas subsidiárias no âmbito do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025, optando pela aprovação do estado de greve e manutenção de assembleia permanente.
A decisão desta segunda-feira (10/11/2025), consolidada após deliberações dos 14 sindicatos que compõem a Federação Única dos Petroleiros (FUP), evidencia a insatisfação generalizada da categoria diante da condução das negociações pela empresa. O movimento aponta resistência a retrocessos em direitos trabalhistas e à política de redução de custos operacionais considerada prejudicial aos trabalhadores.
FUP cobra retomada das negociações e questiona PDV
A FUP comunicou oficialmente o resultado das assembleias à Petrobrás, Transpetro, PBio, Ansa, Termobahia e TBG, cobrando a retomada imediata das negociações. Uma nova reunião está agendada para terça-feira, 11 de novembro, quando a direção da Petrobrás deverá apresentar respostas sobre o Plano de Desligamento Voluntário (PDV) e as mudanças unilaterais nas jornadas de médicos e odontologistas — medidas que, segundo a federação, violam o princípio da negociação coletiva e a autonomia sindical.
Eixos centrais da campanha nacional dos petroleiros
Durante as assembleias, os trabalhadores reafirmaram os três eixos centrais da campanha reivindicatória nacional:
- Solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que penalizam aposentados e pensionistas;
- Distribuição justa da riqueza gerada pela categoria, assegurando condições dignas de trabalho, saúde e segurança;
- Defesa da pauta por um Brasil soberano, contra privatizações e mudanças no modelo de negócios da Petrobrás.
A federação também tem reiterado a urgência da recomposição de efetivos e da convocação dos cadastros de reserva dos concursos públicos, apontando a relação direta entre déficit de pessoal, saúde ocupacional e segurança operacional.
Quitação da PLR 2019 encerra impasse histórico
As assembleias aprovaram ainda o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) 2019, referente aos três primeiros meses daquele ano, período ainda abrangido pelo ACT então vigente.
O acordo, negociado pela FUP, estabeleceu valor igual para todos os empregados do Sistema Petrobrás, encerrando uma disputa que se arrastava há mais de cinco anos e simbolizando uma vitória da unidade sindical.
Tensões entre o Governo Lula e as estatais
A rejeição da proposta da Petrobrás ocorre em um contexto de tensões entre o governo federal e as estatais, especialmente diante das discussões sobre o papel estratégico da empresa na transição energética e na política de preços de combustíveis. A mobilização dos petroleiros reforça o peso histórico da categoria na defesa do caráter público e nacional da Petrobrás, tema recorrente desde a redemocratização.
O impasse em torno do ACT 2025 pode se transformar em um dos principais testes de negociação trabalhista do segundo mandato de Lula, confrontando o discurso de valorização do trabalhador com as restrições fiscais e o ambiente corporativo de uma estatal listada em bolsa.
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