O coração eterno de Adrian Freedman. Internacionalização do Santo Daime | Por Juarez Duarte Bomfim

Adrian Freedman, Mestre Shakuhachi
Adrian Freedman, Mestre Shakuhachi

O compositor e multi-instrumentista inglês Adrian Freedman, viajou ao Japão para estudar shakuhachi — flauta zen japonesa — com o renomado mestre Yokoyama Katsuya.

Ali, naquele país oriental, conheceu aquela que viria a ser sua companheira e mãe dos 2 filhos, Noriko Takahashi, que o convidou para conhecer o Santo Daime.

Corria o ano de 1994, e a comitiva de Maurilio Reis e Maria Gregório (Neve), estava em visita ao Japão. Haveria um trabalho de concentração e hinário.

Foi naquela noite encantada que Adrian conheceu a luz de Jesus — que é o Daime.

Ayahuasca, o Vinho das Almas

Vinho das almas, liana dos espíritos, cipó dos mortos. O Daime é o vinho do êxtase espiritual. E depois que provou do vinho do êxtase espiritual, Adrian Freedman soube que nenhuma outra experiência podia ser igual.

Na miração, Deus fez com que Adrian experimentasse um sagrado estado mental, imerso na paz curativa. A alegria divina o elevou em Espírito. Ao sobrevir o profundo êxtase de Deus os seus pensamentos se aquietaram, banidos pelo comando mágico da alma. Ao beber a bem-aventurança Divina, que é o Daime, Adrian experimentou uma embriaguez de alegria que nem todo álcool do mundo poderia lhe proporcionar.

A miração é o estado de comunhão com Deus, quando se transcende a consciência mundana e se percebe o seu ser como Espírito, feito à imagem e semelhança do Divino. A consciência expandida levou Adrian Freedman ao despertar da sua destinação espiritual, e começar a compreender a Missão que lhe era reservada aqui no Mundo Terra.

Na Santa Luz do Daime, ele compreendeu que a memória divina é eterna. E a memória divina residia nele como Uma parte do Todo que se individualiza através do Espírito. Ao retirar o véu que encobre a Verdade, Adrian ligou-se firmemente ao seu aspecto eterno, a sua essência — que é Deus. E assim começou o seu retorno à casa do Pai.

Adrian Freedman, Mestre Shakuhachi

Adrian Freedman viveu no Japão por 7 anos, onde casou com a Noriko, em 4 de julho de 1997.

Estudou na Universidade de Kyoto e se tornou Mestre Shakuhachi — flauta zen japonesa. Como compositor e intérprete de música de cunho espiritualista, sua carreira artística de sucesso decolou. Dessa maneira, Adrian passou a ganhar a vida com o que mais gosta: tocando e cantando para Deus.

“Ganhar a vida” aí tem 2 sentidos: na matéria e no espírito. Pois é com a sua exímia arte musical que ele ganha o pão de cada dia, para prover a sua linda família; e é tocando e cantando música espiritualista que ele busca ganhar a vida eterna, e alcançar o paraíso celestial.

Enquanto residiu no Japão, Adrian fez recitais solo nos templos zen por todo o país, compôs e tocou trilhas sonoras para a dança contemporânea butoh, japonesa. Por reconhecimento à sua nobre arte, em abril de 2014, Adrian Freedman foi convidado por Sua Santidade o Dalai Lama a tocar sua flauta shakuhachi numa cerimônia em Kyoto, Japão.

Adrian Freedman e S.S. Dalai Lama (Kyoto-Japão)
Adrian Freedman e S.S. Dalai Lama (Kyoto-Japão)
Adrian Freedman e S.S. Dalai Lama (Kyoto-Japão)
Adrian Freedman e S.S. Dalai Lama (Kyoto-Japão)

Adrian residiu no Japão até 1998. De volta a Inglaterra, montou e dirigiu vários projetos de educação artística no Reino Unido, em intercâmbio internacional com músicos e dançarinos do Japão.

Fundou o The Eternal Heart Center em Totnes (Inglaterra), incorporando a música sacra na prática espiritual.

Todavia, Adrian tinha um sonho, uma quimera: conhecer e estudar a Doutrina da Floresta dentro da própria Amazônia – e para lá ele partiu, com a sua Noriko.

Do Monte Fuji à Floresta Amazônica

De lá do distante Japão, Adrian Freedman quis fazer uma imersão total na Doutrina do Santo Daime, conhecer a floresta e seus mistérios, estudar o/no país de origem da doutrina espiritual que ele escolhera e fora por ela escolhido.

Mudou-se então para Rio Branco – Acre – Brasil, e residiu na Colônia 5000, lugar onde o Padrinho Sebastião levantou a sua bandeira e dali saiu para “doutrinar o mundo inteiro”, sob orientação do Mestre Raimundo Irineu Serra, Rei Juramidã.

Aquele “gringo” foi logo bem acolhido na Colônia 5000, e contribuía com a sua excelência musical a embelezar os trabalhos de Hinário na Igreja do Daime. Carinhosamente, logo ganhou o apelido de “Leão Branco” — nome que dá título ao hino nº 26 do hinário O Cruzeiro Universal, do Mestre Irineu, fundador da Doutrina.

Esse apelido foi premonitório, pois algum tempo depois, quando em excursão musical-espiritual a África do Sul, Adrian conheceu rituais ancestrais de força e poder para o leão branco, em reservas naturais daquele país.

Ao fardar-se na Doutrina do Santo Daime, Adrian Freedman se tornou um soldado da Rainha da Floresta. Começou a receber o seu Hinário Coração Eterno, a ele enviado lá do mundo espiritual. Este hinário tem a peculiaridade de que os hinos são recebidos nas línguas portuguesa, inglesa e hinos bilíngues. Mistérios e encantos desta linda Doutrina.

Adrian conheceu a Vila Céu do Mapiá (Pauini – Amazonas), sede mundial do Iceflu – Igreja do Culto Eclético da Fluente Luz Universal, Patrono Sebastião Mota de Melo e igrejas daimistas do sudeste do país. Depois de uma longa temporada em solo brasileiro, retornou a Inglaterra.

Adrian Freedman, Song the Eternal Heart
Adrian Freedman, Song the Eternal Heart

Back to England

De volta ao “verde, também tão lindo, gramados campos de lá”, Adrian retoma a sua carreira de conceituado músico profissional, ao tempo em que, seguindo uma determinação espiritual, “abre trabalhos” na linha do Santo Daime.

Adrian Freedman, apóstolo perseguido do Santo Daime

O soldado da Rainha da Floresta, Adrian Freedman, ao abrir trabalhos de Daime/Ayahuasca nas terras de uma rainha mundana, passou a ser duramente perseguido, incriminado e, logo depois, encarcerado — devido a ignorância e intolerância das autoridades locais, que não reconhecem a bebida sagrada da Floresta Amazônica como um sacramento religioso-espiritual.

Sob acusação de que usava e distribuía uma “substância ilícita”, Adrian sofre as consequências da dura lei de drogas do seu país, Inglaterra. Cumpre pena em regime fechado e depois em prisão domiciliar. Tem o seu passaporte sequestrado.

Todavia, o que queremos destacar não são os sofrimentos impingidos ao compositor e multi-instrumentista inglês, pacífico e ordeiro cidadão do mundo, zeloso pai de família. Não, não é sobre isso que pretendemos discorrer.

O que, de fato, nos chama a atenção em todos esses tristes acontecimentos é a firmeza e a fé de Adrian Freedman, frente a todas essas provações.

O comportamento e atitude de Adrian, esse sim é motivo de alegria. Quer dizer, mesmo com toda perseguição, todo sofrimento que lhe foi imposto, em nenhum minuto ele vacilou na sua fé, na sua crença. Como os mártires cristãos de todos os tempos e épocas, Adrian se recusou a renunciar à fé no cristianismo da floresta e aos seus princípios.

Em outro momento histórico, por amor a Jesus Cristo o Apóstolo Paulo escreveu: “recebi cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em perigos de rios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez (II Coríntios 24-27).

Após se defender de todas as acusações que lhe foram feitas, Adrian Freedman foi inocentado e hoje é um homem livre, sem nada dever ao Poder Judiciário de seu país.

Cecilia Maringoni, Adrian Freedman, Noriko Takahashi, Juarez Bomfim e Luisa Noronha no paraíso praieiro de Imbassaí, Litoral Norte da Bahia - Brasil
Cecilia Maringoni, Adrian Freedman, Noriko Takahashi, Juarez Bomfim e Luisa Noronha no paraíso praieiro de Imbassaí, Litoral Norte da Bahia – Brasil
Fernando Figueiredo, diretor da empresa Surfterapia, no paraíso praieiro de Imbassaí
Fernando Figueiredo, diretor da empresa Surfterapia, no paraíso praieiro de Imbassaí

Adrian Freedman e o paraíso praieiro de Imbassaí, Litoral Norte da Bahia – Brasil

Atendendo ao generoso convite da amiga baiana Denny Fingergut, para conhecer o paraíso praieiro de Imbassaí, no Litoral Norte da Bahia, Adrian, Noriko e seus filhos adolescentes Taiyo e Aya Takahashi-Freedman, se enamoraram do lugar, que fizeram a sua segunda morada terrenal.

Aqui nesta praia semideserta, onde o rio desemboca no mar, essa adorável família fincou raízes e construiu belas amizades. Os meninos adoram. O intrépido Taiyo cavalga as ondas bravias, orientado pelo mestre surfterapeuta Fernando Figueiredo.

O Leão Branco da Floresta Amazônica aqui no paraíso praieiro do Mar da Bahia ganhou um novo e carinhoso apelido: Sarará — pois na rica mestiçagem baiana, sarará são os negros-loiros, queimados pelo inclemente sol nordestino.

Já há alguns anos os imbassaienses têm a honra e o privilégio de tê-los aqui no paraíso praieiro, 2 ou mais vezes ao ano, em longas temporadas de trabalho e lazer, para juntos entoar mantras, cantar hinário e celebrar o sol, a lua e as estrelas; a terra, o vento e o mar.

Salve Mamãe Oxum e Mãe Yemanjá.

Odoyá!

Adrian Freedman na Virada Musical Xamânica 2020
Adrian Freedman na Virada Musical Xamânica 2020

Adrian Freedman no Brasil em 2020

Adrian já tem agenda de apresentações no Brasil, para 2020. O músico inglês será a atração internacional da 4ª Virada Musical Xamânica. Uma Nova Consciência Através da Música, 11 e 12 de janeiro, no Céu da Lua Cheia, Itapecerica da Serra – São Paulo.

Certamente ele irá rever o Mar da Bahia, e uma seleta assistência musical lhe acompanhará nesta jornada sonora espiritual.

Tô nessa!

*Juarez Duarte Bomfim, sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Site Oficial de Adrian Freedman:

https://adrianfreedman.com/

Rainha das Águas – Adrian Freedman:

Noriko Takahashi canta Adrian Freedman:

Banner da LMarquezzo: Campanha Reserva Humaitá.
Sobre Juarez Duarte Bomfim 724 artigos
Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tem trabalhos publicados no campo da Sociologia, Ciência Política, Teoria das Organizações e Geografia Humana. Diversas outras publicações também sobre religiosidade e espiritualidade. Suas aventuras poético-literárias são divulgadas no Blog abrigado no Jornal Grande Bahia. E-mail para contato: juarezbomfim@uol.com.br.