Após realocar-se de Pernambuco para Feira de Santana, na Bahia, Rener Manoel Umbuzeiro ascendeu como líder de uma proeminente família reconhecida na comunidade local pelos luxuosos sinais de prosperidade. Contudo, a manhã de 21 de fevereiro de 2024, uma quarta-feira, marcaria guinada significativa na percepção social acerca do empresário do agronegócio e seus familiares. O patriarca, cujo patrimônio englobava propriedades valiosas em seu nome, de membros da família e de terceiros, viu sua imagem transformar-se de notoriedade para infâmia nesse fatídico dia.
O Jornal Grande Bahia (JGB), empenhado em construir uma narrativa dialética, detalha a seguir os eventos e circunstâncias que envolvem a Operação Kariri. O veículo jornalístico compilou informações de comunicados da Polícia Federal (PF) e Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), e reportagens de fontes renomadas, como Jornal O Globo, UOL, Folha de S.Paulo e G1. Essa abordagem visa oferecer aos leitores uma visão abrangente da investigação federal, cujo objetivo era desmantelar um sofisticado esquema criminoso de produção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, protagonizado por uma família de alta posição financeira em Feira de Santana com ramificações interestaduais.
Confronto com arma de fogo
Detentor de uma fortuna estimada em mais de R$ 50 milhões, ao despertar na manhã de quarta-feira (21/02/2024) em uma de suas propriedades em Feira de Santana, Rener Manoel Umbuzeiro talvez não imaginasse que aquele seria seu derradeiro amanhecer. A chegada de uma equipe de policiais federais para executar o mandado prisão e os de busca e apreensão, emitidos pelo Poder Judiciário no contexto da Operação Kariri, transformou a atmosfera de uma manhã serena em um desfecho trágico.
Segundo o relato policial, Rener resistiu à ordem de prisão, disparando a arma de fogo contra os policiais, que revidaram em resposta a esse ato de violência, resultando na morte do principal investigado desse lucrativo suposto esquema interestadual que envolve produção, tráfico de drogas, investimentos no agronegócio e em imóveis de alto padrão financeiro. Empreitada criminosa que teve início quando ele ainda residia em Pernambuco.
Anos de investigação
Deflagrada pela Polícia Federal, Operação Kariri transcorreu com a colaboração com o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA).
Segundo a PF, as investigações foram iniciadas em 2019, culminando ao longo do tempo em três flagrantes nos quais foram confiscadas mais de uma tonelada da substância ilícita, juntamente com a erradicação de plantações de maconha.
“Essas ações possibilitaram a identificação do responsável pela organização criminosa e a compreensão de toda a cadeia envolvida na lavagem de capitais”, disse a PF em comunicado.
As investigações revelaram que uma família, proveniente de Pernambuco, reconstruiu suas operações criminosas na Bahia, mais precisamente em Feira de Santana, onde se envolveu no cultivo ilícito de cannabis sativa (maconha).
Segundo a PF e o MP, a organização, que acumulava lucros exorbitantes, direcionava recursos para a compra de imóveis de alto padrão e fazendas em nomes de terceiros, numa tentativa de ocultar o rastro do dinheiro ilícito. Surpreendentemente, cinco fazendas vinculadas ao principal alvo foram identificadas em nome de terceiros.
Esquema ilícito interestadual
Os crimes imputados aos envolvidos abrangem tráfico de entorpecentes, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A dimensão da operação se revela na mobilização de aproximadamente 100 policiais, cumprindo ordens judiciais na capital dos País e em 8 outras cidades situadas em três estados. A saber:
- Salvador/BA
- Feira de Santana/BA
- América Dourada/BA
- Morpará/BA
- Ibititá/BA
- Muquém do São Francisco/BA
- Brasília/DF
- Ibimirim/PE
- São Paulo/SP
Mandados de busca e apreensão
A resposta das autoridades foi contundente, com 7 mandados de prisão, 20 mandados de busca e apreensão e bloqueio de contas e bens que podem atingir a marca dos R$ 50 milhões. A Polícia Federal informa que apreendeu cinco armas, quatro veículos, seis apartamentos e cinco fazendas relacionadas ao esquema. Os imóveis rurais estavam em nome de terceiros.
Os presos
Foram presos preventivamente familiares do suposto líder da Orcrim Rener Manoel Umbuzeiro e da esposa, incluindo a filha Larissa Gabriela Lima Umbuzeiro, médica especializada em estética, o genro Paulo Victor Bezerra Lima, adepto de um estilo de vida saudável, e a esposa de Rener, Niedja Resende. Além de outros parentes de Niedja, a exemplo de Clênia Maria Lima Bernardes, irmã; Gabriela Raizila Lima de Souza, sobrinha; e Robelia Rezende de Souza, prima, cuja prisão foi convertida em domiciliar após audiência de custódia. Essas três últimas não tiveram divulgados os detalhes sobre possível participação na organização criminosa.
O casal Larissa e Paulo Victor, que se casou no ano passado após uma década de relacionamento, compartilhava não apenas o lar, mas também viagens a destinos como Itacaré, Chapada Diamantina e Praia do Forte.
Paulo Victor, genro do suposto chefe da organização criminosa, foi detido em Feira de Santana. Suas redes sociais evidenciam um estilo de vida saudável, com fotos frequentes em praias baianas e praticando esportes. Uma publicação notável inclui uma festa com o jogador Neymar, parte de um documentário sobre o atleta. Niedja Resende, identificada como esposa de Rener e mãe de Larissa, mantém um perfil discreto nas redes sociais.
O advogado de Paulo Victor Lima afirmou que seu cliente é de “reconhecida conduta ilibada” e confia na Justiça.
Principais Dados da Operação Kariri
Operação Kariri
- Deflagrada 21 de fevereiro de 2024 (quarta-feira) pela Polícia Federal com apoio do GAECO e MPBA.
- Investigação de organização criminosa envolvida em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
- Participação 100 policiais de diferentes órgãos na operação: PF, Gaeco, CIPE Cerrado, 28ª CIPM.
Investigações e Apreensões
- Início das investigações em 2019.
- Três flagrantes realizados, apreendendo mais de uma tonelada de droga e erradicando plantações.
- Identificação do responsável pela organização e da cadeia de lavagem de capitais.
Família Envolvida
- Família que se reestruturou em Feira de Santana, Bahia, após deixar Pernambuco. Início da atividade no plantio ilícito de cannabis sativa (maconha).
Modus Operandi da Organização
- Lucro revertido em compra de bens imóveis de alto padrão.
- Benefício para toda a família e parentes próximos.
- Utilização de contas bancárias de terceiros para ocultar o rastreamento do dinheiro pela Polícia Federal.
Atividades da Família ‘Agro’
- Umbuzeiro Agropecuária: Empresa de Rener Umbuzeiro, dedicada ao plantio de diversos produtos, dentre eles, milho, algodão, abacaxi, alho, batata-inglesa, cebola, feijão, criação de bovinos e produção de leite.
- Atuação como fornecedora de maconha para a região Nordeste.
Mandados de Busca e apreensão e Bloqueios de Bens
- Sete mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão.
- Bloqueio de contas bancárias e imóveis, totalizando aproximadamente R$ 50 milhões.
- Seis imóveis de alto padrão e cinco fazendas bloqueados na Bahia e em Pernambuco.
- Cinco armas de fogo
- Quatro veículos
- Número não determinado de cabeças de gado
Participação e Resposta Jurídica
- Envolvidos responderão por tráfico de entorpecentes, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Alvos dos mandados de prisão
- Rener Umbuzeiro: Chefe da família, falecido durante o cumprimento de um mandado de prisão.
- Larissa Lima: Filha de Rener Umbuzeiro, médica, envolvida na operacionalização financeira do esquema, presa preventivamente.
- Paulo Victor Lima: Genro de Rener Umbuzeiro, empresário, preso preventivamente.
- Niedja Resende, mulher de Rener Umbuzeiro: Detida pela Polícia Federal, envolvida na operacionalização financeira e lavagem de dinheiro.
Parentes de Niedja também presos
- Clênia Maria Lima Bernardes (irmã).
- Gabriela Raizila Lima de Souza (sobrinha).
- Robelia Rezende de Souza (prima). Ela teve prisão convertida em domiciliar após audiência de custódia.
- Não há detalhes sobre a participação delas na organização criminosa.
Cidades onde os mandados foram cumpridos
- Salvador/BA
- Feira de Santana/BA
- América Dourada/BA
- Morpará/BA
- Ibititá/BA
- Muquém do São Francisco/BA
- Brasília/DF
- Ibimirim/PE
- São Paulo/SP
O nome da Operação
A Operação foi nominada Kariri, cuja etimologia indígena significa “silencioso”.

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