Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK) governou o Brasil de 1956 a 1961. Durante seu mandato conquistamos -pela primeira vez-, a Copa do Mundo. A indústria automobilística acelerava a industrialização, enquanto o brasileiro recebia o maior salário mínimo da História. O carro chefe da economia era o Estado. Apesar de ser um homem pacífico, Juscelino enfrentou diversas crises, inclusive a tentativa de um golpe para impedir a sua posse.
Durante seu governo o país sofreu duas rebeliões militares e várias CPIs no Congresso. Seu sucessor, Jânio Quadros, foi eleito prometendo acabar com a inflação e passar o país a limpo. Para dar ênfase às suas promessas demagógicas usou como símbolo uma vassoura. Não aguentando as pressões, renunciou ao governo, deixando o país numa crise sem precedentes. Imaginou voltar ao poder nos braços dos militares, que tinham certas reservas em relação ao vice-presidente.
Passada a crise, Jango tomou posse, mas teve de deixar o governo em razão do golpe de 1964. Segundo o historiador Marco Antonio Villa, JK era a melhor lembrança para promover a paz social e o desenvolvimento do país. Daí a necessidade de afastá-lo da vida pública, cassando o seu mandato. JK foi exilado e sofreu uma infinidade de injustiças e humilhações.
Ao assumir o governo após o golpe que culminou no suicídio de Getúlio Vargas, sofreu oito tentativas de golpe e algumas greves. Mesmo assim, interiorizou o país e mudou nossa matriz energética para a hidroelétrica. Construiu Furnas e fez o Brasil crescer 8,1% ao ano. A produção industrial cresceu 80% no período e a indústria de transformação 186% em Kw, derivados do petróleo, aço, carros e caminhões.
Quando assumiu o governo o país tinha 800 km de estradas asfaltadas com 14000 km de rodovias. Asfaltou quase todas. Tirou a Petrobrás do papel e nos deixou autossuficientes em petróleo e derivados. Rompeu com o FMI e aumentou nossa renda per capita em cerca de 23%, ampliando o mercado interno com uma arrojada política de crédito ao consumidor. Ao deixar o governo, o salário mínimo estava no maior nível real de sua história. Construiu Brasília e entregou um país pacificado ao seu sucessor.
Outro mineiro, atualmente esquecido, um dia será lembrado como Juscelino. Trata-se de Itamar Franco, que, com apenas dois anos de mandato, salvou a democracia recém reconquistada, modificou o sistema financeiro, criou o real e acabou com a correção monetária da ditadura, dominando a hiperinflação, que já durava uma década. Itamar promoveu o maior crescimento do PIB pós redemocratização, de 5% em média, e colocou o Mercosul para funcionar.
Além disso, fez uma minirreforma tributária com a criação de uma nova alíquota do IR para altos salários, revogada por Fernando Henrique Cardoso. Privatizou a CSN e apoiou FHC como seu sucessor, decisão essa da qual se arrependeu publicamente. Depois de JK e Itamar, o Brasil nunca mais teve uma primavera de esperança.
Luiz Holanda é advogado e professor universitário
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