Capítulo 169 do Caso Faroeste: Fonte revela documentos que comprovam adulteração do Processo Judicial com a finalidade de retirar herdeiros da disputa pelas terras da antiga Fazenda São José

Fonte revela adulteração em processo judicial para favorecer interesses em litígio das terras da antiga Fazenda São José, em Formosa do Rio Preto. Em tese, situação prejudica legítimos herdeiros.
Fonte revela adulteração em processo judicial para favorecer interesses em litígio das terras da antiga Fazenda São José, em Formosa do Rio Preto. Em tese, situação prejudica legítimos herdeiros.

A análise sobre o Caso Faroeste revela não apenas um episódio isolado de corrupção, mas sim uma representação clara da deterioração ética do Estado brasileiro, especialmente no âmbito do Sistema de Justiça. As investigações conduzidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Procuradoria-Geral da República (PGR) e Polícia Federal (PF), corroboradas por reportagens do Jornal Grande Bahia (JGB), evidenciam uma estrutura estatal corrompida desde sua origem até as práticas cotidianas.

A amplitude dos aspectos envolvidos no Caso Faroeste parece ser ilimitada, como destacado na revelação feita por uma fonte do JGB. Segundo essa fonte, houve uma grave adulteração processual com o intuito de despojar os legítimos herdeiros das terras da antiga Fazenda São José, em Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia. Essa manipulação teria incluído a remoção de dezenas de páginas da Ação de Reintegração de Posse de nº 0000157-61.1990.8.05.0081, que, segundo a fonte, favoreciam os interesses dos herdeiros do casal Ribeiro de Souza.

Para uma compreensão mais aprofundada da narrativa, é fundamental revisar alguns aspectos históricos do Caso Faroeste.

Os Registros Cartoriais da antiga Fazenda São José

Os primeiros registros cartoriais das terras da antiga Fazenda São José, em Formosa do Rio Preto, revelam uma trama de fraudes e irregularidades que remontam ao final do Século 19 (XIX). Documentos históricos apontam para a compra das terras por Suzano Ribeiro de Souza em 1887, mas a morte do mesmo em 1890 e de sua esposa Maria da Conceição Ribeiro em 1908 desencadeou um processo de inventário que expõe uma série de questionamentos sobre a legitimidade dos herdeiros e a validade das escrituras subsequentes.

O casal deixou como herdeiros:

  • Antônia Ribeiro de Souza (à época, casada com Luiz Ribeiro de Souza);
  • Raimundo Ribeiro de Souza, 18 anos;
  • Joana Ribeiro de Souza, 17 anos;
  • Maria Ribeiro de Souza, 8 anos; e
  • Domingos Suzano Ribeiro, 6 anos.

A análise realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) evidenciou que as matrículas cartoriais nº 726 e 727, utilizadas pelo Grupo Econômico dos Okamoto e sucessores, eram fruto de fraudes, baseadas em documentos falsificados que atestavam o óbito de Suzano Ribeiro de Souza e o inventário fraudulento do casal.

O início da disputa judicial

Há quatro décadas, a antiga Fazenda São José, com seus cerca de 360 mil hectares localizados em Formosa do Rio Preto, no Oeste da Bahia, está no centro de uma disputa judicial. O imóvel, cuja extensão equivale à área do município de Salvador, é alvo de um litígio que envolve posse, propriedade e exploração comercial.

A Ação de Reintegração de Posse de nº 0000157-61.1990.8.05.0081, movida pelo casal José Valter Dias e Ildeni Gonçalves Dias contra o Grupo Econômico dos Okamoto e outros, teve início em 1990 na Comarca de Santa Rita de Cássia e hoje está em julgamento na Comarca de Formosa do Rio Preto.

O processo, iniciado com o pagamento das custas processuais em 1985, evidencia a complexidade do conflito fundiário, que envolve questões como usucapião, escrituras fraudulentas e disputas por áreas ainda não exploradas comercialmente. A incapacidade do Poder Judiciário Estadual da Bahia em resolver as questões relacionadas à legitimidade dos herdeiros do Casal Souza e ao reconhecimento de escrituras fraudulentas tem contribuído para a prolongação do litígio, gerando instabilidade econômica, social e política na região.

A descoberta da corrupção

O Caso Faroeste surge como um marco na história do sistema judiciário baiano. Originado a partir dos relatos de fraudes no processo de disputa fundiária da antiga Fazenda São José, ganhou proporções inimagináveis ao ser investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2019. O que se descobriu foi um vasto esquema de corrupção que envolvia membros do Poder Judiciário Estadual, Ministério Público, Executivo, Legislativo, advogados e empresários.

A investigação, que agora está nas mãos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF), revelou um intricado jogo de propinas e favorecimentos em processos judiciais, ultrapassando em muito o caso inicial que envolvia a Fazenda São José. O Inquérito 1.258/DF, que reúne todas as informações sobre o caso, desvela crimes como corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, além da participação em organização criminosa.

A operação teve início em novembro de 2019, com a deflagração da 1ª fase da Operação Faroeste. Desde então, diversos membros do sistema judiciário baiano foram alvos de ordens judiciais de busca, apreensão e até mesmo prisão, evidenciando a gravidade e a extensão do esquema criminoso.

A corrupção como norma estatal

O aumento do sigilo dos documentos e a perseguição aos veículos de imprensa e jornalistas que reportam os acontecimentos relacionados ao Caso Faroeste revelam uma clara decadência ética no Sistema de Justiça brasileiro. Instituições como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros órgãos encarregados da investigação e processamento dos envolvidos em possíveis atos de corrupção optaram por restringir o acesso à informação, tornando mais difícil para o público compreender os detalhes do escândalo.

Essa postura contribui para a percepção de que a corrupção se tornou a norma dentro do Sistema de Justiça do país, minando a confiança da população nas instituições encarregadas de garantir a aplicação imparcial da lei e a justiça. Em vez de promover a transparência e a prestação de contas, essas ações corroboram a ideia de que interesses obscuros prevalecem sobre o interesse público, corroendo os pilares fundamentais da democracia.

Próximo capítulo

O Capítulo 170 do Caso Faroeste promete expor evidências concretas da retirada de páginas cruciais da Ação de Reintegração de Posse nº 0000157-61.1990.8.05.0081, lançando luz sobre a manipulação do processo. Petições atuais pressionam o Poder Judiciário Estadual da Bahia (PJBA) por esclarecimentos sobre essas ações, revelando uma nova fase nas investigações sobre a disputa pela Fazenda São José.


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