Operação Fogo Cruzado: Força-Tarefa desarticula esquema que sonegou mais de R$ 14 milhões em ICMS na Bahia; Empresário foi preso em Feira de Santana

Policiais civis e equipes da Força-Tarefa fiscalizam empresas e apreendem documentos durante a Operação Fogo Cruzado, que prendeu o empresário Alex Alves Lima, suspeito de liderar esquema de sonegação de ICMS no comércio de armas e munições.

Nesta terça-feira (02/12/2025), a Operação Fogo Cruzado levou à prisão do empresário Alex Alves Lima, 46 anos, em Feira de Santana, a 100 km de Salvador. Ele é apontado como suposto líder de um esquema que teria sonegado mais de R$ 14 milhões em ICMS no comércio varejista de armas e munições. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão em cinco municípios baianos, ampliando o cerco contra fraudes tributárias estruturadas.

As apurações conduzidas pela Inspetoria Fazendária de Investigação e Pesquisa (Infip), Ministério Público da Bahia (MPBA) e Polícia Civil indicam que o grupo empresarial praticava sonegação continuada, deixando de repassar o ICMS devidamente declarado ao Estado. O método, já conhecido em investigações fiscais complexas, envolvia sucessão empresarial fraudulenta e interposição fictícia de sócios, com o uso de “laranjas” para ocultar o verdadeiro controlador.

A rede de empresas vinculadas teria sido criada para postergar indefinidamente o pagamento dos impostos, mantendo a operação comercial ativa enquanto acumulava dívidas tributárias sem intenção de quitá-las. Segundo a Polícia Civil, o objetivo central era assegurar o funcionamento do negócio, apesar da inadimplência deliberada, e evitar responsabilização criminal direta.

O empresário preso, dono de clube de tiros e figura conhecida no ramo de armas e munições, foi identificado como o articulador da estrutura que dava sustentação ao esquema. Seu nome emergiu no cruzamento de dados fiscais e societários obtidos durante a investigação.

Lavagem de dinheiro e comércio de joias em foco

Além da sonegação, a Força-Tarefa apura indícios de lavagem de dinheiro, supostamente realizada por meio do comércio de joias. A atividade possui características que favorecem a ocultação de origem e dificultam o rastreamento de valores, permitindo ao grupo converter recursos ilícitos em ativos de alta liquidez.

Documentos, mídias digitais e materiais contábeis apreendidos nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Irecê, Jussara e Coração de Maria serão analisados para detalhar movimentações financeiras e identificar eventuais ramificações da organização criminosa.

Força-Tarefa intensifica combate às fraudes tributárias

A Polícia Civil destacou que a ação reforça a política de intensificação do combate a crimes fiscais, como declarar o ICMS e não repassá-lo, prática que tem sido utilizada como fachada para esquemas de maior complexidade. O comportamento reiterado configura crime contra a ordem tributária e causa impacto direto na arrecadação estadual.

Os investigadores reafirmaram que o ICMS, embora recolhido dos consumidores, não chegava aos cofres públicos, resultando em prejuízos à execução de políticas públicas essenciais, como saúde, educação e segurança. A prática é considerada especialmente grave por representar apropriação indevida de recursos pagos pela própria população.

A Força-Tarefa de combate à sonegação fiscal reúne o Gaesf/MP-BA, a Infip/Sefaz-BA e o Necot/Draco/Polícia Civil, integrando competências fiscal, investigativa e policial para enfrentar crimes econômicos de grande impacto regional.

Fragilidade estrutural e avanço das investigações

A prisão do empresário Alex Alves Lima demonstra a evolução da fiscalização tributária na Bahia, mas também expõe a fragilidade na estrutura de acompanhamento de empresas que operam reiteradamente na faixa da inadimplência. O uso de “laranjas” e sucessões empresariais artificiais confirma que parte do setor comercial explora brechas regulatórias para se manter ativa enquanto negligencia obrigações tributárias elementares.

O caso reforça a necessidade de sistemas mais integrados de monitoramento societário e fiscal, capazes de identificar rapidamente padrões anômalos. A suspeita de lavagem de dinheiro por meio do comércio de joias aponta para a existência de uma cadeia criminosa mais ampla, cuja investigação poderá revelar conexões com outros segmentos econômicos.

A Operação Fogo Cruzado, ao articular múltiplos órgãos estaduais, avança na responsabilização penal e fiscal, mas também evidencia a importância de medidas preventivas e de maior rigor no controle de licenças e registros em setores sensíveis, como o de armas e munições.

*Com informações do G1.


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