O Brasil nas asas do dragão | Por Luiz Holanda

Os presidentes Xí Jìnpíng e Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia oficial de recepção realizada em Pequim, capital da China.
Os presidentes Xí Jìnpíng e Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia oficial de recepção realizada em Pequim, capital da China.

Antigamente, na China, o dragão (ou lung) era símbolo do poder imperial. Depositário de todas as qualidades: sabedoria, coragem, nobreza, força, beleza…, esse animal mítico é considerado um ser de natureza boa, uma identidade do próprio caráter do povo chinês, símbolo de boa fortuna com totens espalhados por todo o país.

O dragão simboliza o poder chinês, tanto o militar como o econômico, além de ser o maior mercado consumidor do mundo, com investimentos em quase todos os países, inclusive nos Estados Unidos. Essa supremacia, conquistada em pouco tempo e exercida de maneira competente, vem instigando inúmeras indagações em várias áreas do conhecimento, todas querendo saber como os chineses chegaram a esse estágio?

Os estudiosos são unânimes em afirmar que nenhum país do mundo criou tantas riquezas nos últimos anos. Em 2010, havia 64 bilionários chineses; oito anos depois (2018), 372. O empresário chinês Neil Shen é, atualmente, o maior investidor de tecnologia do mundo. Possui 25 empresas de capital fechado, denominadas “unicórnios”, valendo cada uma mais de 1 bilhão de dólares. Em maio de 2019 a China possuía 202 unicórnios.

Não é sem razão, pois, que o presidente Lula procure na China o apoio que não encontrou nos Estados Unidos. Temas como o comércio entre as duas nações, a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, bem como a possibilidade de transferência de tecnologia devem ser abordados com as lideranças chinesas.  Em 2022 a China importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional.

Lula precisa superar as dificuldades internas para ter sucesso na economia. Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, Lula “tem fragilidade de base de apoio no Congresso Nacional”, mesmo tendo distribuído cargos entre os partidos. Antes Lira havia dado uma declaração mais dura sobre a relação do governo com o Congresso. Em evento em São Paulo ele disse que o novo governo “não tem uma base consistente nem na Câmara e nem no Senado para enfrentar matérias de maioria simples”.

A fala de Lira decorre das dificuldades do governo para apresentar resultados. Após assumir o cargo, Lula obteve apoio do Legislativo para aprovar o levantamento do teto de gastos públicos planejado para o ano fiscal de 2023. O Governo foi autorizado a expandir os gastos em mais de R$ 145 bilhões, além dos programados por dotações orçamentárias anteriores. Considerando que o aumento das despesas não encontra a devida contrapartida em receitas, o Brasil perderá o superávit primário herdado do governo anterior. E isso foi confirmado pelo próprio ministro da Economia, Fernando Haddad. Enfim, como Deus é brasileiro, vamos rezar para que Lula Lula nos faça voar nas asas do dragão. Talvez haja algum resultado.

*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comitiva internacional em visita ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Huawei, em Xangai, China.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comitiva internacional em visita ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Huawei, em Xangai, China.

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