Ao casal amigo Alessandra e Chico Bastos!
Civilização em processo de afirmação de sua identidade, o Brasil ainda permite que degenerem em graves problemas algumas de suas maiores possibilidades. Tal é o que sucede com nossos povos indígenas. A população estimada em três milhões de nativos, ao tempo da chegada das naus cabralinas – dois milhões ao longo do litoral e um milhão no interior-, hoje está reduzida a menos de setecentos mil, em razão de doenças, conflitos bélicos, ações genocidas e absorção cultural. Da área territorial do Brasil, de pouco mais de 8.511.000km², sem contar com o mar territorial, essa população autóctone, que representa cerca de 0,3% da população nacional de 213 milhões de almas, detém pouco menos de 14% do território brasileiro, números que lhe conferem a maior propriedade territorial per capita do Planeta.
Decorre de nossa incompetência coletiva, portanto, o estardalhaço nascido da discussão dos melhores métodos sobre como explorar riquezas naturais, nessas áreas, sem ferir os legítimos interesses dos sucessores dos povos que habitam as terras de Santa Cruz desde tempos imemoriais. Observe-se que, segundo o IBGE, essa população de 676.056 pessoas que falam 154 entre línguas e dialetos, se distribui em 262 povos que ocupam 727 áreas distintas, sendo 487 já reconhecidas e homologadas, 123 em processo de identificação, 74 autodeclaradas e 43 identificadas. Haja fôlego!
Além da posse de uma educação de qualidade, composta de conhecimentos e valores sólidos, o tipo de mentalidade presente nos diferentes povos constitui fator grandemente distintivo de suas possibilidades de pleno e saudável desenvolvimento. Os povos possuídos por uma mentalidade de abundância, em que prevalece a crença na existência do suficiente para assegurar a prosperidade geral e de cada um, avançam com firme celeridade, enquanto patinam, estiolando o passo, os povos dominados por uma mentalidade de escassez, regida pela certeza da soma zero, decorrente da crença em que o sucesso de uns só se realiza às custas do prejuízo de outros tantos, como é o caso brasileiro, em que prevalece, em muitos, a disposição de gastar cem para assegurar que o vizinho perca cinquenta, como acentuou Otávio Mangabeira, em afirmação do domínio popular. Tomemos como exemplo a CPI da COVID 19 que consumiu tantos recursos públicos e tanto espaço nos meios de comunicação para sequer ter parido um rato. Mesmo com um Judiciário disposto a fazer o jogo de facções políticas, ninguém é capaz de apontar um fato sequer, por menos significante que seja que tenha resultado de tanta expectativa e investimento público.
Desgraçadamente, no Brasil de nossos dias, a abordagem dos temas mais relevantes é adulterada pelos diferentes interesses político-partidários, de um modo que vem comprometendo a construção de vertentes sinérgicas que estão nas bases da construção da grandeza dos povos. Basta ver as características físicas dos índios de opereta que compõem as lideranças de várias tribos que passaram a viver na periferia de centros urbanos, onde não nasceram, nem seus pais e avós. Muitos dos índios da Coroa Vermelha, em Porto Seguro, mancomunados com marginais do MST e traficantes de drogas, são a expressão máxima dessa grotesca distorção que se desdobra, em múltiplas versões, Brasil afora, dificultando a triagem do que é direito inquestionável dos nativos originais brasileiros da picaretagem mais grosseira. É grande a presença de espertalhões tirando partido de nossas populações indígenas.
Versão, em larga escala, do que há de pior no espírito Macunaíma nacional!
*Joaci Fonseca de Góes, advogado, jornalista, empresário, ex-deputado federal constituinte e presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB).
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




