Marjorie Moura discute desafios e conquistas do jornalismo na Bahia; Confira entrevista com a presidente do SINJORBA

A presidenta do SINJORBA, Marjorie da Silva Moura, avalia a gestão do secretário de Comunicação e a necessidade de valorização da categoria. Em entrevista ao Jornal Grande Bahia, ela aborda a criação de um plano de carreira e a luta pela obrigatoriedade do diploma.
A presidenta do SINJORBA, Marjorie da Silva Moura, avalia a gestão do secretário de Comunicação e a necessidade de valorização da categoria. Em entrevista ao Jornal Grande Bahia, ela aborda a criação de um plano de carreira e a luta pela obrigatoriedade do diploma.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Grande Bahia, a presidenta do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (SINJORBA), Marjorie da Silva Moura, expõe os desafios enfrentados pela categoria, como a falta de reconhecimento profissional e a crise de empregos no setor. Durante a conversa, Moura analisa a gestão do secretário de Comunicação, Robinson Almeida, elogiando suas iniciativas, como a realização das Conferências de Comunicação e a criação de um plano de carreira para jornalistas, uma conquista esperada por décadas.

Ela enfatiza a importância da reestabelecimento da exigência do diploma de jornalismo e a criação de um Conselho Federal, ressaltando que essas medidas são fundamentais para a valorização e o fortalecimento da profissão. Além disso, a presidenta defende a formação de jornalistas como empreendedores, ressaltando a necessidade de adaptação às novas demandas do mercado e a busca por oportunidades além do emprego tradicional. A entrevista destaca, assim, a relevância da mobilização da categoria na luta por seus direitos e pela melhoria das condições de trabalho.

Confira a entrevista

Jornal Grande Bahia (JGB): Como você avalia o trabalho do secretário estadual de Comunicação da Bahia, Robinson Almeida?

Marjorie Moura: O Sindicato dos Jornalistas da Bahia adotou uma postura inicialmente crítica em relação à indicação do secretário Robinson Almeida, pois ele não é jornalista, radialista ou diretamente vinculado à área de comunicação. No entanto, sua gestão surpreendeu positivamente, principalmente pela realização das Conferências de Comunicação na Bahia e pela criação do Conselho de Comunicação. Hoje, após pressão da nossa entidade e com a sensibilidade do secretário, foi publicado no Diário Oficial o plano de carreira dos jornalistas, uma conquista aguardada há décadas. Esse plano possibilita a valorização dos profissionais, garantindo-lhes uma trajetória de ascensão e um futuro mais seguro na profissão.

JGB: O plano de carreira se aplica apenas ao governo do Estado ou também abrange os poderes Legislativo e Judiciário?

Marjorie Moura: Ele é restrito ao Executivo, ou seja, ao Governo do Estado da Bahia. No caso da Assembleia Legislativa, seria necessário uma legislação específica e complementar, mas que poderia seguir o mesmo modelo adotado pelo Executivo. As necessidades dos profissionais de comunicação nessas esferas são semelhantes, e esperamos que esse avanço inspire outras áreas.

JGB: E quanto ao Judiciário?

Marjorie Moura: O Judiciário representa outra frente de batalha. Também lutamos para que seja implementado um plano específico para essa área.

JGB: A profissão de jornalista é uma das poucas que ainda não possui um Conselho Federal. Como está o andamento desse processo?

Marjorie Moura: Ainda estamos batalhando pela retomada da exigência do diploma, e a criação do Conselho Federal é uma luta paralela. Ambos os temas são discutidos com igual intensidade. No momento, temos projetos tramitando no Congresso Nacional, passando pelas comissões. Embora o avanço seja lento, acreditamos que a criação do conselho pode se concretizar num futuro próximo.

JGB: Como você avalia a profissão de jornalista no estado da Bahia?

Marjorie Moura: O cenário é bastante complexo. Nosso primeiro desafio é sermos reconhecidos como uma profissão regulamentada. A exigência do diploma é fundamental nesse processo. O jornalismo não pode ser tratado como algo que qualquer pessoa decide fazer de forma improvisada. Além disso, enfrentamos a redução de vagas e a extinção de postos de trabalho. É fundamental que os jornalistas sejam formados também como empreendedores, capazes de criar suas próprias oportunidades. A formação acadêmica atual ainda é falha nesse aspecto, pois nos prepara apenas para o emprego tradicional.

JGB: Você acredita que o empreendedorismo é uma solução para os novos profissionais?

Marjorie Moura: Sim, sem dúvida. Com o mercado de trabalho tradicional cada vez mais restrito, é crucial que os jornalistas busquem alternativas. O cenário atual exige que sejamos capazes de criar nossos próprios projetos e negócios. Precisamos ter o conhecimento técnico não só para atuar como jornalistas, mas também para administrar nossas próprias empresas.

JGB: Sobre a crise do emprego no setor, como você enxerga o impacto no jornalismo impresso, considerando sua experiência com o jornal A TARDE, que passou por cortes recentes?

Marjorie Moura: A cada nova mídia que surge, há uma percepção de ameaça às mídias tradicionais. No caso do jornal impresso, a competição com o jornalismo online é intensa, mas o impresso ainda tem um modelo de negócios sustentável, especialmente através da publicidade. Já o jornalismo online, embora tenha expandido significativamente, ainda enfrenta dificuldades para se sustentar financeiramente. É um desafio equilibrar a presença online e garantir a viabilidade econômica. A história mostra que novas tecnologias não necessariamente eliminam as anteriores. O rádio, por exemplo, continua forte, mesmo com o advento da televisão e da internet.

A entrevista foi realizada em 30 de janeiro de 2014, durante o I Fórum Baiano de Comunicação e Democracia, em Salvador.

Confira imagens

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