Os deputados federais do Partido dos Trabalhadores da Bahia (PT) Jorge Solla e Valmir Assunção puxaram o coro dos descontentes com a instabilidade causada na aliança liderada pela legenda no estado, cuja finalidade é dar continuidade ao ciclo de poder iniciado com a vitória de Jaques Wagner (PT) ao governo estadual, em 2006.
Os parlamentares não estão sozinhos no descontentamento causado com os fatos que sucederam ao anúncio do governador Rui Costa (PT) de que pretende disputar o mandato de senador nas Eleições 2022.
Em nota, o presidente estadual da legenda trabalhista, Eden Valadares, informou que o partido tem instância própria de deliberação. O comunicado permite interpretar que lideranças da legenda podem optar por lançar um novo nome, do próprio partido, na disputa ao governo da Bahia.
Situações e cenários
Fato é que o anúncio de Rui Costa provocou desdobramentos políticos que se manifestam nas seguintes situações, com possíveis cenários:
— Desistência de Jaques Wagner de disputar o pleito, mantendo o mandato de senador e atuando na coordenação política nacional da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidente da República;
— Renúncia de Rui Costa ao governo da Bahia, para disputar o mandato de senador;
— Entrega, por 9 meses, da gestão estadual da Bahia ao vice-governador João Leão (PP);
— Majoritária liderada pelo senador Otto Alencar, um ex-Carlista que sempre elogia o legado do Magalhismo e que tem como liderado políticos extremistas como o vereador Fernando Torres, presidente da Câmara Municipal de Feira de Santana; e
— Composição para disputar as eleições majoritárias da Bahia, em 2022, com Otto Alencar, governador; Rui Costa, senador e indicação do PP para o cargo de vice-governador.
Sem novos nomes para disputa
Ocorre que desde de o segundo semestre de 2021, a pré-candidatura de Jaques Wagner ao governo da Bahia, tendo Otto Alencar (PSD) com candidato ao Senado e a indicação do vice-governador pelo PP estava sendo trabalhada, mas, não sem resistência.
Aos 70 anos, no mandato de senador, Jaques Wagner se sentiu confortável e não demonstrava mais vigor para participar de nova disputa eleitoral com o próprio nome e nem energia para governar a Bahia, ainda assim, aceitou o convite para enfrentar diretamente o Magalhismo pela terceira vez.
Neste cenário, como o PT da Bahia chegou às eleições de 2022 sem um novo nome?
Rui Costa, no comando do governo da Bahia por 7 anos, não permitiu que nenhum dos filiados do PT se firmasse com nome na legenda em âmbito estadual e nas eleições municipais de 2020 desperdiçou a chance de apresentar um candidato do partido capaz de sucedê-lo.
O que fez Rui Costa, colocou uma militar sem expressão política para disputar o cargo de prefeita de Salvador e colecionou fragorosa derrota para o então prefeito ACM Neto (União Brasil) que, sem esforço, elegeu o amigo e correligionário Bruno Reis.
Ocorre que as pesquisas de opinião indicam favoritismo de ACM Neto no pleito de 2022 para o governo da Bahia e isto afeta o cenário político liderado pelo PT da Bahia, até então.
Ainda assim, os petistas e aliados estavam confiantes com possibilidade de vitória estadual e de manutenção e, ou, ampliação das bancadas estaduais e federais, desde que tivessem como candidato ao governo da Bahia Jaques Wagner e, este, contando com a candidatura do ex-presidente Lula poderia mudar os dados da pesquisa em uma trajetória que possibilitasse conquistar pela terceira vez o mandato de governador, equiparando o feito de Antônio Carlos Magalhães (ACM †1927 — ★2007).
Crise interna na legenda
O Jornal Grande Bahia (JGB) manteve contato com diversos políticos que participam da aliança liderada pelo PT e outras que fazem oposição. Além disso, recebeu comunicados e acompanhou publicações nacionais e locais que abordam o tema. O resultado disto é óbvio, e qual seja, uma crise que pode levar o PT e aliados na Bahia à derrota nas Eleições 2022.
Para além disso, incrédulos, correligionários questionam se Rui Costa pretende entregar o governo à ACM Neto e se não poderia, até mesmo, participar da chapa majoritária do União Brasil no estado.
Quantos aos aliados, maioria de base conservadora, aguardam o desfecho, porque, ao final, podem optar por um ex-seguidor do Magalhismo, ou pelo autêntico neto das forças de direita na Bahia.
Na outra ponta, os opositores celebram a desarmonia provocada pela escolha de Rui Costa em disputar o mandato de senador e esperam ampliar a frente nas pesquisas de intenção de voto, convidando aliados do Governo Rui Costa à participarem da disputa majoritária ao lado do União Brasil, partido oriundo da fusão do PSL com o DEM.
Otto Alencar quer unidade
Reportagem de Catia Seabra e João Pedro Pitombo, publicada nesta sexta-feira (25/02/2022) aborda, com precisão, o cenário de crise que envolve o PT, PSD e PP.
Segundo a reportagem, o nome de Otto Alencar tem o aval do ex-presidente Lula (PT), que se entusiasmou com a ideia como forma de atrair o PSD já no primeiro turno da corrida presidencial. Mas enfrenta as arestas de uma base que rachou após recuo de Wagner e a decisão do governador Rui Costa (PT) de ser candidato ao Senado.
A aliados Otto tem lembrado a necessidade de unidade e organização para lançamento de uma candidatura dessa magnitude. E tem repetido que não se preparou para ser candidato a governador, mas sim a senador.
Aliados próximos a Rui Costa garantem que a escolha de Otto Alencar para governo já está sacramentada e que o governador vai renunciar em abril para ser candidato a senador. O anúncio da chapa, dizem, deve acontecer na próxima semana.
Otto segue negando que já exista uma definição em torno do seu nome para ser candidato a governador.
“Minha candidatura ao Senado está mantida. Nunca disse que sou candidato a governador. Nem Wagner disse que não será candidato”, disse o senador à Folha nesta sexta-feira (25).
Em entrevista a jornalistas na Bahia nesta sexta, contudo, ele admitiu que chapa majoritária ainda está em debate e que as discussões devem se estender até depois do Carnaval.
Aliados próximos a Rui Costa garantem que a escolha de Otto Alencar para governo já está sacramentada e que o governador vai renunciar em abril para ser candidato a senador. O anúncio da chapa, dizem, deve acontecer na próxima semana.
Os petistas convocaram uma plenária para a próxima segunda-feira (28) na qual devem reunir deputados, prefeitos, vereadores e líderes do partido para reafirmar o apoio ao nome de Jaques Wagner.
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