Ação entre UFBA e IPHAN promove restauro de terreiros de candomblé tombados

Vista do terreiro Omo Ilê Agboulá, na Ilha de Itaparica, é avaliado como primeiro terreiro de culto aos egungun (ancestrais masculino).
Vista do terreiro Omo Ilê Agboulá, na Ilha de Itaparica, é avaliado como primeiro terreiro de culto aos egungun (ancestrais masculino).
Vista do terreiro Omo Ilê Agboulá, na Ilha de Itaparica, é avaliado como primeiro terreiro de culto aos egungun (ancestrais masculino).
Vista do terreiro Omo Ilê Agboulá, na Ilha de Itaparica, é avaliado como primeiro terreiro de culto aos egungun (ancestrais masculino).

O terreiro Omo Ilê Agboulá, na Ilha de Itaparica, que é considerado o primeiro terreiro de culto aos egungun (ancestrais masculinos), foi restaurado através de uma parceria entre a UFBA e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que capacitou membros da comunidade e financiou as obras. Tombado desde 2015 como patrimônio nacional, o terreiro será reinaugurado com um ato no dia 23 de agosto de 2019.

A recuperação do espaço começou em 2018, e tornou-se urgente após a queda de uma árvore sobre o Ilê Awô (ou Casa do Segredo), o espaço mais importante do terreiro. A obra foi viabilizada por um convênio de cooperação entre o Iphan e a Universidade, através da Faculdade de Arquitetura e da Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sumai). O ato de tombamento está previsto para o dia 23 de agosto e, no dia 24, será realizado um seminário sobre aspectos arquitetônicos de terreiros, em comemoração dos 85 anos da casa, com a presença de historiadores, arquitetos, urbanistas e outros profissionais.

O acordo de cooperação começou em 2017, quando Marcos Rezende, coordenador do Coletivo de Entidades Negras da Bahia, pediu o apoio da universidade, através do superintendente de meio ambiente e professor da Faculdade de Arquitetura Fabio Velame. Naquele momento, além do Omo Ilê Agboulá, os terreiros Ilê Maroiá Láji (Alaketo) e Zogbodo Male Bogun Seja Unde (Roça do Ventura) – que, pela relevância histórica para a Bahia e o Brasil, também já haviam sido tombados pelo Iphan – enfrentavam dificuldades para realizar reparos na estrutura física de suas casas.

Na primeira fase do projeto de restauro, iniciada em 2018, as comunidades indicaram pessoas dispostas a se capacitar profissionalmente para executar a manutenção das casas. As aulas de capacitação aconteceram nos laboratórios da Faculdade de Arquitetura, onde os representantes das comunidades puderam aprender sobre leitura e confecção de plantas arquitetônicas, instalações hidráulicas e elétricas e construção de tetos.

Na segunda fase da cooperação – quando ocorreu a queda da árvore –, estavam sendo realizados os projetos executivos em conjunto com as comunidades, respeitando a cosmovisão de matriz africana. Foi esse o projeto usado pelo Iphan para a recuperação do Omo Ilê Agboulá, com supervisão da equipe técnica da Sumai.

Como, para um terreiro, a restauração deve ser feita para que o axé passe a fluir melhor no espaço, a terceira fase do projeto consistiu em um plano de conservação de curto, médio e longo prazo.

Atualmente, a comunidade do terreiro está concluindo a reconstrução do Ilê Awô, espaço que só poderia ser acessado por membros da religião. Segundo Velame, todos os participantes estão muito satisfeitos com o resultado do projeto, que, afinal, é resultado de uma luta de quinze anos da comunidade do Omo Ilê Agboulá.

Os terreiros Roça do Ventura, em Cachoeira, e o Alaketo, em Salvador, estão em fase de conclusão do projeto executivo participativo. Após a finalização do projeto, serão feitas licitações via Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão (Fapex) para realização das obras. A coordenação do convênio está sob a tutela da Faculdade de Arquitetura da UFBA e tem como promotores os professores Naia Alban, Fábio Velame, Daniel Marostegan e a Arquiteta Silvia D’Afonseca. A cooperação tem previsão de durar até o fim de 2020.


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