A Neoenergia, holding que controla a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), obteve um lucro líquido de R$ 996 milhões no quarto trimestre de 2020, um avanço de 61% em relação ao mesmo período de 2019. A receita operacional líquida foi de R$ 10 bilhões, alta de 39%, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu na mesma proporção, alcançando R$ 2,1 bilhões.
Apesar do desempenho financeiro positivo, a concessionária enfrenta críticas constantes de consumidores e especialistas quanto à qualidade do serviço prestado e à baixa aplicação em infraestrutura.
Infraestrutura deficiente compromete qualidade do serviço
A precariedade no fornecimento de energia na Bahia tem sido atribuída ao baixo investimento da Coelba em manutenção e expansão da rede elétrica. A falta de modernização do sistema resulta em interrupções frequentes no fornecimento e variações de tensão, causando prejuízos às atividades econômicas e ao consumidor final.
Relatos apontam que não há investimentos significativos em projetos de rebaixamento das redes de alta tensão, limitando a expansão de atividades produtivas, como o agronegócio no oeste baiano. Empresários, diante da insuficiência da rede pública, têm sido obrigados a custear a construção de subestações e linhas de transmissão, que posteriormente são transferidas à Coelba, gerando críticas sobre a transferência compulsória desses ativos.
Empréstimos públicos e distorções de mercado
A Neoenergia, embora seja uma empresa listada na Bolsa de Valores (B3: NEOE3), financia parte de seus investimentos por meio de empréstimos subsidiados de bancos públicos. A prática levanta questionamentos sobre o equilíbrio competitivo e o uso de recursos públicos em uma empresa de capital aberto.
Além disso, há registros de que a companhia tenta evitar custos com comunicação obrigatória aos consumidores, ao solicitar a divulgação gratuita de interrupções programadas nos meios de comunicação, o que contraria as normativas de proteção ao consumidor, que exigem ampla divulgação e responsabilidade pelo ônus do serviço.
Falta de concorrência e regulação ineficaz
A falta de concorrência no setor de distribuição elétrica na Bahia contribui para a manutenção dos problemas relatados. A Coelba atua em regime de monopólio regional, limitando a pressão por melhorias e eficiência no serviço.
Analistas destacam que o Estado poderia utilizar instrumentos de regulação e fiscalização para garantir melhoria na prestação do serviço, mas há críticas sobre a atuação limitada do governo baiano, que ainda não avançou na abertura do mercado ou na imposição de medidas mais rigorosas à concessionária.
Consolidado financeiro da Neoenergia em 2020
Em 2020, a Neoenergia reportou lucro líquido de R$ 2,8 bilhões, um aumento de 26% em comparação a 2019. A receita operacional líquida da companhia atingiu R$ 31,1 bilhões, com alta de 13%, e o Ebitda anual cresceu 14%, totalizando R$ 6,49 bilhões.
No entanto, o volume total de energia injetada na rede caiu 1,5%, fechando o ano em 66.857 GWh, reflexo das medidas de restrição impostas pela pandemia da COVID-19 e da desaceleração da economia nacional, principalmente no segundo trimestre de 2020.
Baixa eficiência e serviços deficitários
O crescimento expressivo da Neoenergia ocorre em um contexto de baixa eficiência operacional e serviços deficitários, com impactos negativos para consumidores e empresas da Bahia. A estrutura monopolista e a limitada regulação estatal mantêm a concessionária em posição privilegiada, mesmo diante de reclamações recorrentes sobre a qualidade do fornecimento de energia.
*Com informações do Valor Econômico.
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