A Sociedade Filarmônica 25 de Março, fundada em 1868 na cidade de Feira de Santana, Bahia, é uma das instituições musicais mais antigas ainda em atividade no estado. Durante seus 155 anos de existência, a Filarmônica esteve profundamente envolvida na vida sociocultural de Feira de Santana, marcando presença em diversos eventos e cerimônias de grande relevância para a comunidade local.
Inicialmente, a Filarmônica se destacou por suas participações em procissões religiosas, passeios de trem, funerais e retretas durante a Festa de Sant’Anna, padroeira da cidade. Além disso, a Sociedade participou do carnaval de Salvador, de cerimônias fúnebres, de bailes de micareta nos primórdios dos festejos e de solenidades cívicas, consolidando sua presença em momentos-chave da vida pública de Feira de Santana.
Em 1968, ano que marcou o centenário da instituição, a Sociedade Filarmônica 25 de Março realizou uma excursão para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Durante essa visita, a Filarmônica foi recebida pelo maestro Othônio Benvenuto da Silva, da banda do Corpo de Bombeiros, e teve a honra de se apresentar nas escadarias do Theatro Municipal, na Rádio Nacional e no Palácio das Laranjeiras, onde foram recebidos pelo então presidente da República, General Arthur da Costa e Silva.
Outro marco significativo na trajetória da Filarmônica foi sua participação no I Campeonato Nacional de Bandas, promovido pelas instituições M.E.C., FUNARTE, I.N.M. e Rede Globo. A 25 de Março conquistou o terceiro lugar na competição e gravou duas obras no disco oficial do evento: o dobrado “Allah”, de Estevam Moura, e a marcha “Eliana Meireles”, de Tertuliano Santos. Apesar dos feitos e da importância histórica, a partir da década de 1970, a instituição começou a enfrentar um período de decadência.
Os desafios enfrentados pela Sociedade Filarmônica 25 de Março ao longo das últimas décadas refletem as mudanças sociais e econômicas pelas quais passou Feira de Santana. O processo de urbanização e industrialização, a modernização e a alteração na relação entre o campo e a cidade reduziram a relevância da instituição, culminando em sua inatividade por mais de uma década. A situação foi agravada por pendências jurídicas, degradação da sede, um corpo musical reduzido a sete integrantes, todos em idade avançada, e a falta de renovação entre os músicos.
Após um longo período de inatividade, a resolução das pendências administrativas possibilitou a criação da Escola de Música Maestro Estevam Moura, em 2014, com o objetivo de formar novos membros para o corpo musical da Filarmônica. No ano seguinte, a banda de música retomou suas atividades, resgatando seu papel histórico e cultural na cidade. Atualmente, a Sociedade Filarmônica 25 de Março conta com 24 músicos, que se apresentam em diversas ocasiões públicas, desde procissões em bairros e distritos até concertos em escolas, coretos e solenidades cívicas.
Essas apresentações não apenas revitalizam a instituição, mas também fortalecem os laços com a comunidade e contribuem para a preservação da identidade cultural de Feira de Santana. O acervo da Filarmônica, composto por cerca de 600 obras, majoritariamente de compositores locais, é uma rica herança que continua a ser interpretada e transmitida às novas gerações, garantindo a perpetuação de sua relevância cultural.