Exclusivo: Deputado João Leão avalia Governos Lula e Jerônimo, VLT de Salvador, Ponte de Itaparica, distribuição dos recursos do PAC na Bahia e sucessão na Câmara dos Deputados

Deputado federal João Leão (PP) é entrevistado pelo jornalista cientista social Carlos Augusto, editor do Jornal Grande Bahia.
Deputado federal João Leão (PP) é entrevistado pelo jornalista cientista social Carlos Augusto, editor do Jornal Grande Bahia.

O deputado federal João Leão (PP) concedeu entrevista exclusiva ao jornalista e cientista social Carlos Augusto, editor do Jornal Grande Bahia (JGB). O encontro durou cerca de 40 minutos e ocorreu em Lauro de Freitas, na residência do destacado parlamentar, que é um dos líderes nacionais do Partido Progressistas.

Em decorrência da extensão e qualidade do que foi dito pelo ex-vice-governador da Bahia, a entrevista foi segregada em duas partes. Nesta primeira etapa, ele foi questionado sobre o Governo Lula, a gestão do governador Jerônimo Rodrigues na Bahia, os problemas com a execução das obras do VLT de Salvador e da Ponte de Itaparica, além da sucessão para presidência da Câmara dos Deputados.

Em síntese, o deputado João Leão avaliou diversos aspectos do Governo Lula, destacando contestações e a necessidade de o presidente assumir efetivamente a gestão. Quanto à relação com o Congresso Nacional, ele refutou a ideia de uma maioria conservadora, sugerindo uma abordagem além das divisões ideológicas. João Leão comentou a questão orçamentária, esclarecendo a origem de investimentos para a Bahia e criticando a distribuição desigual dos recursos.

Ele também opinou sobre o desempenho do governador Jerônimo Rodrigues, avaliando a paralisação de obras e oferecendo conselhos para melhorar a situação. No caso do VLT e da ponte Salvador-Itaparica, apontou a falta de gerenciamento eficaz como principal problema, ressaltando a necessidade de gestores competentes para evitar atrasos e custos elevados. Quanto às empresas chinesas, destacou a importância de uma gestão eficaz na parceria. Por fim, enfatizou a necessidade de transparência e eficiência na gestão de obras para evitar problemas futuros.

Pensamento político

O Jornal Grande Bahia inova na edição da entrevista e traz algumas das principais declarações do parlamentar sobre os temas abordados:

  1. “O primeiro ano do governo Lula foi um ano de contestações, olhando mais pelo retrovisor e culpando o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele precisa governar e tomar conta do governo dele.”
  2. “A relação do governo Lula com o congresso não é de maioria conservadora. Precisamos acabar com esse negócio de esquerda e direita e focar em resolver as questões do povo.”
  3. “Vejo Elmar Nascimento como um bom candidato para a presidência da Câmara dos Deputados. Mas ainda é cedo, temos muitos candidatos, incluindo dois da Bahia.”
  4. “Os recursos anunciados pelo ministro Rui Costa para a Bahia não são do orçamento da União. Há uma confusão entre PPI (projeto piloto de investimentos) e PAC (programa de aceleração do crescimento).”
  5. “Os recursos federais para infraestrutura deveriam ser investidos onde aumentariam a receita do estado, como na ponte Salvador-Itaparica e na duplicação da BA-001 no litoral sul.”
  6. “A Bahia precisa de investimentos em áreas que vão gerar receita, como o turismo. O turismo pode ser uma grande fonte de receita, como vemos em outros países.”
  7. “O governador Jerônimo Rodrigues ainda não mostrou um desempenho significativo no primeiro ano de gestão. Ele precisa sentar na cadeira de governador e tomar ações concretas para resolver os problemas do estado.”
  8. “No caso da ponte, é necessário ter um gestor competente. Sugeri nomes como Bruno Dauster, Roberto Muniz, Marcus Cavalcanti e Luiz G. para liderar a obra.”

Confira os questionamentos e respostas de João Leão, na Parte 1 da entrevista

Deputado João Leão, como avalia o primeiro ano do governo Lula?

João Leão: Olha, o primeiro ano do governo Lula foi marcado por muitas contestações. Lula parece estar olhando muito para trás, culpando constantemente Bolsonaro por todos os problemas. Ele precisa assumir o governo, deixar de lado essa questão e começar a governar de fato. No meu tempo como prefeito, no primeiro ano, eu cuidei da cidade, melhorei a educação, a saúde, construí hospitais e realizei diversas obras. Um governante precisa assumir a responsabilidade e governar.

Como o senhor vê a relação do governo Lula com o Congresso Nacional, considerando a maioria conservadora?

João Leão: Na verdade, o Congresso não é majoritariamente conservador. Eu sou de um partido progressista, e acredito que devemos superar as divisões entre esquerda e direita. O foco deve ser resolver os problemas do povo. Em relação à eleição para presidente da Câmara dos Deputados, vejo Elmar Nascimento como um bom candidato, mas ainda é cedo para afirmar com certeza.

O senhor tem uma vasta experiência na questão orçamentária da União. Como avalia os investimentos federais prometidos para a Bahia?

João Leão: É importante esclarecer que parte desses investimentos não provém do orçamento da União, como é o caso da ponte Salvador-Itaparica, que é uma parceria público-privada (PPP). O governo Lula incluiu as PPPs no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas é preciso autorização legislativa para realocar recursos do Projeto Piloto de Investimentos (PPI) para o PAC. Recentemente, contribuí para a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) permitindo essa utilização.

Considerando a distribuição desses recursos do PAC, avalia que foi distribuição foi adequada?

João Leão: Não, a distribuição dos recursos não foi bem equacionada. Cidades como Feira de Santana receberam pouco investimento, enquanto Salvador também não foi adequadamente contemplada. A Bahia precisa de investimentos em infraestrutura que gerem receita, como a duplicação de rodovias e o desenvolvimento do turismo. O governo federal deveria direcionar recursos para essas áreas.

Como avalia o desempenho do governador Jerônimo Rodrigues neste primeiro ano de gestão?

João Leão: Tenho uma grande admiração pelo governador Jerônimo Rodrigues, mas acredito que ele ainda não se dedicou totalmente ao cargo. É necessário que ele avalie e defina as prioridades do estado, especialmente na saúde, educação e infraestrutura. Grandes obras estão paralisadas, como a ponte Salvador-Itaparica, e é preciso uma atuação mais incisiva para destravar esses projetos.

O senhor se ofereceu para aconselhar o governador. O que o senhor sugeriria para melhorar a situação do estado?

João Leão: Eu já me ofereci para dar conselhos ao governador Jerônimo Rodrigues. Ele precisa sentar, estudar o estado e definir suas prioridades. Além disso, é fundamental retomar grandes obras paralisadas, como a Fiol, e buscar parcerias para impulsionar o desenvolvimento do estado. O foco deve ser em ações concretas para alavancar a Bahia.

Com relação ao VLT de Salvador. O que deu errado nesse projeto, levando ao cancelamento do contrato pelo Governo Jerônimo?

João Leão: A principal questão foi a falta de um gerente de contrato responsável. É essencial ter alguém capaz de gerir um projeto desse porte. O governo do estado precisa indicar uma pessoa que seja eficiente e capaz de acompanhar de perto o andamento da obra.

E quanto à previsão inicial de R$ 1 bilhão para a construção do VLT, com conclusão em 2024, e a nova licitação lançada com custo de R$ 3,6 bilhões? Como avalia essa situação?

João Leão: Essa situação evidencia a necessidade de uma gestão mais eficiente. A falta de um gerente de contrato contribuiu para esses problemas. Não podemos brincar com contratos desse porte, e é imprescindível ter alguém responsável pela execução dessas obras.

Mudando para a ponte Salvador-Itaparica, sabemos que existem atrasos recorrentes e o investimento inicial pelo consórcio CRC não acontece. Qual é a sua análise sobre essa situação?

João Leão: O consórcio CRC, formado por duas grandes construtoras chinesas, não avança com as obras, e o custo estimado para a ponte aumentou significativamente. Essa falta de progresso está relacionada à ausência de um gestor competente. Precisamos de alguém com experiência em gestão pública para tomar conta dessa obra importante.

E em relação aos chineses, já que mencionou empresas chinesas no caso do VLT, como o senhor avalia a confiabilidade dessas empresas na execução de projetos no estado, especialmente na Ponte Salvador-Itaparica?

João Leão: O caso do VLT mostra que nem todas as empresas chinesas são adequadas para todos os tipos de projeto. No caso da ponte, é necessário um gestor competente que possa lidar com parceiros chineses de maneira eficaz. Confiança é fundamental em qualquer parceria, e o governo precisa escolher gestores capacitados para lidar com essas situações.

O senhor sugeriu alguns nomes para assumir a gestão da ponte Salvador-Itaparica. Pode comentar sobre essas indicações?

João Leão: Sim, indiquei nomes como Bruno Dauster, Roberto Muniz e Marcus Cavalcanti, todos com experiência e competência para assumir a gestão dessa obra. É crucial ter alguém do governo da Bahia de confiança, que possa lidar com aspectos financeiros, como o financiamento dos bancos, e garantir o avanço da construção.

Como avalia a necessidade de transparência e gestão eficiente nessas obras para evitar problemas futuros?

João Leão: A transparência e uma gestão eficiente são essenciais para evitar problemas como os que estamos enfrentando. É fundamental que o governo do estado nomeie gestores capacitados, garanta a transparência nos processos e promova uma administração eficaz para que as obras sejam concluídas com sucesso.

Perfil de João Leão

João Leão, empresário e político, é filiado ao Progressistas (PP), foi vice-governador da Bahia, secretário de Planejamento e de Infraestrutura do estado, além de prefeito de Lauro de Freitas. Ele é oriundo de uma família tradicional de proprietários de engenhos em Pernambuco, tendo migrado na infância para o município de Barra, local que forjou a identidade baiana do proeminente gestor público de 77 anos. Atualmente, exerce o sexto mandato de deputado federal pelo estado da Bahia.

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