Bahia prevê queda de 4,0% na produção de grãos em 2026, com recuo em soja e milho, aponta primeiro prognóstico do IBGE

Primeiro prognóstico divulgado pelo IBGE indica retração na produção de grãos na Bahia em 2026, com quedas previstas nas safras de soja e milho, apesar de avanços importantes no algodão e em outras culturas pesquisadas.
Levantamento preliminar do IBGE projeta redução da safra de grãos para 2026, com destaque para queda na soja e no milho, e alta na produção de algodão herbáceo.

A produção de grãos na Bahia deverá recuar 4,0% em 2026, segundo o primeiro prognóstico divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira (13/11/2025), que estima colheita de 12,32 milhões de toneladas, abaixo do recorde de 2025. A projeção indica quedas expressivas em culturas estratégicas como soja e milho, ainda que haja avanço relevante no algodão herbáceo e crescimento em 16 das 26 safras investigadas.

Queda prevista na safra 2026 reflete retração de soja e milho

A primeira projeção para 2026 aponta que a Bahia deve colher 518,8 mil toneladas a menos de grãos em relação a 2025. O recuo está diretamente associado ao desempenho mais fraco de culturas de grande peso econômico, como a soja, cuja produção deve cair 1,0%, passando de 8,606 milhões para 8,523 milhões de toneladas.

Essa redução ocorre apesar de a área plantada permanecer estável, em 2,144 milhões de hectares. A expectativa é de queda no rendimento médio, que recua de 4.015 kg/ha para 3.977 kg/ha, impulsionando a retração.

Projeções nacionais indicam movimento semelhante no país

O prognóstico nacional também aponta desaceleração. Em 2026, o Brasil deve colher 332,7 milhões de toneladas de grãos, volume 3,7% inferior ao recorde estimado para 2025. Ainda assim, a produção brasileira de soja deve crescer 1,1%, alcançando 167,7 milhões de toneladas, movimento que contrasta com o cenário baiano.

Milho deve registrar fortes quedas nas duas safras na Bahia

O milho aparece como o produto com maior retração proporcional. A 1ª safra deve cair 24,9%, passando a 1,450 milhão de toneladas. A 2ª safra também deverá recuar, com queda de 4,2%, alcançando 772,8 mil toneladas em 2026.

A menor produtividade é atribuída a condições climáticas adversas, custos elevados e ajustes no planejamento agrícola que devem impactar diretamente o rendimento dos produtores.

Algodão herbáceo deve crescer 6,5% e consolidar Bahia como referência nacional

Na contramão da queda dos grãos tradicionais, o algodão herbáceo deve registrar alta de 6,5%, alcançando 1,911 milhão de toneladas. Caso a projeção se confirme, a Bahia manterá 20,5% da produção nacional, consolidando-se como o segundo maior produtor do país, atrás apenas de Mato Grosso.

O prognóstico reforça a tendência de expansão da cultura no Oeste baiano, impulsionada por tecnologia, infraestrutura de armazenagem e ambiente de negócios mais favorável.

Bahia deve ampliar produção em 16 das 26 safras avaliadas

Apesar da queda na safra total de grãos, o IBGE indica que 16 das 26 safras acompanhadas devem crescer em 2026. Entre os destaques:

  • Algodão herbáceo: +117.150 t (+6,5%)
  • Café arábica: +36.332 t (+40,9%)
  • Feijão 1ª safra: +20.300 t (+23,5%)

Ao mesmo tempo, retrações relevantes devem ocorrer em:

  • Cana-de-açúcar: -741.472 t (-11,9%)
  • Milho 1ª safra: -481.940 t (-24,9%)
  • Soja: -82.560 t (-1,0%)

Esses dados revelam ritmo desigual entre setores agrícolas, com ganhos em culturas de alto valor agregado e perdas em produtos de maior volume.

Safra recorde de 2025 impulsiona base de comparação

A estimativa de outubro para a safra baiana de 2025 reforça o desempenho histórico do setor. Com 12,839 milhões de toneladas, o estado deve registrar crescimento de 12,8% em relação a 2024, estabelecendo novo recorde produtivo.

O avanço é liderado por:

  • Soja: +1.074.090 t (+14,3%)
  • Cana-de-açúcar: +699.000 t (+12,6%)
  • Milho 1ª safra: +380.910 t (+24,6%)

No cenário nacional, a produção prevista para 2025 atinge um recorde de 345,6 milhões de toneladas, alta de 18,1% frente a 2024.

A Bahia segue na 7ª posição nacional, com participação de 3,7% da produção de grãos do país.

Revisões de outubro ampliam projeções positivas para 2025

A atualização de outubro elevou para 18 o número de safras com crescimento frente a 2024 na Bahia. A mudança mais relevante ocorreu no milho 2ª safra, cuja revisão positiva de 5,7% reverteu a tendência de queda e consolidou uma perspectiva mais robusta para o ano.

Já as maiores quedas previstas para 2025 incluem:

  • Tomate: -171.301 t (-48,4%)
  • Feijão 1ª safra: -50.700 t (-37,0%)
  • Sorgo: -18.510 t (-11,5%)

O conjunto dos dados confirma um cenário de transição, em que o desempenho excepcional de 2025 cria uma base elevada para 2026, tornando as oscilações mais perceptíveis.

Recorde histórico da safra de 2025

Os prognósticos do IBGE evidenciam um cenário de ajuste após o recorde histórico da safra de 2025. A queda prevista para 2026 não indica necessariamente retração estrutural, mas sim uma acomodação da produção a patamares mais realistas. A discrepância entre a projeção nacional de aumento da soja e a queda prevista na Bahia sugere desafios regionais específicos, possivelmente associados ao clima e à variabilidade do rendimento. Por outro lado, a expansão do algodão consolida um eixo estratégico para o agronegócio baiano, que ganha relevância em meio a mercados mais competitivos. A diversidade de resultados por cultura reforça a necessidade de políticas de adaptação climática, incentivo tecnológico e infraestrutura logística para garantir resiliência ao setor.


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