Petroleiros rejeitam contraproposta da Petrobrás e aprovam estado de greve em todo o país; 14 sindicatos participam 

A categoria petroleira rejeitou a contraproposta de ACT da Petrobrás e aprovou estado de greve nacional. A FUP pressiona por soluções para o déficit da Petros, condições dignas de trabalho e defesa da soberania energética. Também foi aprovada a quitação da PLR 2019, encerrando impasse histórico e reafirmando a unidade sindical diante de um cenário de disputa entre custos corporativos e direitos trabalhistas.
Assembleias realizadas pelos 14 sindicatos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) rejeitaram por ampla maioria a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Petrobrás e subsidiárias, aprovando estado de greve e assembleia permanente até nova rodada de negociações.

Os trabalhadores do setor de petróleo rejeitaram de forma expressiva a contraproposta apresentada pela Petrobrás e suas subsidiárias no âmbito do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025, optando pela aprovação do estado de greve e manutenção de assembleia permanente.

A decisão desta segunda-feira (10/11/2025), consolidada após deliberações dos 14 sindicatos que compõem a Federação Única dos Petroleiros (FUP), evidencia a insatisfação generalizada da categoria diante da condução das negociações pela empresa. O movimento aponta resistência a retrocessos em direitos trabalhistas e à política de redução de custos operacionais considerada prejudicial aos trabalhadores.

FUP cobra retomada das negociações e questiona PDV

A FUP comunicou oficialmente o resultado das assembleias à Petrobrás, Transpetro, PBio, Ansa, Termobahia e TBG, cobrando a retomada imediata das negociações. Uma nova reunião está agendada para terça-feira, 11 de novembro, quando a direção da Petrobrás deverá apresentar respostas sobre o Plano de Desligamento Voluntário (PDV) e as mudanças unilaterais nas jornadas de médicos e odontologistas — medidas que, segundo a federação, violam o princípio da negociação coletiva e a autonomia sindical.

Eixos centrais da campanha nacional dos petroleiros

Durante as assembleias, os trabalhadores reafirmaram os três eixos centrais da campanha reivindicatória nacional:

  1. Solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que penalizam aposentados e pensionistas;
  2. Distribuição justa da riqueza gerada pela categoria, assegurando condições dignas de trabalho, saúde e segurança;
  3. Defesa da pauta por um Brasil soberano, contra privatizações e mudanças no modelo de negócios da Petrobrás.

A federação também tem reiterado a urgência da recomposição de efetivos e da convocação dos cadastros de reserva dos concursos públicos, apontando a relação direta entre déficit de pessoal, saúde ocupacional e segurança operacional.

Quitação da PLR 2019 encerra impasse histórico

As assembleias aprovaram ainda o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) 2019, referente aos três primeiros meses daquele ano, período ainda abrangido pelo ACT então vigente.

O acordo, negociado pela FUP, estabeleceu valor igual para todos os empregados do Sistema Petrobrás, encerrando uma disputa que se arrastava há mais de cinco anos e simbolizando uma vitória da unidade sindical.

Tensões entre o Governo Lula e as estatais

A rejeição da proposta da Petrobrás ocorre em um contexto de tensões entre o governo federal e as estatais, especialmente diante das discussões sobre o papel estratégico da empresa na transição energética e na política de preços de combustíveis. A mobilização dos petroleiros reforça o peso histórico da categoria na defesa do caráter público e nacional da Petrobrás, tema recorrente desde a redemocratização.

O impasse em torno do ACT 2025 pode se transformar em um dos principais testes de negociação trabalhista do segundo mandato de Lula, confrontando o discurso de valorização do trabalhador com as restrições fiscais e o ambiente corporativo de uma estatal listada em bolsa.


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