A Bahia encerrou 2023 com 39.898 fundações privadas e associações sem fins lucrativos (FASFIL) em atividade, o que representa 8,0% das empresas do estado e 123,4 mil empregos formais, segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (18/12/2025). O estado figura entre os líderes nacionais tanto em quantidade de entidades quanto em participação no tecido empresarial, com destaque para a predominância feminina no mercado de trabalho do setor e a vocação religiosa e de defesa de direitos das organizações.
Em 2023, as FASFIL baianas responderam por 8,0% das 498.785 unidades locais de empresas ativas no estado e por 4,8% do pessoal assalariado nas organizações formais. No ranking nacional, a Bahia deteve o 5º maior número absoluto de entidades do tipo e a 4ª maior participação delas no total de empresas entre as unidades da Federação. Em termos de emprego, ocupou a 6ª posição em número de trabalhadores e a 8ª em participação no total de assalariados.
No Brasil, havia 596.259 FASFIL em 2023 — 5,3% das 11,3 milhões de unidades locais ativas — empregando 2.684.780 pessoas (5,1% do pessoal assalariado). A participação baiana no universo nacional confirma a relevância regional do terceiro setor no estado.
Dinâmica de crescimento entre 2022 e 2023
O número de FASFIL cresceu em todas as unidades da Federação no período. Na Bahia, o total avançou 0,4%, de 37.980 para 39.898, com saldo positivo de 1.918 entidades. Nacionalmente, a expansão foi de 0,2%, com acréscimo de 22.933 organizações.
O aumento de entidades refletiu-se no emprego. Na Bahia, o total de trabalhadores assalariados nas FASFIL subiu 0,1%, de 120.591 para 123.380 (+2.789). No Brasil, a alta foi de 0,2% (+87.019). Apenas Roraima, Amazonas e Paraíba registraram recuo no número de trabalhadores.
Emprego e remuneração: comparação estadual e nacional
As FASFIL baianas pagavam, em média, 2,1 salários mínimos mensais em 2023, equivalentes a R$ 2.772, valor 8,7% inferior ao salário médio do conjunto das unidades locais empresariais formais no estado (2,3 salários mínimos; R$ 3.036).
No plano nacional, o salário médio das FASFIL foi de 2,8 salários mínimos (R$ 3.696), igual ao do total das empresas formalizadas. No ranking estadual de remuneração média das FASFIL, a Bahia ocupou a 16ª posição, atrás de Distrito Federal (3,9), São Paulo (3,2) e Rio Grande do Sul (3,0). No extremo inferior ficaram Amapá (1,7), Tocantins (1,7) e Rondônia (1,8).
Perfil da força de trabalho: maioria feminina e mais escolarizada
O terceiro setor na Bahia apresenta predominância feminina e maior escolaridade em relação ao mercado de trabalho geral. Em 2023, 66,6% dos empregados das FASFIL eram mulheres (82.156 pessoas). Para comparação, as mulheres representavam 41,4% dos ocupados no mercado baiano no 4º trimestre de 2023, segundo a PNADC.
Quanto à escolaridade, 31,0% dos trabalhadores das FASFIL baianas tinham ensino superior completo (38.267 pessoas), proporção quase duas vezes maior que a observada no mercado de trabalho geral (16,2%, PNADC).
Áreas de atuação: religião e defesa de direitos em destaque
As FASFIL em atividade na Bahia são, em sua maioria, relativamente recentes: 68,2% foram criadas a partir de 2001. O perfil setorial revela forte vocação religiosa e ênfase em desenvolvimento e defesa de direitos.
- Entidades religiosas: 29,5% do total (11.753).
- Desenvolvimento e defesa de direitos: 22,8% (9.078), com predominância de centros e associações comunitárias (3.774; 9,5%) e associações de moradores (2.326; 5,8%).
- Menor presença: habitação (12; 0,03%) e meio ambiente e proteção animal (258; 0,7%).
No Brasil, as entidades religiosas também lideram (35,3%), seguidas por cultura e recreação (15,0%). Habitação (0,1%) e meio ambiente (0,9%) permanecem entre as áreas menos representadas.
Metodologia e definição das FASFIL
O estudo FASFIL 2023 foi elaborado com base no Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE. Foram consideradas FASFIL as organizações que atendem simultaneamente a cinco critérios: privadas, sem fins lucrativos, legalmente constituídas, autoadministradas e voluntárias. Inseridas em movimentos sociais e iniciativas cidadãs, essas entidades influenciam agendas públicas, exercem controle social, colaboram na execução de políticas públicas e desenvolvem projetos de interesse coletivo.
Capilaridade
Os resultados reforçam o papel estrutural do terceiro setor na Bahia, tanto pela capilaridade — 8% do total de empresas — quanto pela capacidade de geração de empregos. A expansão acima da média nacional no número de entidades sinaliza dinamismo institucional, ainda que o crescimento do emprego tenha sido mais contido no estado.
Persistem, contudo, tensões relevantes: a remuneração média inferior à do conjunto das empresas formais e a concentração setorial em religião e defesa de direitos contrastam com a baixa presença em áreas estratégicas como habitação e meio ambiente. Esse desenho sugere desafios de diversificação e sustentabilidade financeira.
Do ponto de vista institucional, a maior escolaridade e a predominância feminina indicam um capital humano qualificado, mas colocam em pauta a valorização do trabalho e a eficiência das parcerias público-privadas para ampliar impacto social sem precarização.
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