A Polícia Federal e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandres de Moraes, noticiaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do esquema de fraude em cartões de vacinação da Covid-19, e que o articulador desse esquema seria o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Além disso, acrescentaram que o ex-presidente tinha ciência da inserção fraudulenta dos dados no sistema do Ministério da Saúde: “Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, diz a PF.
O suposto conhecimento de Bolsonaro aparece no fato de o seu certificado de vacinação ter sido emitido nos dias 22 e 27 de dezembro no Palácio do Planalto. Para Moraes, não dá para acreditar que tudo foi feito à revelia do ex-presidente, como quer a Procuradoria-Geral da República (PGR), que, mesmo tendo reconhecido a existência de comprovação da materialidade da inserção de dados falsos de Bolsonaro e sua filha no sistema do Ministério da Saúde., entende que “Não há lastro indiciário mínimo para sustentar o envolvimento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro com os atos executórios de inserção de dados falsos referentes à vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde e com o possível uso de documentos ideologicamente falsos”. Essa manifestação foi assinada pela procuradora Lindôra Araújo, da PGR. Para complicar, a imprensa está dizendo que o coronel Cid vai inocentar Bolsonaro.
Seja como for, os sucessivos escândalos na política nacional demonstram que vivenciamos um choque gigantesco entre a civilização e a barbárie, haja vista o florescimento de um relativismo moral abrindo as portas da desordem e da ilicitude para a emolduração de uma paisagem degradante e anárquica. Hoje, no Brasil, impera o declínio moral e a indigência mental de figuras públicas que cultivam a extravagância e a indecência como forma de procedimento.
Nietzsche entendia o comportamento humano como “valores de décadence”, formado a partir de uma perspectiva da vontade de um poder que nega a vida, por ele considerados “valores esgotados”. E o processo de esgotamento desses valores é muito importante para se compreender a sua decadência. Não é sem razão, pois, a luta de Zaratustra em recorrer constantemente a sua teoria das forças para poder criar valores.
Um renomado jornalista escreveu que o Brasil perdeu a inteligência e a consciência moral, pois “Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Para ele, já não se crê na honestidade dos homens públicos. Quanto a classe média, ele afirmava que está se abatia progressivamente na imbecilidade e na inércia, e que os serviços públicos estavam abandonados a uma rotina dormente. A agiotagem explora o juro e a ignorância pesava sobre o povo como um nevoeiro. “A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. Não é uma existência; é uma expiação”.
Realmente, diante do que estamos vendo, não há princípio que não seja descumprido nem instituição que não seja escarnecida. Estamos perdendo a decência e a consciência moral. E isso é uma realidade.
*Luiz Holanda, é advogado e professor universitário.
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