Presidente Lula destaca avanços, desafios e impactos da Transposição do Rio São Francisco em entrevista coletiva

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Dilma Rousseff ao lado de trabalhadores da construção civil que realizam às obras do Eixo Leste, um dos canais que vão integrar o São Francisco.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em frente às obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco, em Custódia, Pernambuco, em 15 de outubro de 2009.

Durante visita às obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso do governo federal com a revitalização do rio e a transposição de suas águas para atender às necessidades do semiárido nordestino. A entrevista coletiva, realizada em 15 de outubro de 2009, reuniu emissoras de rádio de estados beneficiados, como Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Maranhão, e destacou os aspectos técnicos, sociais e históricos da obra.

Acompanhado por autoridades como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e os ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Dilma Rousseff (Casa Civil), Lula explicou o objetivo central do projeto: combater os efeitos da seca em uma das regiões mais afetadas pela escassez hídrica no Brasil.

“Este projeto é uma questão de justiça histórica com o povo do Nordeste”, afirmou o presidente.

Lula iniciou sua fala ressaltando que sua presença nas obras tinha como propósito fiscalizar e garantir a execução eficiente dos trabalhos. Em um tom descontraído, utilizou uma metáfora rural:

“Desde pequeno, aprendi que o porco engorda com os olhos do dono. Se não ficarmos de olho, os problemas aparecem e a execução não avança como deveria.”

Impacto Ambiental e Sustentabilidade

Um dos pontos mais sensíveis abordados na entrevista foi o impacto ambiental da transposição. Lula garantiu que o desvio de águas não afetará o fluxo do Rio São Francisco, argumentando que o volume retirado representa uma fração mínima de sua vazão.

“A água que será desviada, em grande parte, iria para o mar sem qualquer utilização. O projeto não apenas utiliza de forma racional esse recurso, mas também se complementa com ações de revitalização, como recuperação de matas ciliares e construção de sistemas de saneamento básico nas cidades ribeirinhas”, destacou.

Essas ações incluem a limpeza de afluentes e o combate à degradação das margens do rio, que há décadas sofre com o desmatamento e o despejo de resíduos. Lula mencionou que o governo federal investiu paralelamente em programas de educação ambiental para sensibilizar comunidades locais sobre a importância da conservação do rio.

Benefícios Econômicos e Sociais

O presidente enfatizou que o projeto terá efeitos transformadores no semiárido, ao garantir acesso à água potável para consumo humano, irrigação e criação de pequenos empreendimentos agrícolas.

“São 12 milhões de brasileiros que terão a vida transformada por esta obra. Não é apenas uma questão de infraestrutura, mas de dignidade”, pontuou.

Além disso, Lula citou o impacto econômico imediato gerado pela execução da obra, com cerca de 8 mil empregos diretos e indiretos.

“Estamos falando de uma região que sempre foi esquecida em termos de investimento. Hoje, estamos criando postos de trabalho, movimentando a economia local e garantindo oportunidades para trabalhadores nordestinos.”

Histórico e Persistência Política

Durante a entrevista, Lula lembrou as dificuldades enfrentadas por governos anteriores para viabilizar o projeto, cujos estudos remontam ao período imperial.

“Há mais de 150 anos se discute a transposição, mas nunca houve condições políticas, financeiras ou técnicas para executá-la. Nosso governo assumiu o compromisso e colocou o projeto como prioridade.”

O presidente afirmou que enfrentou resistência tanto de ambientalistas quanto de setores políticos. Contudo, ele destacou que o diálogo e os esclarecimentos foram fundamentais para superar objeções.

“Aqueles que vivem longe do semiárido muitas vezes não entendem a realidade dura enfrentada por essas famílias. Com o tempo, as pessoas perceberam que é uma obra necessária e justa.”

Cronograma e Expectativas

Ao abordar o cronograma, Lula declarou que o governo estava empenhado em entregar partes da obra até 2010, enquanto os trechos mais complexos seriam concluídos posteriormente. Ele reforçou a importância da continuidade administrativa para garantir a finalização do projeto e criticou a descontinuidade que afeta muitas obras públicas no Brasil.

“Meu compromisso é entregar o máximo que for possível durante meu mandato, mas é essencial que futuros governos mantenham essa prioridade, pois o impacto positivo será sentido por gerações.”

Visão de Futuro

Encerrando a entrevista, o presidente reiterou que o Projeto de Integração do Rio São Francisco não apenas atende às necessidades hídricas do semiárido, mas também simboliza a capacidade do Brasil de realizar grandes empreendimentos voltados para o bem-estar da população.

“Este é um marco. Não estamos apenas levando água, estamos levando esperança para milhões de pessoas.”


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