A Ponte Salvador-Itaparica foi projetada para ter 12,4 km e será a maior ponte sobre lâmina d’água da América Latina, superando a Ponte Rio-Niterói, que tem 8,83 km sobre a água, e 72 m de altura em seu ponto mais elevado. A ponte terá duas pistas, cada uma com duas faixas e acostamento, e um trecho estaiado de 860 metros. A previsão é que a ponte reduza o tempo de viagem entre Salvador e Itaparica de uma hora e meia, por ferry boat, para cerca de 15 minutos, por carro.
O consórcio responsável pela Parceria Público-Privada (PPP) da Ponte Salvador-Itaparica é denominado Concessionária Ponte Salvador-Itaparica, formado pelas empresas chinesas China Communications Construction Company (CCCC) e China Railway 20 Bureau Group Corporation (CR20).
De acordo com estimativas da concessionária, o empreendimento terá fluxo médio diário de aproximadamente 20 mil veículos, e será cobrada tarifa de pedágio no valor de R$ 56,00 para automóveis de passeio.
O valor projetado tem sido alvo de críticas por parte de usuários, que apontam como parâmetro comparativo a tarifa atual do ferry boat, fixada em R$ 49,00 por veículo.
Em resposta, o consórcio afirma que a cobrança do pedágio é essencial para assegurar a viabilidade econômico-financeira do projeto, cujo investimento total é de grande porte. A concessionária acrescenta que o valor da tarifa será reajustado anualmente, conforme previsto em contrato.
O projeto faz parte do Programa de Integração e Desenvolvimento do Sul da Bahia (Proids), que prevê ainda a construção de uma rodovia expressa entre Itaparica e Santo Antônio de Jesus, a duplicação da Rodovia BR-101 entre Santo Antônio de Jesus e Gandu, e a implantação do Sistema Viário Oeste (SVO), que ligará a ponte ao acesso norte de Salvador.
A Ponte Salvador-Itaparica é um dos projetos mais ambiciosos do Governo da Bahia, que pretende integrar a capital do estado com a ilha de Itaparica e outras 44 cidades do Recôncavo Sul, Baixo Sul e Região Metropolitana de Salvador. A obra promete gerar cerca de oito mil empregos diretos e indiretos, além de impulsionar o turismo e o desenvolvimento econômico da região.
A expectativa do Governo da Bahia é que a obra da Ponte Salvador-Itaparica fosse iniciada em 2021 e conclusa em 2026, fato que não ocorreu.
O consórcio chines informou que o processo de sondagem para construção da Ponte Salvador-Itaparica teve início nesta quinta-feira (01/02/2024) e a conclusão desta etapa é prevista para dezembro de 2024.
O leilão na Bolsa B3
O leilão para a construção e administração da ponte ocorreu durante o Governo Rui Costa, em dezembro de 2019, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), e teve como vencedor o consórcio formado pelas empresas chinesas China Communications Construction Company (CCCC) e China Railway 20 Bureau Group Corporation (CR20), que ofereceram um deságio de 23% sobre o valor inicial da outorga, fixado em R$ 56,2 milhões.
A Concessão do Sistema Rodoviário Salvador-Ilha de Itaparica foi entregue ao consórcio formado pela 20th Bureau Group Corporation (CRCC20) e China Communications Construction Company (CCCC) e o consórcio formado entre as duas empresas terá um prazo de 35 anos para a concessão, sendo cinco anos para a construção e 30 anos para a operação.
O contrato entre o Governo da Bahia e o consórcio foi assinado em novembro de 2020, mas a ordem de serviço ainda não foi emitida. O motivo é a dificuldade para obter financiamentos de longo prazo para viabilizar o projeto, que está orçado em R$ 9 bilhões.
O valor atual do contrato é quase o dobro dos R$ 5 bilhões previstos na fase inicial do projeto e a estrutura não contempla implantação de um futuro sistema ferroviário e, ou, metroviário, conectado o continente a maior ilha da Baía de Todos os Santos por sistema de transporte de massa.
Quem são as empresas que formam o consórcio
China Railway 20th Bureau Group Corporation (CRCC20)
A CRCC20, uma subsidiária integral da China Railway Construction Corporation Limited (CRCC), é uma gigante global com quase 20.000 funcionários e um capital social de US$ 480 milhões. Fundada em 1949, a empresa já concluiu com sucesso mais de 100 projetos em 20 países e regiões, totalizando quase US$ 10 bilhões em contratos. Seu alcance internacional abrange desde ferrovias até projetos de habitação, conservação de água e rodovias, consolidando sua posição como uma das líderes globais no setor de construção e infraestrutura.
China Communications Construction Company (CCCC)
Por outro lado, a CCCC, uma colosso com mais de 60 subsidiárias e 100.000 funcionários, é uma potência reconhecida mundialmente em diversos segmentos. Em 2021, ocupou a 61ª posição no ranking Fortune Global 500. Além de liderar na construção portuária, estradas e pontes, a CCCC é a maior empresa de dragagem do mundo e destaca-se no design de plataformas de perfuração de petróleo offshore. Seu alcance global, com negócios em mais de 150 países, posiciona-a como uma peça fundamental na infraestrutura global.
Essa parceria estratégica entre o Brasil e esses titãs chineses promete não apenas revolucionar o Sistema Rodoviário Salvador-Ilha de Itaparica, mas também deixar um legado duradouro na evolução da infraestrutura nacional.
Dados do projeto da Ponte Salvador-Ilha de Itaparica
- Investimento e Finanças:
- Novo investimento de aproximadamente R$ 9 bilhões.
- Empregos:
- Geração de sete mil empregos.
- Abrangência Geográfica:
- Contemplará 10 milhões de baianos em cerca de 250 municípios.
- Tráfego diário:
- 20 mil veículos.
- Custo estimado do pedágio:
- R$ 56,00.
- Características da Infraestrutura:
- Ponte com 12.4 km sobre o mar, a maior da América Latina.
- Novos acessos viários em Salvador e Vera Cruz.
- 4 km de nova estrutura em Salvador, incluindo viadutos e dois túneis paralelos à Via Expressa.
- Nova via expressa com 22 km em Vera Cruz, da região de Mar Grande até as proximidades de Cacha Pregos.
- Duplicação de um trecho de 8 km da BA-001 desde Cacha Pregos até o início da Ponte do Funil.
- Parceria Público-Privada (PPP):
- Fruto de uma PPP entre o Governo da Bahia e o consórcio chinês.
- Consórcio chinês formado pelos grupos China Railway 20th Bureau Group Corporation (CR20) e China Communications Construction Company (CCCC).
- Contrato assinado em novembro de 2020, estabelecendo uma concessão de 35 anos para construção, operação e manutenção do equipamento.
Planejamento e execução das obras da Ponte Salvador-Itaparica
As obras da ponte Salvador-Itaparica têm um cronograma previsto de 48 meses corridos, com uma abordagem estratégica que engloba diversas fases desde o início até a conclusão do projeto. O primeiro passo consiste na desapropriação e demolição das áreas que apresentam conflitos com o empreendimento. Paralelamente, será iniciada a fase de locação da obra em campo, juntamente com o levantamento cadastral de interferências que possam impactar a execução do projeto, utilizando informações das concessionárias de serviços públicos.
Detalhamento do projeto por trechos
- Trecho 1 – Acessos Viários em Salvador:
- Compreende a construção de estruturas que formam os acessos em Salvador, estendendo-se entre os bairros da Calçada e Água de Meninos. Inclui a edificação de um conjunto de viadutos e dois túneis, alinhados de forma quase paralela aos já existentes na Via Expressa.
- Trecho 2 – Ponte Salvador – Ilha de Itaparica:
- Inicia-se após a conclusão do sistema viário de Salvador. A ponte, com uma extensão de 12.4 km, é dividida em três etapas:
- Trecho de aproximação na Ilha de Itaparica, com 4.6 km.
- Trecho de aproximação em Salvador, com 6.9 km.
- Trecho estaiado, com 0.9 km de comprimento e 85 m acima do nível do mar.
- Inicia-se após a conclusão do sistema viário de Salvador. A ponte, com uma extensão de 12.4 km, é dividida em três etapas:
- Trecho 3 – Acessos Viários em Itaparica:
- O Sistema Viário de Itaparica abrange aproximadamente 30 km, indo desde a chegada da Ponte Salvador–Itaparica até a Ponte do Funil. Esse trecho inclui a construção de uma nova rodovia projetada, que incorpora viadutos em três interseções distintas.
- Trecho 4 – Recuperação e Duplicação da BA-001:
- Envolvendo a recuperação e duplicação de um trecho da BA-001, esse segmento abrange desde as proximidades de Cacha Prego até a Cabeceira da Ponte do Funil.
O planejamento minucioso por trechos permite uma abordagem sistemática, garantindo a eficiência e a coordenação precisa durante cada fase do projeto. Essa estratégia abrangente visa não apenas a construção da ponte em si, mas também a implementação de melhorias significativas nos acessos viários em Salvador e Itaparica, proporcionando uma solução abrangente para a mobilidade na região.
Impactos e benefícios socioeconômicos da construção da Ponte Salvador-Itaparica
A construção da Ponte Salvador-Itaparica é um empreendimento de grande relevância para a Bahia e o Brasil como um todo. Além dos pontos mencionados na reportagem, aqui estão alguns aspectos adicionais a considerar:
- Impacto na Economia:
- Impulsionará a economia da Bahia, fomentando o desenvolvimento econômico.
- Atração de novos empreendimentos em áreas como logística, indústria, comércio, serviços e mercado imobiliário.
- Turismo:
- Impulsionará sustentavelmente o turismo na Bahia.
- Redução em mais de 100 km na distância entre Salvador e importantes zonas turísticas do estado, como o Sul e Baixo Sul.
- Redução de Tempo de Viagem: Uma das principais vantagens da ponte é a redução drástica no tempo de viagem entre Salvador e Itaparica. Isso não apenas melhorará a mobilidade, mas também incentivará o turismo e o desenvolvimento econômico na região.
- Impacto no Tráfego: Com um fluxo médio diário previsto de 20 mil veículos, a nova ponte também terá um impacto significativo no tráfego na região. Espera-se que reduza a sobrecarga nas balsas e ferries que atualmente atendem à demanda de transporte entre as duas localidades.
- Tarifa de Pedágio: A tarifa de pedágio de R$ 56,00 para carros de passeio gerou debates entre os usuários, especialmente em comparação com o custo do ferry boat. O equilíbrio entre a viabilidade econômica da obra e a acessibilidade para os cidadãos será um ponto crítico a ser monitorado.
- Impacto Ambiental: Projetos de grande porte como esse geralmente têm implicações ambientais. É importante que haja medidas adequadas de mitigação e conservação para proteger os ecossistemas locais, especialmente considerando que a obra atravessa uma região costeira sensível.
- Desenvolvimento Econômico: Além de gerar empregos durante a construção, a ponte tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico em toda a região, atraindo investimentos e fomentando o crescimento empresarial.
- Financiamento e Cronograma: A obtenção de financiamento de longo prazo para viabilizar o projeto tem sido um desafio. O atraso na emissão da ordem de serviço levanta questões sobre o cronograma e a entrega final da ponte.
A Ponte Salvador-Itaparica representa um empreendimento significativo para a Bahia e promete transformar a conectividade e a economia da região. No entanto, a superação dos desafios financeiros e logísticos será fundamental para o seu sucesso.

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